Explorando mais profundamente a potencialidade das fusões com o rap, essa balada rock indie dos anos 2000 aposta em uma estética sonora de dream pop para trazer uma doce mas também pulsante mensagem sobre términos e o desejo de encontrar o amor verdadeiro sorrindo

Ouça aqui: https://youtu.be/A2M-e_ZACx0

“Quem Será?” é o novo single da Colibri, projeto do cantor Zé Neto, que conta com a participação especial de Vandal, rapper baiano. Gravada em 2020, num isolamento criativo, é a primeira parceria entre os dois artistas do Cremenow Studio.

Explorando mais profundamente a potencialidade das fusões com o rap, essa balada rock indie dos anos 2000 aposta em uma estética sonora de dream pop para trazer uma doce mas também pulsante mensagem. A letra sugere que a pessoa já não sente a presença do outro e que isso tem causado desarmonia, fala sobre o desejo de encontrar a pessoa amada sorrindo e não competir com ela.

O verso de Vandal traz uma perspectiva um pouco diferente, sugerindo que o narrador não quer perder a pessoa amada, mas que ela parece estar decidida a ir embora e o impacto disso em sua vida é evidenciado. Traz, ainda, um contraste interessante com o refrão da música, que despenca de uma nuvem de texturas psicodélicas para uma feição mais reflexiva e romântica. O papo é reto: se não for pra rir e fazer sorrir, devemos ir embora.

“Quem Será?” termina com uma interrogação cantada em voz visceral que beira a contradição com o refrão mais idealista, denotando a dualidade dos sentimentos humanos em suas nuances.

“Eu tinha acabado de sair de um longo relacionamento que me fez amadurecer bastante e, bem nessa época, meu pai foi diagnosticado com câncer. Nesse som, como em vários do próximo CD, sou eu tentando fazer sentido de um período denso da minha vida. Impressionante como Vandal percebeu tudo isso e escreveu com uma cumplicidade enorme”, relata Zé Neto, cantor da banda, autor da letra e melodia, nos aprofundando nas suas inspirações naquele momento.

“Nesse período eu estava sem escrever há um tempo e todo o processo na casa foi muito importante para aquecer essa criatividade. Sem contar que uniu muito mais todo mundo que tava presente. Eu tenho um carinho enorme por essa música, acredito que ela é uma das melhores do ano”, ressalta Vandal sobre a experiência de compor e conviver com a Colibri.

SOBRE A BANDA

Contemplar os mistérios dos sentimentos e experiências humanas com sensibilidade e clareza para entender seus impactos é um traço vivo da música e poesia da Colibri(@cantodecolibri), grupo formado, em 2017, por José Neto (voz, guitarra-rítmica e synths), Levi Vieira (guitarra-solo), Rodrigo Santos (synths, guitarra e teclados) e Tiago Simões (baixo e samples) do Cremenow Studio. Gerou frutos em forma de singles, como Fria Demais, Sossego e Otherside, além de um disco intitulado Canto de Colibri, parcerias com outros artistas (Tangolomangos, Hiran, Vandal, Galf AC) e uma série de apresentações em festivais, casas de show, teatros e performances online. Uma de suas características mais marcantes são os eventos experimentais, incluindo especiais de lançamentos para clipes e apresentações multi-linguagem com performances e instalações.

O reconhecimento enquanto artistas independentes vem desde o primeiro lançamento, tendo figurado inclusive entre a lista dos 100 melhores discos de 2019 pelo site Melhores da Música Brasileira. Sua assinatura sonora é marcada por uma produção rica em detalhes que brotam das melodias cheias de nuance que se enlaçam num arranjo experimental e progressivo que ousa em seu sentimentalismo sem derivações, com letras que denotam desde reflexões mais profundas até uma narrativa corriqueira e sensível que toma proporções às vezes ácidas. As canções mais novas tendem a infusionar guitarras de um jeito peculiar com as texturas sonoras quentes de violões, sintetizadores, gravações – caseiras ou in loco – e o minimalismo rítmico da bateria (ora eletrônica, ora instrumental). Traz agora escolas marcantes dos anos 80 como o pós-punk, dream-pop e shoegaze na mesma filosofia de incorporação antropofágica de seu primeiro álbum, embora não como adaptação ou releitura – mas, sim, em reafirmação dessas influências como ferramentas de expressão livre, pontos de amarração semiótica com a bagagem emocional do ouvinte e o consciente coletivo.