Foto: Hugo Dubeux

Performance será lançada no domingo (11/04), às 20h, com acesso aberto ao público pela plataforma digital Vimeo; em seguida haverá uma live no Instagram com as artistas realizadoras

Reinventando-se através do audiovisual como uma potente ferramenta de aproximação com o público durante a pandemia, visto que o setor cultural está impossibilitado de realizar apresentações presenciais devido ao necessário isolamento social, um grupo de mulheres artistas da Dança irá lançar no domingo (11/04), às 20h, na plataforma digital Vimeo, a videodança “Entranhas Marcas”, com cerca de 20 minutos de duração e acesso aberto ao público. Após a exibição do curta, às 20h30, haverá uma live em formato de debate entre as realizadoras no Instagram @entranhas.marcas, quando a plateia virtual poderá interagir enviando comentários e perguntas. Com direção colaborativa e criação conjunta, o elenco composto pelas dançarinas e performers Drica Ayub, Isabela Severi e Silvia Góes, direção de fotografia/filmagem de Flora Negri e trilha de Conrado Falbo, o projeto conta com o apoio da Lei Aldir Blanc no Edital de Criação, Fruição e Difusão LAB PE.

A videodança “Entranhas Marcas” escancara as cicatrizes, as marcas da violência incitada pelo sistema patriarcal e colonial que historicamente silencia, invisibiliza, fragmenta e poda o movimento das mulheres em suas mais intrínsecas relações sociais, políticas e afetivas. É sobre o corpo-mulher como reflexo das agressões também impressas na Mãe Terra, nas fontes naturais cada vez mais escassas pelas ações desse mesmo sistema capitalista que destrói, explora e chancela o desequilíbrio ambiental. A performance é um desabafo, um grito, uma real necessidade de insurgência para a construção de novas possibilidades de mundos que entrelacem a existência humana, os corpos femininos e a natureza de forma mais harmônica.

“Há tempos, vivemos uma conjuntura extremamente violenta, principalmente para nós mulheres, que muito se acentua com a pandemia e o contexto político. A cultura machista com sua lógica hegemônica e homogeneizante, nos rasga muitas cicatrizes que são riscadas nos corpos físico, emocional, mental e também espiritual”, contextualiza Drica Ayub. “Assim como nossos corpos, a Terra sofre há centenas de anos a agressão humana registrada em escaras profundas em sua paisagem e dinâmica. É verdade que nossas marcas nos compõem, porém a ameaça à vida pode estagnar o seu fluxo e nos congelar; paralisar o que necessita de movimento para seguir e evoluir”, complementa Isabela Severi. “Mesmo isoladas, é urgente penetrarmos a essência criadora e potente que em nós habita a partir do movimento inerente da alma-corpo, restaurar o fluxo natural da vida para sermos capazes de sonharmos e criarmos futuros melhores e mais bonitos”, conclui Silvia Góes.

Além de mergulharem em estudos sobre o tema do trauma e das agressões humanas à Terra, as artistas explicam que desenvolveram a dramaturgia a partir de um mergulho para dentro de si mesmas, quando se dispuseram a imergir, sentir e acessar as suas entranhadas marcas, assim como também na troca de experiências e na escuta de narrativas de amigas e alunas que relataram suas dores traumáticas. As sessões de investigação e criação da videodança aconteceram ainda paralelamente a um outro projeto de pesquisa que reunia, pela plataforma Zoom, um grupo de mulheres diversas. O “Ciclo Investigativo: das cicatrizes às insurgências” foi um convite para investigar e cartografar as marcas do corpo-mulher por meio de práticas terapêuticas e de movimentos provocados pelas artistas, onde reuniam elementos das somáticas e do Movimento Autêntico e da improvisação, explorando possibilidades de novas realidades de si e do mundo.

Nesta jornada investigativa concomitante e paralela, o grupo realizou a gravação da performance com cenas no Engenho Pombal, situado no município de Vitória de Santo Antão, Zona da Mata de Pernambuco, e também na Praia de Xaréu, Cabo de Santo Agostinho, no Litoral Sul do Estado. O resultado da videodança se propõe a desbravar e escancarar as cicatrizes das mulheres e da Terra, em uma relação filosófica, epistemológica e brutalmente profunda. “Há uma necessidade de olhar essas dores em coletiva para transpormos a estática com a estética e transformarmos em poética o que nos congela para, assim, movermos corpos e mundos; para movermos e mudarmos o mundo”, frisam as intérpretes-criadoras. 

