A mortalidade materna é uma tragédia evitável em 92% dos casos e acontece principalmente nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez (RBEHG), cerca de 80 mil mortes maternas e 500 mil mortes fetais ocorrem anualmente, em todo o mundo, devido a doenças hipertensivas durante a gestação. Os cuidados com a saúde de gestantes e puérperas podem evitar as mortes.

Nesta segunda-feira (22), é o dia de combate à pré-eclâmpsia, doença que pode trazer risco para a pessoa gestante e seu feto. Além de elevar a pressão arterial (acima de 140/90 mmHg) durante a gravidez, pode acarretar excesso de proteínas na urina, inchaço e rápido ganho de peso. Normalmente, ocorre após a 20ª semana, com desaparecimento dos sintomas até 12 semanas após o parto.

Em casos mais graves, a pré-eclâmpsia pode causar hipertensão arterial bem elevada (acima de 160/110 mmHg), dor de cabeça constante, dor no lado direito do abdômen, vista embaçada, ardência no estômago e diminuição da quantidade de urina e da vontade de urinar.

“Todos esses sintomas podem causar consequências tanto para a mãe quanto para o bebê, sendo possível evoluir para a eclâmpsia, quando acontecem episódios de convulsões em repetição, sendo fatal se não for tratada adequadamente”, explica Brena Melo tocoginecologista. “Além disso, pode ocorrer o descolamento prematuro da placenta, sangramentos, edema no pulmão, insuficiência no fígado e rins ou o nascimento prematuro do bebê”, completa. 

Segundo Brena, para a prevenção é importante ter um acompanhamento obstétrico durante toda a gestação, realizar os exames pré-natais e manter uma alimentação saudável. Para as gestantes em grupo de risco, o cuidado deve ser em dobro.

Além disso, uma das formas de reduzir a mortalidade materna é oferecer treinamento das equipes de assistência regularmente para que reconheçam e saibam conduzir os casos de urgências obstétricas, como nos quadros de síndromes hipertensivas graves na gestação. “Um profissional de saúde que exerce sua função com competência precisa integrar habilidade, conhecimento e atitude. Nos treinamentos de simulação, existe a oportunidade e a segurança disso ser realizado”, afirma a obstetra, que também é coordenadora do Centro de Simulação (CSim), da FPS.

SOBRE O CSIM – O Csim possui um espaço de aproximadamente 1.000 m2, que simula um hospital. São oito salas complexas de simulação que reproduzem um cenário de bloco cirúrgico, emergência e quartos, e tudo que é utilizado como medicamentos, materiais e equipamentos. Todo o treinamento é acompanhado por facilitadores especialistas no assunto, que guiam uma discussão pós cenário simulado (debriefing) sobre o desempenho durante o cenário e as habilidades, conhecimentos e atitudes que podem ser aprimoradas. O centro inova com simuladores de alta fidelidade, utilizando robôs que permitem que sejam treinadas as habilidades manuais do profissional em uma cirurgia, por exemplo, a interação e até reações fisiológicas, simulando pacientes adultos, gestantes e crianças.