Rui Denardin
O ano de 2023 foi marcado por desafios significativos para o setor de caminhões no Brasil, com uma queda expressiva de 15,4% nas vendas de janeiro a novembro em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados da Fenabrave. Esse cenário adverso foi impulsionado pela mudança na legislação de emissões do Proconve, que exigiu a adoção de motores Euro 6, mais avançados e dispendiosos.
Nas regiões Centro-Oeste e Norte do país, onde o Grupo Mônaco atua com a Mônaco Diesel, por exemplo, não houve uma diminuição nas vendas, o que contribuiu para que esse número não fosse maior.
Segundo dados divulgados pela entidade, o setor registrou uma retração de 8,9% nas vendas em comparação com o mesmo mês de 2022 e uma diminuição de 1,3% em relação a outubro. No entanto, há indícios promissores de recuperação, principalmente em 2024.
Como a venda de caminhões no Brasil está historicamente ligada ao escoamento da produção agrícola, com os setores de mineração e construção civil também desempenhando um papel crucial, especialmente para os caminhões de grande porte, as expectativas são as melhores possíveis. Com uma projeção de safra atingindo 306,4 milhões de toneladas este ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab, as estradas estarão cheias. De forma estratégica, é na região do agronegócio que estamos fortemente presentes, pois a demanda por caminhões é alta e necessária para escoar a produção brasileira.
Além disso, o custo do crédito e dos veículos Euro 6, estão gradualmente se amenizando. Cerca de 90% do mercado de novos veículos já adotou a tecnologia Euro 6, e os bancos das montadoras estão oferecendo taxas mais baixas, facilitando o financiamento.
No nosso caso, por exemplo, atendendo o nível de eficiência no que diz respeito a menos emissões, os motores Euro 6 dos caminhões Volkswagen estão prontos para atender a legislação. O novo sistema de emissões PROCONVE P8 (Euro 6) chegou ao mercado ainda em 2023, nos dois modelos produzidos: EGR (sistema de recirculac¸a~o) + SCR (sistema de tratamento) e o SCR (sistema de tratamento).
As projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sustentam essa visão positiva. A estimativa de expansão de 6,6% nos licenciamentos para veículos leves e um salto de 14,1% nos emplacamentos de caminhões e ônibus indicam um fortalecimento do setor.
Essas projeções estão ancoradas em uma previsão de crescimento do PIB de 1,5% no próximo ano, refletindo um ambiente econômico mais favorável. Além disso, a expectativa de manutenção no ciclo de redução dos juros de financiamento deve facilitar a aquisição de novos veículos pelos consumidores, impulsionando ainda mais o setor de caminhões.
Diante desse contexto, é possível vislumbrar um horizonte mais promissor para o setor de caminhões em 2024. As superações dos desafios enfrentados em 2023 e as perspectivas de crescimento apontam para uma retomada vigorosa, trazendo otimismo e renovadas oportunidades para a indústria automotiva e o comércio de veículos pesados no país.
Rui Denardin é CEO do Grupo Mônaco