A Uptown Blues Band, banda pioneira da cena de blues no Nordeste, se prepara para lançar o seu mais recente trabalho com um grande show, cheio de participações especiais, neste domingo, dia 9 de dezembro, às 18h, no Teatro RioMar. O novo álbum, intitulado “Uptown Band & Friends – 21 anos de Blues – 1997 – 2018”, marca os 20 anos de estrada da banda, chegando às mãos do público como um atestado da maioridade que a Uptown atingiu ao atravessar as encruzilhadas que o blues proporcionou. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Formada por Adriana Papaleo (voz), Giovanni Papaleo (bateria), Ed Staudinger (teclados), Emerson Andrade (contrabaixo), Lenon Lazaro (guitarra) e Thomaz Lera (guitarra e voz); e ainda com frequentes participações dos músicos Jackson Rocha Jr (contrabaixo), Daniel DaniBoy Diniz (guitarra), Jackson Rocha Jr. (baixo) e João Vilela (gaita), nessa longa trajetória muitos músicos cruzaram o caminho da banda e dividiram o palco durante turnês. Parcerias que renderam trabalhos musicais e grandes amizades. Por isso, muitos deles estão presentes neste trabalho coordenado pelo produtor e baterista Giovanni Papaléo, líder da banda, que contou, como ele próprio diz, com “a big help from our friends”.
No show de lançamento, marcam presença, como convidados especiais, os músicos Derico Sciotti, Lancaster e George Israel. No palco, ao longo do show, outros amigos abrilhantam o trabalho, são eles: João Netto, Samucka, Adilson Bandeira e Anderson Galindo.
Em 20 anos de história, praticamente todos os músicos brasileiros do segmento e grandes nomes internacionais já tocaram com a Uptown ou participaram de eventos produzidos pela banda, como é o caso dos premiados Airto Moreira, Roberto Menescal e Rick Estrin, este ganhador do prêmio de banda do ano do 2018’s Blues Music Award com os The Nightcats, concedido pela The Blues Foundation. Assim, as parcerias vistas em todas as faixas do disco só enriquecem o trabalho, tornando o novo álbum da Uptown superlativo, em todos os sentidos.
Um disco tão ousado somente foi possível graças a amizades que não conhecem limites e a tecnologia digital. Isso porque o álbum foi gravado e mixado no Mobile Estudio, de Emerson Andrade, com produção executiva de Giovanni Papaleo, que dividiu produção musical com Emerson Andrade, mas os músicos convidados tiveram a comodidade de gravar nos estúdios de suas preferências, doando seu tempo e seu talento à nobre causa. O percussionista Airto Moreira, músico que mudou a história da percussão, além de ter sido eleito por 40 vezes o maior percussionista do mundo pela Down Beat Magazine, considerada a bíblia do jazz, gravou sua participação em Los Angeles. O guitarrista Guy King, o pianista Donny Nichillo e o gaitista Billy Branch, cada um ao seu tempo, gravaram em Chicago, Meca do Blues Elétrico. As contribuições de Rick Estrin e de Mark Rapp também vieram dos United States. Cruzando o Atlântico vieram pela internet as participações da Europa de Bex Marshal e Femi Temowo (que tocou com Amy Winehouse, sim senhor), enviaram de Londres, e Raphael Wresnnig anexou o som do seu piano Hammond lá da Áustria.
E as participações não param por aí. As mais diversas vertentes do blues brasileiro se fizeram presentes no álbum!
Para animar ainda mais o público e seguir na missão de difundir o blues no Nordeste e no Brasil, durante o show de lançamento do disco serão realizados sorteios de instrumentos musicais. Com realização da Mix Music, a Pearl sorteará uma bateria e a Tagima uma guitarra! As lojas Broomer também participam da ação, sorteando uma camisa e uma calça jeans.
Parte da renda arrecadada com a bilheteria do show de lançamento será destinada ao restabelecimento do baixista Israel Silva, um grande amigo da Uptown que passa por problemas de saúde. Além da renda, a ideia é que o show sirva também como uma corrente de boas energias e gere novas ajudas.
História – A Uptown, já capitaneada pelo músico e produtor cultural Giovanni Papaleo, começou sua trajetória quando eclodia no Recife o movimento manguebeat, com o Rio Capibaribe sendo um estuário para o cruzamento de todas as culturas populares de Pernambuco – como o maracatu, o coco, a ciranda e o forró – com outras matrizes brasileiras, como o samba. Isso tudo se cruzando e incorporando o rock, o punk hardcore, o rap e – por que não? – o blues.
Os amigos que participaram do mais recente disco da Uptown são uma parte de um grupo que bate um bolão! E que por diversas ocasiões alguns desses craques jogaram juntos em projetos promovidos pela Uptown, como é o caso dos festivais Oi Blues by Night, Festival de Jazz de Garanhuns e o de Gravatá, e ainda no Jazz Porto, para citar alguns. Em todos eles, uma característica se manteve firme, a ideia de misturar nomes experientes e consagrados com jovens talentos, revelações do cenário blueseiro nacional e internacional. Essa mistura também está presente no trabalho inédito da Uptown, que segue firma na tarefa de ampliar as fronteiras geográficas do blues Nordeste afora, do Litoral ao Sertão.
