Foto: Divulgação / TV Brasil

“Veganismo popular” é o tema do Caminhos da Reportagem inédito que a TV Brasil exibe nesta segunda-feira (18), excepcionalmente às 21h, antes da transmissão do jogo Ceará x América, pela Série B do Brasileirão. O programa mostra iniciativas e conversa com especialistas sobre a mobilização que busca acessibilizar o veganismo e desconstruir a ideia de que é preciso gastar muito para aderir a uma dieta vegana.

Pesquisa da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) indica que cerca de 30 milhões de pessoas se declaram vegetarianas no Brasil. Não há dados específicos sobre o veganismo, mas a estimativa é de que, desse total, pelo menos 7 milhões sejam veganas. O nutrólogo Eric Slywitch explica que o veganismo é um movimento filosófico, cultural e político que vai além de uma alimentação baseada em plantas. “O vegano é uma pessoa vegetariana estrita, só que além da alimentação, ele vai inserir no seu dia a dia tudo que está associado com a questão animal. Então, ele vai evitar vestimentas, cosméticos testados em animais, tudo que tenha alguma condição de exploração animal no seu meio”.

O ativista e comunicador Eduardo dos Santos mora no Parque Itajaí, periferia de Campinas, interior de São Paulo, e há nove anos tornou-se vegano. Ele e o irmão gêmeo Leonardo, também vegano, criaram uma página nas redes sociais para falar sobre o tema. Atualmente, o perfil “Vegano Periférico” conta com mais de 300 mil seguidores. “Você se depara com uma quantidade enorme de pessoas propagando o veganismo de uma forma completamente excludente e desconectada de uma realidade periférica. (…) E aí a gente falou: ‘Vamos criar uma página sobre veganismo popular, sobre veganismo periférico. A gente mostra que é possível, posta lá os pratos que a gente come, da onde a gente veio’”.

Já a culinarista Mara Lima Estevam, conhecida como Marocas Vegan, encontrou no veganismo uma outra forma de trabalhar e, também, de cuidar da própria saúde. “Eu era obesa mórbida e quase não me movimentava (…) Hoje eu já pratico corrida, já faço competições, a saúde está super ok”. No início, ela achava que o veganismo era algo inacessível, devido ao preço dos produtos veganos industrializados. “Não necessariamente nós precisamos ter os queijos na mesa, os hambúrgueres na mesa. Tem outros produtos, outros sabores e também produtos mais baratos, mais em conta, que nós podemos fazer com
aquilo que temos na nossa horta”, explica.

Conscientizar a população de baixa renda sobre o consumo de alimentos saudáveis é a missão do Instituto Prato Verde Sustentável. No Jardim Filhos da Terra, periferia de São Paulo, o projeto transformou um terreno abandonado em uma horta agroecológica, que produz cerca de 40 toneladas de alimentos por ano. O educador ambiental Wagner Ramalho é coordenador do Instituto e acredita que seja necessário combater a fome nas periferias, para que as pessoas possam escolher o que querem comer. “Chico Mendes falava: ‘Ecologia sem luta de classes é jardinagem’. Então, é a mesma coisa: veganismo sem uma luta de classes… O que a gente vai fazer, vai deixar as pessoas morrerem de fome? Não! Primeiro a gente dá acesso pras pessoas, mas também informação, e depois a gente vem com uma capacitação. (…) A gente tá querendo diminuir os desertos alimentares e nutricionais que tem dentro de uma periferia. A gente tem que dar autonomia e soberania alimentar pras pessoas, para depois estarem com a barriga cheia e com energia para escolher o que elas vão comer”.

Além do trabalho de ativistas por uma alimentação saudável, outras ações buscam conscientizar as pessoas sobre o impacto do consumo de produtos de origem animal. A campanha “Segunda Sem Carne”, realizada em mais de 40 países, é um destes trabalhos. A ação foi o primeiro contato da nutricionista Alessandra Luglio com o tema. “No Brasil, a gente tem o maior número de refeições do mundo, é a maior campanha do mundo, servida por conta dessa parceria com prefeituras, com municípios em que se faz a ‘Segunda Sem Carne’ nas escolas, em alguns hospitais, nos programas de alimentação popular, como o Programa Bom Prato. (…) Um dia sem comer nada de origem animal, você reduz a sua emissão de CO2, o uso de terra, a produção de grãos em sistema de monocultura, o uso de agrotóxicos e também a questão da água”.

Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) aponta que o consumo de carne bovina impacta 18 vezes mais o uso da terra do que uma dieta à base de plantas. Uma dieta com menos carne poderia economizar 720 trilhões de litros de água e poupar mais de 800 milhões de hectares. Para a ativista Nina Rosa, que deixou de comer carne nos anos 1970, o crescimento do agronegócio e das áreas de pastagem no Brasil está diretamente ligado ao desmatamento e aos incêndios em áreas de preservação. “Foi fabricada uma ideia, porque interessava aos interessados, que o Agro seja, que o Agro resolve, que o Agro fornece. Muito pelo contrário, está destruindo o planeta. (…) Tem que haver transformações, tem que haver maior comprometimento e trabalho dos órgãos públicos, tem que haver punição das pessoas que estão literalmente colocando fogo no Brasil”.

Ficha técnica
Produção e reportagem: Sarah Quines
Apoio à produção: Thiago Padovan
Apoio operacional à produção: Acácio Barros e Lucas Cruz
Reportagem cinematográfica: Alexandre Nascimento e Jefferson Pastori
Apoio à reportagem cinematográfica: JM Barboza
Auxílio técnico: Eduardo Domingues, João Batista de Lima, Jone Ferreira e Wladimir Ortega
Edição de texto: Thiago Padovan
Edição e finalização de imagem: Rodrigo Botosso
Pesquisa de acervo: Fábio de Albuquerque
Assessoria: Maura Martins
Design: Caroline Ramos
Videografismo: Alex Sakat

Sobre o programa

Produção jornalística semanal da TV Brasil, o Caminhos da Reportagem leva o telespectador para uma viagem pelo país e pelo mundo atrás de pautas especiais, com uma visão diferente, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos.

No ar há mais de uma década, o Caminhos da Reportagem é uma das atrações jornalísticas mais premiadas não só do canal, como também da televisão brasileira. Para contar grandes histórias, os profissionais investigam assuntos variados e revelam os aspectos mais relevantes de cada assunto.

Saúde, economia, comportamento, educação, meio ambiente, segurança, prestação de serviços, cultura e outros tantos temas são abordados de maneira única. As matérias temáticas levam conteúdo de interesse para a sociedade pela telinha da emissora pública.

Questões atuais e polêmicas são tratadas com profundidade e seriedade pela equipe de profissionais do canal. O trabalho minucioso e bem executado é reconhecido com diversas premiações importantes no meio jornalístico.

Exibido às segundas, às 23h, o Caminhos da Reportagem tem horário alternativo na madrugada para terça, às 4h30. A produção disponibiliza as edições especiais no site http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhosdareportagem e no YouTube da emissora pública em https://www.youtube.com/tvbrasil. As matérias anteriores também estão no aplicativo TV Brasil Play, disponível nas versões Android e iOS, e no site http://tvbrasilplay.com.br.

Serviço

Caminhos da Reportagem – segunda-feira, dia 18/11, às 21h, na TV Brasil
Caminhos da Reportagem – segunda-feira, dia 18/11, para terça-feira, dia 19/11, às 5h, na TV Brasil

Site – https://tvbrasil.ebc.com.br
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