De 21 de novembro a 1º de dezembro, o evento realizado pela Secult e a FCCR, promoverá apresentações de 31 espetáculos, além de uma programação variada de oficinas, rodas de diálogo e performances gratuitas

Sob as bênçãos de Dionísio, o deus do teatro, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, sobe o pano para a cena teatral brasileira. O Festival Recife do Teatro Nacional (FRTN) chega à sua 23º edição, celebrando a “Atuação e a Representatividade”, de 21 de novembro a 1º de dezembro, e prometendo emocionar e provocar muita reflexão sobre esta missão abraçada tão fortemente pelos atores brasileiros e, em especial, pelos pernambucanos.

E por falar em atores nascidos no Estado, que fizeram do palco a sua profissão de fé, sempre militando em prol da representatividade e de espaço e respeito para os profissionais do teatro, dois deles vão ganhar, merecidamente, todas as homenagens: Marco Nanini e Ivonete Melo (in memoriam). Mesmo tendo construído sua sólida carreira no teatro, no cinema e na TV no Rio de Janeiro, Marco Nanini tem raízes no Recife, de onde saiu ainda menino, levando na boca e na memória os costumes e o sabor das pitombas, tema recorrente em entrevistas quando fala da infância na cidade. Do alto de suas seis décadas de carreira, ele terá a responsabilidade de abrir a mostra, com a peça “Traidor”, sob a direção do conceituado Gerald Thomas, no Teatro do Parque.

A outra homenageada foi uma das figuras mais queridas do teatro local. Dona de uma risada marcante, com olhar profundo e atento aos companheiros de cena, Ivonete Melo começou a carreira como bailarina e se fez atriz dentro do grupo Vivencial de Olinda, que fez história na cena pernambucana. Foi lá que aprendeu também a ser militante da arte e da classe, que tão bem representou em mais de 20 anos à frente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão no Estado de Pernambuco (Sated-PE).

“O Festival Recife do Teatro Nacional é, talvez, entre os festivais que realizamos, o mais consolidado, e chega a esta 23ª edição com fôlego renovado. Homenageamos um grande nome da cena nacional, que tem raízes no Recife, e uma grande dama dos palcos locais. Ao mesmo tempo, abrimos espaço para o novo, o experimental, com o OffREC, que vai trazer espetáculos ainda em construção. O Festival está sendo feito com muito carinho e esperamos uma boa resposta do público”, afirma a secretária de Cultura, Milu Megale.

No total, o Festival Recife do Teatro Nacional contará com 31 espetáculos – sendo 13 nacionais e 18 locais -, além de cinco oficinas e mais uma robusta programação de rodas de diálogo, vivências, performance e debate. Mais uma vez, o ingresso será solidário, por meio de 1kg de alimento não perecível, a ser trocado nas bilheterias dos teatros antes das sessões. Ação é uma parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas Sobre Drogas do Recife.

A maratona cênica vai movimentar os Teatros do Parque, de Santa Isabel, Luiz Mendonça, Apolo, Hermilo Borba Filho e Barreto Júnior, além do Paço do Frevo, da Rua da Aurora e dos Parques da Macaxeira e Tamarineira. A ideia é descentralizar, proporcionando o acesso de públicos de bairros e perfis variados, assim como de montagens de diversos formatos.

A programação, construída a partir de edital e avaliação de pareceristas nacionais, permitirá o reencontro da plateia do Recife com grupos como o Armazém Cia. de Teatro, do Rio de Janeiro, que há alguns anos não vem à cidade; além de momentos que prometem ficar marcados para sempre na trajetória do festival, como as duas apresentações da peça “Não me Entrego, Não”, protagonizada por ninguém menos que o ator Othon Bastos, aos 91 anos de idade e 71 anos de carreira.

O Festival Recife do Teatro reservou espaço também para estreias nacionais. O grupo cearense Bagaceira apresentará, em primeira mão, seu novo trabalho, “Inacabado”, e o grupo pernambucano Magiluth, festejado pela carreira sólida e montagens revigorantes, mostrará “Édipo Rec”.

“Neste ano, o trabalho do ator é o foco, por meio do legado de um grande ator e uma atriz, que tinha a militância como marca. Por meio de Ivonete, homenageamos todas as atrizes do Recife, e também o grupo Vivencial de Olinda, em seus 50 anos de história. Essa escolha reafirma o compromisso da gestão com as artes cênicas, com o teatro e a representatividade”, pontua o presidente da FCCR, Marcelo Canuto.