20 anos depois do seu início, a Uptown continua sendo uma escola de blues. Não apenas porque forma músicos e proporciona intercâmbios entres bluesmen de vários continentes e latitudes, o que é uma de suas maiores virtudes. Vai mais além: forma novas plateias, inicia um público das mais diversas idades e classes sociais, fãs de um segmento musical que é feito de sentimento e verdade.
Faixa por faixa – Uptown Blues apresenta as suas credenciais na faixa que leva o seu nome, com um boogie woogie que abre com uma marcação de fanfarra militar, escrita por Papaleo. E conta a trajetória da Uptown, que tinha blues no nome mais “tocava rock”. “O tempo foi passando e muito se aprendeu/ O blues foi ensinando e a banda entendeu”. Uptown é uma banda de blues que também toca rock. E o refrão diz: “Agora eu sei o que é um blues”, mas lembra que a banda não esquece as influências de suas origens.
“Blues é Meu Negócio” é uma assinatura nos shows da banda. A música mais antiga do repertório e que praticamente lançou Adriana Papaleo como cantora. É uma versão para “The Blues is my Business”, consagrada por Etta James, cheia de energia, para levantar a plateia.
Em “Arrasta-pé”, a Uptown manda seguir o baile dançante, abrindo o salão para o espírito das big bands de onde surgiram alguns mitos do blues, com direito a solos de guitarras se alternando com os metais de Mark Rapp, Derico Sciotti, Leo Gandelman e Adilson Bandeira.
“Dust my Broom” ganha um animado arranjo de baião, mostrando mais uma das possibilidades de crossover da música nordestina com os sons do zydeco e do cajun do berço New Orleans, neste caso com a clássica canção de Robert Johnson.
“Diga Ôxe, Visse” é uma exaltação ao direito de cantar blues em português, e mais do que isso, com sotaque nordestino, pernambucano. Traz a sutileza da percussão de Airto Moreira com o piano do norte-americano Donny Nichillo e a guitarra de Fred Sunwalk.
“Eu e Minha Guitarra e Meu Cachorro” tem o espírito do blueseiro solitário, falando da solidão do bluesman que procura curar a sua dor com um bom copo de vinho, pois a ele só restaram a guitarra, o cachorro e a bebida. A canção apresenta um bom diálogo entre a guitarra base e a guitarra solo. É a primeira das três músicas autorais do guitarrista Thomaz Lera.
“Me Dá Um Beijo” mostra que a banda também sabe ser romântica, variando de um slow blues para o blues rockabilly, com um piano sacana, a la Jerry Lee Lewis. A música casa bem com a versão da banda para Negro Gato, com uma pegada retrô.
“My Babe” ganhou uma versão em português e virou uma bossa’n’blues, bem sincopada, com a participação do icônico Roberto Menescal dando o tempero brasileiro com o batera Claudio Infante ao blues de Willie Dixon, um dos geniais de Chicago e imortalizada por Little Water, aqui representado pela guitarra de Guy King e pela gaita de Billy Branch.“I’m in Trouble” é outra música com assinatura autoral de Thomaz Lera. Com uma pegada de tram blues, a faixa retrata o espírito do bluseiro que está encrencado e deseja que a mulher o perdoe e volte para casa. Quase uma concessão, é cantada em inglês pelo nova-iorquino Karl Dixon.
“Em Azul do Mississippi”, Thomaz Lera resume bem a trajetória da Uptown, uma banda que mergulhou no segundo maior rio dos Estados Unidos – corta-o de Minnesota, onde nasce no Lago Itasca, de norte a sul, indo desembocar no Golfo do México. Assim como a trajetória da banda, a água do Mississipi não é azul, mas foi nela que os músicos beberam na fonte do blues, para ofertar em troca um pouco de bossa nova e, também, forró, baião, e maracatu.
Música instrumental de autoria de Giovanni Papaleo, “Tema para um Comercial” fecha o disco e apresenta a Uptown com uma pegada mais jazzística, passeando por vários estilos do blues. As guitarras são divididas entre duas gerações: o veterano virtuoso argentino-brasileiro Victor Biglione com a revelação paulista Netto Rockfeller, com George Israel no sax.
De bônus, a Uptown ainda vai mais longe, ao oferecer uma fusão do blues com a música eletrônica de Dust My Broom, numa versão do DJ Freemarx
Serviço – Show de lançamento do novo disco da Uptown Band
Onde: Teatro RioMar (Av. República do Líbano, 251 – Pina, Recife)
Quando: 9 de dezembro
Horário: 18h
Ingressos: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia)
Vendas: site e bilheteria do teatro