Livro de memórias que inspirou minissérie da Netflix indicada ao Emmy revela a busca de uma jovem judia por seu lugar no mundo
Instigante e catártico, Nada ortodoxa é o livro que deu origem à minissérie homônima da Netflix — um dos hits do início da quarentena imposta pela pandemia. O livro de memórias de Deborah Feldman chega ao Brasil pela Intrínseca em setembro, com posfácio escrito pela autora contando mais sobre o processo de criação da série oito anos depois do lançamento original do livro. Nele, Deborah conta como a adaptação foi importante para representar todas as pessoas que se sentem oprimidas.
Em uma narrativa forte e crua, Deborah Feldman lança luz ao funcionamento de grupos religiosos ortodoxos que costumam ser tanto misteriosos quanto intrigantes para quem vê de fora. Por meio de sua impressionante história de fuga da repressão, em busca de autoconhecimento, Nada ortodoxa fala de liberdade e independência, mas também de laços e senso de pertencimento, levando o leitor a refletir sobre o equilíbrio tênue entre essas noções.
Deborah Feldman cresceu sob um código de costumes rígidos, que regulavam praticamente tudo que dizia respeito à sua vida, desde o que ela poderia vestir e com quem poderia falar, até o que lhe era permitido ler. Integrante de um grupo de judeus hassídicos — corrente ultraortodoxa da religião — e criada pelos avós, cuja lealdade às tradições muitas vezes intrigava a mente curiosa da jovem, Deborah lia escondido volumes de Jane Austen e Louisa May Alcott para imaginar uma vida alternativa entre os arranha-céus de Manhattan.
Ao fim da adolescência, submetida a um aspecto comum a diversas tradições conservadoras, Deborah se vê presa em um casamento disfuncional com um homem que mal conhece. O isolamento e a intransigência da comunidade deixam o jovem casal despreparado para o relacionamento, bem como para as responsabilidades paternas que se seguem. Quando consegue enfim se afastar do bairro onde sempre morou e organizar uma rotina com algumas liberdades, a tensão entre os desejos e os compromissos religiosos de Deborah aumenta. Até que, farta de ver o marido colocar a estrita observância da tradição acima do bem-estar da família, ela decide abandonar tudo que um dia chamou de vida.
A minissérie foi inspirada neste processo de libertação relatado com emoção por Deborah Feldman e, para fortalecer a dramaticidade da invenção de uma nova vida, repleta de dúvidas e desafios, o roteiro lança mão de alguns fatos que aconteceram na comunidade hassídica de Deborah em sua juventude e apresenta uma nova protagonista, Esty, livremente inspirada na autora. A adaptação audiovisual de Nada Ortodoxa foi indicada a oito Emmys, incluindo Melhor Minissérie e Melhor Atriz de Minissérie.
DEBORAH FELDMAN foi criada em Satmar, uma comunidade hassídica no Brooklyn, em Nova York, e atualmente mora com o filho em Berlim. Seu primeiro livro, Nada Ortodoxa, inspirou a série homônima da Netflix, lançada em 2020.
NADA ORTODOXA, de Deborah Feldman
Tradução: Cássio de Arantes Leite
Editora: Intrínseca
304 páginas
Impresso: R$ 44,90
E-book: R$ 29,90