Arte de capa: André Gonzales

Remobília é recomeço e reencontro. Isso fica claro em “Ponto Final”, novo single do projeto. O que pode parecer um contrassenso é, na verdade, um convite a refletir sobre os ciclos da vida e as dores de uma despedida. O olhar poético dos músicos – conhecidos como ex-integrantes da icônica Móveis Coloniais de Acaju – se soma ao flow potente da MC e poeta Kimani. O single chega às plataformas de música com um lyric video.

Assista ao lyric video: https://youtu.be/kzImIMKabd8 

Ouça “Ponto Final”: https://bfan.link/Ponto-Final

A faixa se une a “Nós”, “Sol no Rosto” e “Jogo”, prévia do primeiro álbum da nova banda que reúne o vocalista André Gonzales, o flautista Beto Mejía, o saxofonista Esdras Nogueira, o guitarrista e baixista Fernando Jatobá e o tecladista Gustavo Dreher. A sonoridade ímpar do Móveis se faz presente nessa composição, porém sem deixar de olhar para outras referências, das brass bands que remetem ao tradicional jazz de New Orleans ao futurismo do Daft Punk, comprovando a versatilidade de Remobília. A nova canção dialoga com a ideia de valorizar as origens, porém buscando sempre o recomeço.

Assista ao clipe “Sol no Rosto”: https://youtu.be/4PcFYIYJe5s

“A música fala sobre o significado de morte, fim, a partir de um olhar poético e de continuidade energética. Sabendo que haverá dor e sofrimento, mas com arte, amor e tempo, as coisas se assentam e continuam caminhando, curando cicatrizes”, resume o grupo.  

As quase duas décadas que o quinteto compartilhou na estrada em seu último projeto culminam na familiaridade e sintonia musical traduzida como Remobília. Depois de trilharem caminhos solo, agora eles criam um novo espaço de explorações criativas que soma todas essas trajetórias. 

Desde a última turnê do Móveis, André Gonzales voltou toda sua atenção para um forte e emocional trabalho com pessoas da terceira idade chamado o Sr. Gonzales Serenata Orquestra. Além de revisitar antigas canções em nova roupagem mais contemporânea e eletrônica, o grupo faz radionovelas para seu público. Esdras colocou sua paixão no que sempre havia estudado e admirado, a música instrumental. Gravou 4 discos e excursionou pelo Brasil e Europa, e tem se destacado como um expoente da nova música instrumental brasileira. Mejía pôs toda sua energia na paternidade e na criação de um projeto musical infantil chamado “Onde o infinito é som”, além de ter lançado outros dois outros trabalhos solo. 

Mas estiveram colaborando entre si durante esse período. André sempre fez o design dos trabalhos do Beto. Esdras, Jatobá e Dreher tocam no projeto de Gonzales e Gustavo gravou todos os discos do saxofonista, além de ter mixado e gravado também alguns do Beto. Além disso, Mejía também compõe para o repertório do Sr. Gonzales, que participou com Esdras do disco infantil. 

Em Remobília, todos esses elementos surgem repaginados, recombinados, redecorados. Gravados no estúdio de Jatobá, os novos singles tiveram uma produção coletiva, com André Gonzales assinando as capas e conceitos visuais do projeto. Todos os singles já lançados estão disponíveis para streaming. Inaugurando de vez este novo capítulo, o álbum de Remobília será lançado no dia 24/06.

Crédito: Joy Ballard

Ficha técnica

Música: Beto Mejia, Esdras Nogueira, Gustavo Dreher, André Gonzales, Fernando Jatobá

Letra: Beto Mejia, André Gonzales e Kimani

Txotxa – bateria, percussão

Haniel Tenório – trompete

Jatobá – baixo, guitarra

Esdras – sax barítono, tuba, sax alto, flauta, palmas, clarinete

Dreher – teclado, synth, palmas, percussão eletrônica, mixagem

Beto – voz, piano, flauta, pife, palmas, letra

André – voz, letra, arte

Kamasi – latido

Kimani – Voz e letra ( Participação especial – .feat)

Xande Bursztyn – masterização

gravado no estúdio Jatobeats

produzido por Remobília

Capa: André Gonzales

Letra

Um ponto final

Uma pausa no momento

Não precisa ser lamento

Toda história vai continuar 

Um ponto final

Um respiro no caminho

Não precisa ser espinho

Dói, eu sei, mas sempre há ar pra respirar 

Um ponto final

Uma idéia como ponte

Como um barco 

Navegando no horizonte

A se perder no mar

Um ponto final 

Na escrita dessa vida

será como  uma ferida / não precisa ser ferida

que se cura ao caminhar / que se leva ao caminhar

Há, eu sei

Um outro fim para além da dor

novo lugar depois do sofrer 

Uma canção pra compor 

Outro tempo pra tecer

Tudo é

Lembrar, viver, partir

Tudo foi

morrer, nascer, sentir

Tudo foi, será, tudo é

Um outro fim pra além da dor

 outro tempo pra tecer 

E nas andanças da vida que me sei sendo, temo que todo ponto-fim seja apagamento. 

Das trilhas que costurei entre pés, cortes, rasuras e tropeços. 

Remendo relações como quem confia no destino, 

No acaso de Chronos, Pandora, Saci de Pedra 

Na possibilidade que tudo tenha início, meio e reticências. 

Nada acaba, nada finda!

Tudo passa, tudo passa. 

Passa, passo, posso, poço, osso, é osso

E o eco você percebe? 

A vida ecoa. 

Sempre há um embalo fluído da vida, 

Do agora que nunca há de ser ou há de haver, do ciclo que não tem ponta solta. 

Teimo em ser vida onde me querem morte 

Rogo pra deusa do contínuo e pra roleta da sorte.

Um ponto final 

É passagem pro invisível

Algo irreconhecível 

não se vê

Mas se acredita que está lá 

Um ponto final

Despedida. Recomeço.

Morte é  ciclo do avesso

Um mistério pra se enfrentar

Há, eu sei

Um outro fim para além da dor

novo lugar depois do sofrer 

Uma canção pra compor 

Outro tempo pra tecer

Tudo é

Lembrar, viver, partir

Tudo foi

morrer, nascer, sentir

Tudo foi, será, tudo é

Um outro fim pra além da dor

outro tempo pra tecer 

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