Reflexões sobre as mudanças no mundo do varejo, do empreendedorismo e dos hábitos dos consumidores nortearam os temas do Congresso de Franquias e Varejo Norte e Nordeste realizado pela ABF – por meio de sua Regional Nordeste – entre os dias 12 e 13 de março no Teatro RioMar, na capital pernambucana do Recife.
No primeiro dia, o diretor regional da ABF no Nordeste, Leonardo Lamartine, como bom anfitrião, apresentou a casa aos participantes, mostrando a estrutura e as ações entre cursos e eventos da entidade em todo o País. Além disso, destacou os números do desempenho do Franchising nacional e do Nordeste.
Segundo o levantamento divulgado pela ABF, a Região Nordeste fechou o ano passado com 945 redes atuantes, o que representa um aumento de 12% em relação a 2018. Já em unidades, o mercado nordestino possui 16.350 pontos de venda. Esse número de unidades também acompanha o ritmo próspero, com uma expansão de 9% no faturamento, atingindo o patamar de mais de R$ 25 bilhões.
Para o consultor Carlos Ferreirinha, considerado um dos maiores especialistas do mercado de Luxo do País, exortou a todos sobre a importância das marcas repensarem seus negócios, imaginando novas possibilidades de se relacionar com os clientes, buscando novas perspectivas.
Para ele, as pessoas precisam trabalhar com a ideia de que não existe mais limites entre o físico e o digital e que esta orientação pode ser um importante diferencial competitivo, no varejo moderno. Além disso, as redes não podem abandonar o conceito de se relacionar. “Há uma mudança de postura, a expectativa do consumidor aumentou. As marcas precisam se reinventar para atender de forma mais criativa os clientes. Ir além do produto e do serviço, novos tempos demandam novas consequências”, afirmou.
Em concordância com Ferreirinha, a consultora Lyana Bittencurt, diretora executiva do Grupo Bittencourt, trouxe toda sua expertise e fez um paralelo com o ambiente do franchising, destacando os benefícios da consultoria de campo, e o uso das tecnologias nas redes. “O franchising cresce junto com seus parceiros e é de desenvolvimento mútuo. Ele vem evoluindo para explorar as tecnologias, os dados. Uma boa forma de se utilizar isso é com a consultoria de campo. Temos diversos aplicativos de tecnologia da indústria 4.0 que vêm a favor do varejo e do franchising,” destacou. Para exemplificar, ela apresentou cases das redes KFC, com games, e da iGUi, com realidade aumentada.
Finalizando o primeiro dia, Décio Pecin, presidente do CNA, falou da sua trajetória à frente da rede e das ações de engajamento da marca para ser um diferencial no mercado para os clientes e seus franqueados. No encerramento, o executivo emocionou a plateia com o premiado case sobre o treinamento de conversação em inglês de alunos pela web com velhinhos em asilos: “A tecnologia tem que ser aliada do nosso serviço, mas temos que pensar mais ‘hightouch’. Precisamos tocar o emocional. As empresas que lembrarem do carinho e afago com o cliente vão continuar vivas”, finalizou.
Multifranqueados e Economia Prateada
No segundo e último dia de Congresso foi abordada a questão dos multifranqueados com um debate entre o diretor de Franqueados da ABF Alberto Oyama, o coordenador da Comissão correlata, Glauber Gentil, e o franqueado da rede Depyl Action Sandro Alves. O debate proporcionou troca de experiencias e aprendizados entre os participantes e a plateia a respeito do dia a dia das operações.
No painel foram destacados, ainda, o crescimento do número de empreendedores com esse perfil no mercado brasileiro, que, segundo dados da ABF, representa 55% dos franqueados do Brasil.
Fechando com chave de ouro o conteúdo do Congresso, o tema longevidade trouxe muita reflexão com a empreendedora e fundadora da consultoria de marketing Hype60+, Layla Vallias.A especialista falou sobre como as redes estão lidando com a população mais madura, acima dos 60 anos.
“Se queremos uma sociedade sustentável, devemos pensar nos mais velhos. As empresas estão pensando nos millennials [ou geração Y, nascida entre 1980 e 2000], mas não percebem que os maduros são os verdadeiros consumidores. Eles serão os grandes protagonistas do futuro”.
Segundo a pesquisa Tsunami60mais, realizada por sua empresa, em pouco tempo o Brasil será o 6º país mais velho do mundo, onde a população com mais de 60 cresce 3% ao ano. Hoje, já envelhece no mesmo ritmo do Canadá e, na próxima década, terá mais idosos acima de 60 anos do que adolescentes até 14.
A pesquisa revela que a economia gerada pelos 60+, chamada de Economia Prateada, movimenta 1 trilhão de reais no Brasil e mais de 15 trilhões de dólares no mundo. Para os franqueadores, a provocação da Layla é: vão continuar desperdiçando esses silvers dólares? “É hora de repensar produto, serviço e comunicação para os 60+!”, incentivou.