O olhar para o teatro local e a representatividade se reflete também na criação do OffREC, que terá agenda com experimentos, espetáculos ainda em processo e discussões propostas por artistas da cena. A ideia é oferecer uma programação intensa, pela manhã, tarde e noite, transformando o Teatro Hermilo num espaço de circulação permanente, num ponto de encontro para os fazedores e amantes do teatro, de 25 a 30 de novembro.

“O OffREC funcionará como um ambiente pedagógico, de discussão cênica e de aproximação com a academia e os criadores locais. Ele surgiu a partir de uma provocação de Rodrigo Dourado, que é ator e pensador do teatro, e chega para dar voz a uma inquietação, a uma necessidade de mostrar o que está sendo construído e pensado dentro e fora da universidade. Teremos work in progress, performance, vivências em Teatro Hip-Hop, Teatro Autoficcional e muitas discussões, buscando compartilhar com o público um pouco dos bastidores desse fazer teatral”, comenta o diretor artístico do festival, André Brasileiro.

OFICINAS – Além de convidar a cidade à emoção e à reflexão, o Festival Recife do Teatro convoca artistas e trabalhadores das artes cênicas a participar da etapa formativa da programação. Serão oferecidas cinco oficinas gratuitas, de 20 e 29 de novembro, confirmando o evento não só como vitrine, mas também como arena para a formação e a qualificação. São elas: “Não Caia na Forma?!”, com Wellington Junior; “Teatro Físico e o Corpo Criativo do Intérprete”, com Alexandre Guimarães; “Oficina de Caracterização Teatral”, com Cleber de Oliveira; “Oficina de Iluminação Cênica”, com Natalie Revorêdo; e “Oficina: Artista, a palavra e o abismo”, com Luiz Fernando Marques.

As inscrições são online, gratuitas e seguem abertas até 15 de novembro. O link está na bio do perfil @culturadorecife, no Instagram. A quantidade de vagas varia de 10 a 30 participantes e a carga horária oscila entre nove e 16 horas de atividades, distribuídas em três ou quatro dias.

26º FESTIVAL RECIFE DO TEATRO NACIONAL

De 21 de novembro a 1º de dezembro

QUINTA-FEIRA (21)

Teatro do Parque

19h30 – Traidor, com Marco Nanini – Direção Geraldo Thomas (RJ)

SEXTA-FEIRA (22)

Teatro Barreto Júnior

15h – Palhaçadas – História de um Circo sem Lona, da Cia. 2 Em Cena (PE)

Teatro Hermilo Borba Filho

18h – Cara do Pai, do Coletivo Opte (PE)

Teatro Luiz Mendonça

20h – Édipo REC, do Magiluth (PE)

Teatro do Parque

20h – Traidor, com Marco Nanini – Direção Gerald Thomas (RJ)

Teatro Apolo

20h – Eu no Controle, da Cia da Baju (PE)

SÁBADO (23)

Parque da Macaxeira

17h – As Charlatonas, da Trupe-Açu Cia. de Circo (TO)

Rua da Aurora (em frente ao Ginásio Pernambucano)

18h – Sinapse Darwin, da Cia. Casa de Zoé (RN)

Teatro Hermilo Borba Filho

18h – Antígona – A Retomada, da Luz Criativa (PE)

Teatro Apolo 

19h – 2 Mundos, da Lumiato Formas Animadas (DF)

Teatro de Santa Isabel

20h – Rei Lear, da Cia. Extemporânea (PE)

Teatro do Parque

20h – Traidor (RJ)

Teatro Luiz Mendonça

20h – Édipo REC, do Magiluth (PE)

DOMINGO (24)

Teatro do Parque

16h – Hélio, o Balão que não consegue voar, do Coletivo de Artistas (PE)

Parque Tamarineira

17h – As Charlatonas, da Trupe-Açu Cia. de Circo (TO)

Teatro Apolo

17h – Frankinh@, do Coletivo Gompa (RS)

Teatro Hermilo Borba Filho

18h – Mulheres de Nínive, com Nínive Caldas (PE)

Rua da Aurora (em frente ao Ginásio Pernambucano)

18h – Sinapse Darwin, da Cia. Casa de Zoé (RN)

Teatro de Santa Isabel

20h – Rei Lear, da Cia. Extemporânea (PE)

SEGUNDA-FEIRA (25)

Teatro Apolo

20h – Instinto, do Coletivo Gompa (RS)

TERÇA-FEIRA (26)

Teatro do Parque

20h30 – Não me entrego não, com Othon Bastos (RJ)

QUARTA-FEIRA (27)

Teatro Barreto Júnior

15h – Malassombros – Contos do Além Sertão, do Grupo Teatro de Retalhos (PE)

