Envolver a criança no planejamento das atividades é fundamental para ajudar no processo das férias
As férias de julho chegaram e os pais logo precisam de tempo para ocupar os dias dos filhos durante esse período. Os pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) também passam por essa mesma situação, porém com um desafio a mais, pois tudo precisa ser planejado com um cuidado especial.

Isso porque, para quem está dentro do espectro, o recesso escolar representa uma grande quebra de ritmo no dia a dia. Se a criança está acostumada com a familiaridade e a consistência da rotina, ela pode ter dificuldade de lidar com a sensação de liberdade proporcionada pelas férias.

De acordo com a Psicomotricista da Clínica Ninho, Manoela Marques, é possível encarar essa quebra de ritmo como algo positivo, pois há benefícios que surgem com o recesso. “Apesar da importância da rotina para muitas crianças com TEA, uma quebra nos padrões pode ser um aprendizado, ajudando-a a se adaptar a esse tipo de situação e expandindo suas habilidades e interesses. Ou seja, ela ganha um pouco mais de maturidade quando têm de lidar com mudanças desse tipo”, afirma a especialista.

Para estimular esse comportamento é preciso envolver a criança no planejamento das atividades das férias e deixar claro em um calendário o início e o fim desse período, mostrando porque as coisas serão daquela forma durante um tempo.

A comunicação é fundamental e deve ser construída aos poucos. “Os pais podem tentar eliminar as prováveis surpresas, anotando cada atividade do dia no papel e estabelecendo horários. Assim, a criança será antecipada  das mudanças que virão e ter uma representação visual que a ajudará nesse processo, diminuindo sua ansiedade”, afirma Manoela Marques.

Outro detalhe fundamental é que, antes de visitar museus, parques ou livrarias, por exemplo, os pais podem mostrar com detalhes para seu filho como será o trajeto até o local, o que eles vão comer, quanto tempo irão ficar lá e por qual motivo aquele passeio foi escolhido.

Ainda de acordo com a especialista, as informações podem ser contadas em formato de “histórias sociais”, essa é uma forma válida para preparar crianças para um determinado acontecimento. “Essas histórias funcionam como uma espécie de guia escrito e ilustrado, que descreve situações sociais e comportamentos esperados. Se pensarmos que viagens mais longas podem ser bem estimulantes e estressantes para crianças dentro do espectro, vale ainda mais a pena montar uma história social com imagens dos lugares que serão visitados e dos parentes que estarão lá”, enfatiza a Psicomotricista.

Cuidado com o excesso

Alguns pais procuram ocupar todos os dias das férias com atividades, pois o tempo ocioso pode deixar o filho ansioso. Porém o equilíbrio é fundamental, porque cada criança tem seus limites e é preciso ser respeitado. Momentos de diversão que estimulam muito os sentidos podem ser perfeitos, sem deixar de lado os momentos igualmente importantes de relaxamento e descanso.

“As férias também podem e devem ser prazerosas dentro de casa. Há jogos de tabuleiro e baralho, livros de colorir, filmes, contar e encenar estórias, fazer uma sobremesa juntos, banhos de mangueira, músicas, quebra-cabeças e várias outras atividades que podem ser realizadas pelas crianças que quiserem um pouco de tranquilidade no fim do dia ou simplesmente preferirem ficar dentro de casa na maior parte do tempo. O fundamental é que a rotina para as férias agrade todos os membros da família e seja tranquila de lidar, ajudando a fortalecer o vínculo entre pais e filhos”, finaliza Manoela.