Título internacional, concedido por pesquisadores europeus, avaliou software criado pelo doutorando em Engenharia de Produção, Jean Turet, que mapeia e possibilidade de crimes. Pesquisador vai receber o prêmio na Grécia

O pesquisador e doutorando de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Pernambuco Jean Turet é o Jovem Pesquisador (Young Research) do ano. A titulação, que analisa pesquisas de todo o mundo, é concedida anualmente ao melhor projeto da área após avaliação do Euro Working Group, um comitê formado por pesquisadores europeus. A solenidade acontece até amanhã (25/05), durante a International Conference on Decision Support System Technology, em Tessalônica, na Grécia.

“Receber esse prêmio ressalta a importância do estudo, da pesquisa, da ciência. É o maior reconhecimento da área e ter sido o eleito, dentre produções de todos os países, é mais gratificante ainda”, comenta Jean. O objeto da pesquisa, que começou em 2017, é a Segurança Pública, tendo como foco o estímulo à política e ações de prevenção de crimes.

A pesquisa do doutorando foi apresentada ao comitê europeu em 2021, no Reino Unido. Para ser considerado o melhor trabalho, critérios como aplicabilidade, viabilidade, impacto social e inovação são fundamentais. “É uma iniciativa que pode ser implementada em todas as nossas capitais, claro que respeitando suas especificidades, mas mantendo a lógica de contribuir para uma política preventiva, de apoio à decisão e maior qualidade de vida da população”, comenta.

Formado em Sistema de Informações e mestre e doutor em Engenharia de Produção, área que coordena na Faculdade Nova Roma, Jean uniu os saberes das duas formações para o desenvolvimento de um software que mapeia ruas, bairros e regiões e indique a possibilidade de ocorrências de furto, roubo e homicídio nesses locais. 

O sistema utiliza inteligencia artificial e aprendizagem de máquina, e é abastecido em tempo real com os relatórios públicos sobre a criminalidade e com a coleta e filtragem de conteúdos de imagens e textos compartilhados nas redes sociais por usuários comuns. Isso significa dizer que o sistema integra estes dados em um único repositório onde algoritmos de machine learning (máquina de aprendizagem) e inteligência artificial possam atuar para predição e classificação de crimes.

Desde que foi implementado e iniciado o período de rodagem, no ano passado, o software obteve 88% de taxa de acurácia. Ou seja, ele é capaz de diagnosticar, antecipadamente, a ocorrências de crime. “A ideia é que a informação chegue antes do crime. Com a leitura estratégica desses dados, é possível estabelecer conjuntos de ações que visem minimizar a ocorrência de crimes.”, explica Jean, que elenca os benefícios da utilização desse tipo de suporte. “Padronização de dados, análises preditivas de criminalidade, classificação de bairros e a oferta de uma metodologia híbrida”, conta.

O autor da iniciativa já apresentou o sistema em Portugal e Espanha, além de ter conquistado o prêmio de melhor produto tecnologico pela Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Engenharia de Produção. O reconhecimento e assertividade da pequisa já vem trazendo novas possibilidades. “Estamos criando módulos, ainda em fase experimental e em processo de amadurecimento, que se voltem para a violência contra a mulher e o crime contra o patrimônio público”, adianta.