Teatro do Parque

20h30 – Não me entrego não, com Othon Bastos (RJ)

QUINTA-FEIRA (28)

Teatro Apolo

20h – Kalash – Ensaio sobre a Extinção do Outro, do Coletivo Opte (PE)

SEXTA-FEIRA (29)

Teatro Luiz Mendonça

20h – Inacabado, do Grupo Bagaceira (CE)

SÁBADO (30)

Teatro Apolo

17h – Paraíso, do Grupo Teatro Máquina (CE)

Teatro do Parque

19h – Pequeno Monstro, da Quintal Produções Artísticas, com Silvero Pereira (RJ)

Teatro Luiz Mendonça

20h – Inacabado, do Grupo Bagaceira (CE)

Teatro de Santa Isabel

20h30 – Brás Cubas, da Armazém Cia. de Teatro (RJ)

DOMINGO (1)

Teatro Apolo

17h – Quatro Luas, dO Bando Coletivo de Teatro (PE)

Teatro Hermilo Borba Filho

18h – Esquecidos por Deus, de Cícero Belmar (PE)

Teatro do Parque

19h – Pequeno Monstro, da Quintal Produções Artísticas, com Silvero Pereira (RJ)

Teatro de Santa Isabel

20h30 – Brás Cubas, da Armazém Cia. de Teatro (RJ)

OffREC

De 25 a 30 de novembro

No Teatro Hermilo Borba Filho

SEGUNDA-FEIRA (25)

16h às 18h – Roda de Diálogo Corporalidades e estranhamentos, com Johnelma Lopes (UFPE), Ana Marques (UFPE) e Alexsandro Preto (Vale PCD). Mediação Clara Camarotti

20 h – Espetáculo Monga, de Jéssica Teixeira (CE)

TERÇA-FEIRA (26)

9h às 12h – Vivência de Teatro Hip Hop, com o coletivo À Margem (PE) e Bento Francisco (PE)

15h às 17h – Espetáculo ONÁ DÚDÚ: Caminhos Negros no Bairro do Recife, com Marconi Bispo e Coletivos (PE). Espetáculo itinerante, com concentração no Teatro Apolo

17h30 às 19h – Roda de Diálogo Teatro Negro em Perspectiva, com Marcos Alexandre (UFMG) e mediação de Jefferson Vitorino (Cia. Máscara Negra)

20h – Espetáculo Xirê, do Coletivo À Margem

QUARTA-FEIRA (27)

9h às 12h – Vivência Criando Autoficções, com a Cia. Teatro da UFPE (PE)

16h às 17h30 – Roda de Diálogo Processos Criativos Autoficcionais, com Marcondes Lima (UFPE) e Rodrigo Dourado (UFPE). Mediação de Fátima Pontes (Escola Pernambucana de Circo)

18h – Espetáculo Não. Tá. Fácil, do Coletivo À Margem (PE)

20 h – Espetáculo Palestra Babau, Pancadaria e Morte, com Marcondes Lima e Mão Molenga (PE)

QUINTA-FEIRA (28)

9h às 12h – Vivência Contornos do Tempo: Ensaio na Terceira Idade, com o grupo Memória em Chamas (PE)

16h às 18h – Roda de Diálogo Teatro, Memória e Envelhecimento, com Rodrigo Cunha (IFPB) e equipe do espetáculo Senhora. Mediação de Manu de Jesus, da Creative’se Cultural

18h – Espetáculo Baba Yaga, da Cênicas Cia. de Repertório (PE)

20h – Espetáculo Senhora, de João Pedro Pinheiro (UFPE)

SEXTA-FEIRA (29)

9h às 12h – Vivência Dramaturgias Urgentes: Escritas e Cenas Negras, com Kléber Lourenço (PE)

18h – Espetáculo Poema – Desmontagem, da Cia do Ator Nu (PE)

20h – Espetáculo Negro de Estimação – Desmontagem, com Kléber Lourenço (PE)

SÁBADO

10h às 12h – Abertura de Processo Senhora dos Sonhos, com Ceronha Pontes e Gonzaga Leal (PE)

14h às 17h – Roda de Diálogo Teatro e Comunicação na Era Digital: por e para onde caminhamos”, com Aline, da Vendo Teatro; Fernanda, da Teatralizei; Ricardo Maciel, do Palco Pernambuco. Mediação de Márcio Bastos

18h – Performance O Problema é a Cerca, com Renna Costa (PE)

20h – Roda de Diálogo Vedetes e Vivecas: Mulheres do Vivencial, uma homenagem a Ivonete Melo, com Suzana Costa, Auriceia Fraga e Zélia Sales. Mediação de Hilda Torres