Especialista explica por que a respiração pela boca durante o exercício físico é comum e quais são os impactos causados se não feita corretamente
Durante a prática de atividade física, é comum não prestarmos atenção à nossa respiração. No entanto, o corpo requer uma entrada e saída de ar maior do que o normal, especialmente durante exercícios mais intensos, e a respiração ritmada e consciente desempenha um papel fundamental ao fornecer oxigênio e nutrientes às células, além de auxiliar a musculatura.
De acordo com um estudo publicado em 2021, na Revista Europeia de Alergia e Imunologia Clínica, embora inspirar pelo nariz contribua com apenas 10% da ventilação por minuto na intensidade máxima de um exercício, a via aérea executa uma função importante nesse momento, mas, durante a atividade física, o organismo necessita de um fluxo de oxigênio mais rápido e em maior quantidade, razão pela qual a respiração muda para a boca por possuir um diâmetro maior e proporcionar um acesso mais rápido aos pulmões, passando a desempenhar um papel fundamental nesse novo ciclo respiratório.
“Durante a prática esportiva, a frequência respiratória aumenta, pois a demanda por oxigênio e a eliminação de dióxido de carbono ficam elevadas proporcionalmente à intensidade do exercício. Automaticamente, o mecanismo regulador ajusta a função respiratória, promovendo um aumento no fluxo de entrada e saída de ar pelas vias aéreas. A respiração nasal tem, também, um papel essencial na recuperação do esforço físico e do sono, auxiliando a adaptação muscular para o próximo treino.”, explica o Dr. Alexandre Felippu, médico otorrinolaringologista especialista da Academia Brasileira de Rinologia (ABR) e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
No momento em que a atividade física demanda mais oxigenação e a boca precisa ser utilizada como forma de respiração, é importante identificar se está sendo feita de modo com que o corpo não apresente sinais como dores musculares, desconforto abdominal, sobrecarga adicional ao sistema cardiovascular e problemas respiratórios.
As atividades também precisam ser feitas de acordo com o condicionamento cardiorrespiratório do indivíduo e, por isso, é essencial consultar um médico otorrinolaringologista para o controle das doenças respiratórias e uma melhor efetividade da respiração.
Essa respiração, durante o exercício, traz diversos benefícios para o corpo, como a redução da tensão muscular e da ansiedade, assim como a qualidade do exercício é influenciada pela respiração, uma vez que é comum ocorrer hiperventilação em atividades de alta intensidade para atender à necessidade de oxigênio.
“Uma respiração correta potencializa a absorção de oxigênio pelo organismo e auxilia na desaceleração dos batimentos cardíacos, diminuindo a pressão arterial e a fadiga muscular”, completa o especialista.
O que determina a forma de respirar durante um exercício é o objetivo dele e a intensidade em que é praticado. No entanto, a respiração deve se manter correta, devendo ainda o praticante se atentar ao modo de respiração (pelo nariz ou pela boca), evitando qualquer tipo de desconforto para o corpo no momento da atividade.
Orientações
De acordo com o especialista da ABORL-CCF, todos os exercícios, incluindo os exercícios feitos na água, devido ao contato da mucosa com a umidade, favorecem a respiração. “O nariz umidificado impede o ressecamento da mucosa, dificultando a entrada de vírus respiratórios que causam enfermidades”, acrescenta.
Já em pacientes que possuem doenças respiratórias como asma, rinite e sinusite, a prática de atividades físicas pode auxiliar no fortalecimento de músculos utilizados no movimento da respiração e ajudar o organismo a distribuir melhor a quantidade de oxigênio necessária para o seu bom funcionamento.
Segundo o Dr. Alexandre, ficar preso a um modelo de respiração pode causar uma falta de coordenação e fazer a pessoa se cansar mais rapidamente. Por isso, é importante respirar de acordo com as exigências do corpo.
“Uma correta respiração em atividades físicas garante um fluxo adequado de entrada de oxigênio e saída de gás carbônico, trazendo benefícios como a redução da tensão nos músculos respiratórios, sensação de relaxamento, melhoria do foco e da atenção, redução do estresse e melhoria da percepção do praticante”, finaliza o médico.
Sobre a ABORL-CCF
Com 75 anos de atuação entre Federação, Sociedade e Associação, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Médica Brasileira (AMB), promove o desenvolvimento da especialidade por meio de seus cursos, congressos, projetos de educação médica e intercâmbio científicos, entre outras entidades nacionais e internacionais. Busca também a defesa da especialidade e luta por melhores formas para uma remuneração justa em prol dos mais de 8.500 otorrinolaringologistas em todo o país.