PROGRAMAÇÃO – Além do lançamento da videodança “Entranhas Marcas” seguido de live com as artistas, que acontecerá às 20h do domingo (11/04), na quinta-feira anterior (08/04), também às 20h, as dançarinas farão uma live pelo perfil do Instagram @entranhas.marcas e pelos seus perfis pessoais (@isabelaseveri, @drica.ayub e @silvinha_goes) com algumas convidadas (Gabi Holanda, Duda Freire e outras) para conversar a respeito da temática arte-ambiente-corpo. Já no sábado que antecederá o lançamento (10/04), às 20h, as artistas abrirão uma sala na plataforma Zoom para uma conversa mais ampla e com mais vozes sobre as interseccionalidades nas artes de discursos políticos essenciais, como o corpo da mulher que sofre múltiplas formas de violência, as corpas pretas e a sua invisibilidade, o meio ambiente e tantas questões que perpassam as artes de mulheres e homens de nossa contemporaneidade. Nomes ainda a confirmar. 

Sobre Drica Ayub – Drica Ayub é mãe de Ian, pesquisadora da vida, artista das artes do corpo, especialista em Dança pela Faculdade Angel Vianna, terapeuta corporal, palhaça, quase arteterapeuta, aromaterapeuta, estudiosa da agroecologia e música e bióloga de formação. Há mais de 10 anos se dedica às práticas de presença, amalgamando processos de vida-arte, incluindo a maternagem. Está em processo formativo como facilitador do Movimento Autêntico e também como Terapeuta pela experiência somática. Atualmente, sua pesquisa se direciona ao mundo do sonhar, em suas diversas tradições e reverberações, e também às memórias/marcas que nos constroem, sobretudo os corpos femininos. 

Sobre Isabela Severi – Artista da Dança, arte-educadora, especialista em Dança Educacional e Artes Cênicas e educadora/terapeuta somática pelo método Body Mind Movement Brasil. Desde 2014 pesquisa e se dedica à prática e aos estudos do Movimento Autêntico e atualmente está em processo de formação em Experiência Somática – SE e na Psicologia Formativa. Passou por companhias como a Criart Cia de Dança e a Compassos Cia de Dança e hoje se dedica aos estudos das práticas somáticas e investigativas, trabalhando com grupos diversos em processos de apropriação do corpo e de suas subjetividades. Acredita na dança como potência de cura, ferramenta política e de construção de novas realidades possíveis, e no processo arte-saúde-educação como caminho de resistência e devir.

Sobre Silvia Góes – Silvia Góes é artista do Coletivo Lugar Comum e da Coletiva de Palhaças Violetas da Aurora. Pós-graduada em Dança pela Faculdade Angel Vianna (2011). Dançarina, atriz, pesquisadora, performer, palhaça, dramaturgista e poeta. Desde 2011, vem desenvolvendo uma série de trabalhos autorais nas artes cênicas. Entre suas criações, estão a pesquisa e dramaturgia do espetáculo de dança-teatro “Três mulheres e um bordado de sol” (Compassos/2014) e em “Segunda Pele” (Coletivo Lugar Comum/2016). Integra o elenco de Pontilhados (Experimental/2016), como atriz convidada e é autora do texto original e da recriação da obra em Porto Alegre e São Paulo, assinando ainda a pesquisa e dramaturgia. É uma das autoras do livro Motim: Paisagens e Memórias do Riso (2017) e integrou em 2017, como poeta convidada, o encontro internacional Raias do Pensamento – Travessias Íbero-Afro-Americanas da Crítica. Em 2019 assina a concepção e criação cênica e dramatúrgica do espetáculo Opá, uma missão, de Lívia Falcão.

FICHA TÉCNICA – VIDEODANÇA ENTRANHAS MARCAS

Concepção: Drica Ayub e Isabela Severi
Intérpretes-criadoras: Drica Ayub, Isabela Severi e Sílvia Góes
Pesquisa: Drica Ayub, Isabela Severi, Silvia Góes e Conrado Falbo
Produção: Drica Ayub e Isabela Severi
Direção de fotografia e filmagem: Flora Negri
Edição e montagem: Victor Germano
Trilha sonora: Conrado Falbo
Arte gráfica: Nathalia Queiroz
Assistentes de produção: Hugo Dubeux e Murilo Correia

SERVIÇO

*Lançamento da videodança “Entranhas Marcas” das artistas da Dança Drica Ayub, Isabela Severi e Silvia Góes.
Data: 
11 de abril de 2021 (domingo)
Horário: 
20h
Exibição virtual pela plataforma Vimeo: 
Ingressos gratuitos pelo sympla. Link na bio do perfil do Instagram @entranhas marcasAcesso: gratuito
Duração: 20 minutos
Classificação indicativa: 18 anos.

*Live para divulgação e conversa com tema: corpo-arte-ambiente. Dia 08/04, às 20h no perfil @entranhas.marcas

*Encontro no zoom com convidadas (a definir) e aberto ao público. Dia 10/04, às 20h.