Uma década antes de as parcerias predominarem nos lançamentos musicais, Ivete Sangalo investia no “Feat.” como brilhante fórmula para levar seu ecletismo musical a novos terrenos sonoros. E mesmo quando duetos se tornaram a palavra da vez, a artista mais popular do Brasil consegue surpreender com EP que ela lança em colaboração com dois dos principais artistas pop da nova geração, os paulistas Vitão e Jão.

São duas músicas que apresentam-na em mais uma de suas competências artísticas, no pop romântico e urbano, linhas em que os dois levam as próprias produções.

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“Me Liga” é a parceria com Jão, onde sob dominante base de violão que faz a marcação percussiva, eles dividem microfone em encaixe irretocável de timbres. “Pode deixar/ Pode confiar/ Se eu não te tenho/ Não quero ter ninguém/ (…)Você foi para a cidade grande/ Meu quarto ficou tão pequeno/ Já deve ter achado alguém/ Mas não te condeno”, cantam com a experiência de terem nascido fora de capitais – Ivete em Juazeiro (BA), e Jão em Américo Brasiliense (SP).

“A Ivete é uma coisa, um acontecimento. Ela me mandou um vídeo de quinze segundos cantando ‘Me Liga’, eu fiquei um tempão no quarto ouvindo em loop. Sempre quis juntar nossas vozes e aconteceu da maneira mais linda”, diz Jão.

Com Vitão, foi a própria Ivete que escolheu a música entre composições dele e tomou a atitude do convite. “Fiquei em choque quando me ligaram e disseram que ela tinha escutado e que queria gravar comigo. E ainda mais honrado em poder cantar com ela. A música ficou bem pop e com uma pegada de Salvador, de carnaval, que permite caminhar por muitos ambientes”, afirma Vitão.

“Na Janela” é bem resumida pelo cantor. O vocal em métrica Hip Hop, que caracteriza a obra do paulistano, ganha reforço percussivo baiano, o que resulta em uma canção solar e energética, sem perder um traço sequer de melodia.

As duas foram “lançadas” na Live Leve, que Ivete fez em homenagem ao Dia das Mães, no domingo (10). Apresentações que vem mostrando outra competência da cantora – gravadas na casa da própria, na Praia do Forte (BA), mostram explicitamente que o que ela é na TV, rádio, cantando, dançando, no trio elétrico, é um resumo do que ela é em casa.

E as duas canções marcam, novamente, esta fase mais reclusiva de 2020, em que estamos tanto isolados quanto contando com o suporte dos outros. Basta olhar o que Ivete já soltou no ano – parcerias com Ludmilla, Sarajane, Whindersson Nunes, Silva e Tom Kray. Agora mais uma na conta que começou com “Duetos”, em 2010, e que traduz o melhor que a música brasileira produziu desde que o P de Pop entrou entre o M de música e o B de Brasileira.