Quando se fala em criança com língua presa, é possível imaginar apenas na dificuldade de articular as palavras, porém será que é apenas essa a consequência? Como e em qual momento é pode-se identificar o problema?

A “língua presa” é o frênulo lingual (estrutura anatômica que prende a língua ao assoalho da boca) mais curto que o normal, o que acaba atrapalhando o movimento da língua. O nome científico desta estrutura é anquiloglossia. Os sintomas da língua presa podem aparecer logo após o nascimento do bebê não consegue fazer a pega no seio materno ao tentar mamar. 

O bebê também pode não ganhar peso, o que deve ficar como sinal de alerta aos pais e ao pediatra. Além disso, pode gerar desconforto e acabar desestimulando o aleitamento materno.

De acordo com a fonoaudióloga do Grupo Essencial Saúde, Danielle Santiago,  o problema pode interferir também na maneira de falar e comer e prejudica o desenvolvimento dos dentes. Alguns estudos apontam que a anquiloglossia pode ser responsável por alterações do crescimento craniofacial, promovendo más oclusões dentárias.

“O frênulo mais curto pode causar impacto diretamente na fala e na deglutição, limitando o movimento da língua e comprometendo cerca de 1 em 10% dos recém-nascidos, acometendo mais o sexo masculino. O diagnóstico da língua presa é feito ainda na maternidade, onde o fonoaudiólogo em conjunto com o otorrinolaringologista avaliam a cavidade oral do bebê”, afirma.

Ainda de acordo com a fonoaudióloga geralmente os pais devem aguardar até os cinco anos para a criança adquirir o fonema /r/.

“Muitas vezes é o último a ser adquirido pela criança. Esta idade é considerada um marco, pois é quando se espera que a criança complete a aquisição da linguagem oral. Como a aquisição acontece de forma diferente de criança para criança, há aquelas que falarão o /r/ muito antes desta idade. Se realmente a única dificuldade na fala é a troca do /r/ pelo /l/, os pais podem aguardar até os cinco anos para ver se seu filho adquire este fonema naturalmente. Caso isso não ocorra, um fonoaudiólogo deve ser consultado para realizar o tratamento personalizado e específico para cada caso”, explica Danielle Santiago.

Tratamento ou cirurgia

Quando não há alteração anatômica, o tratamento é realizado com exercícios nas terapias fonoaudiológicas. A necessidade de cirurgia ocorre em caso de “língua presa”. Nesse caso, o único tratamento para os casos de encurtamento do frênulo é a cirurgia chamada de frenectomia lingual que consiste na remoção total ou parcial do freio lingual a fim de que a língua possa voltar às suas funções normais ou o mais próximo do que se tem do normal. A frenectomia é eficiente para melhorar a mobilidade e a postura da língua, assim como suas funções, incluindo a produção da fala