Projeto de circulação do livro “Existe um Homem Selvagem” acontecerá em espaços de fomento à cultura para democratizar temáticas sobre patriarcado, masculinidades, machismo, LGBTfobia e racismo

O escritor e poeta Hugo Dubeux, enraizado no Recife, promoverá a circulação do livro de poesia de sua autoria intitulado “Existe um Homem Selvagem”, com a realização de ações gratuitas em espaços de fomento à cultura da capital pernambucana. A ideia é que o trajeto por onde se encaminhará o projeto semeie questionamentos sobre o patriarcado. “Como homens se tornam homens? O que eles têm representado na sociedade? Ao mesmo tempo que opressores, que feridas lhes habitam?”. Esses são alguns questionamentos do autor a uma sociedade enrijecida em machismos, LGBTfobias, racismos. O projeto “Literatura Recifense Itinerante” tem incentivo da Lei Paulo Gustavo, através da Prefeitura do Recife. 

No sábado (25), às 9h, o artista fará uma apresentação de sua obra literária, seguida de debate aberto com o público e recital poético, na Praça da Várzea, zona oeste do Recife, em parceria com o GEMA, grupo da psicologia na UFPE que pesquisa gênero e masculinidades. Haverá, ainda, a distribuição gratuita de alguns exemplares do livro para o público presente.

Foto: Divulgação

Também no sábado (25), às 14h, a ação de apresentação do livro e desdobramentos segue para a biblioteca comunitária da Associação Cultural Esportiva Social Amigos (ACESA ONG), situada no Alto José Bonifácio, com um momento de troca, diálogo aberto, roda de conversa, recital poético e partilha do processo criativo entre o escritor e os jovens integrantes da entidade, com idade acima de 16 anos. Lá também haverá a distribuição de alguns exemplares. Em seguida, às 15h, o grupo terá a oportunidade de participar de uma oficina de escrita poética também ministrada por Hugo Dubeux.

No dia 03 de junho (segunda-feira), às 19h, uma oficina de escrita poética será ministrada pelo escritor de forma on-line, por meio da plataforma ZOOM, gratuitamente. No total, 20 vagas estão disponibilizadas para o público no geral e as inscrições podem ser efetuadas por meio do link disponível no Instagram de Hugo Dubeux (@hugodubeux) ou em seu site www.hugodubeux.com. Poderão participar pessoas acima de dezesseis anos.

Acontecerão, ainda, duas ações de debate do livro e oficina de escrita poética. No dia 06 de junho (quinta-feira), iniciando às 9h, a escola EREM Amaury de Medeiros, em Afogados, receberá o projeto em parceria com a biblioteca comunitária Educ Guri, localizada no bairro da Mangueira. Esta biblioteca se compreende como “um lugar onde os livros ganham vida e a imaginação voa livremente”. É parceira por democratizar a literatura e defender a justiça social.

A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), através do Núcleo do Cuidado Humano, receberá a ação possivelmente no segundo semestre. Todas atividades estão sendo divulgadas no Instagram do autor do livro (@hugodubeux) e nas redes sociais das instituições parceiras (@gemaufpe @acesaong @biblioeducguri @nchufrpe).

 Ao todo, serão distribuídos 120 livros gratuitamente nos espaços onde acontecerão as ações. O intuito do autor em realizar os encontros é a democratização de acesso à literatura recifense, aproximando o escritor ao público e estimulando o debate acerca das temáticas abordadas no livro.

Sobre a oficina de escrita poética – A oficina ministrada por Hugo Dubeux busca desenvolver uma sensibilidade para a poesia que já habita a vida. Propõe olhar para os detalhes, os encantamentos, as asperezas. Atravessar o cotidiano com poesia para a ele não sucumbir. Olhar para as imagens presentes no dia-a-dia e a sensação do contato com estas imagens. A oficina buscará também mecanismos e práticas de escrita que facilitem o afunilamento desta poesia vista no mundo, para palavras postas no papel. O uso da palavra como um escultor devolve à pedra, e aos olhos humanos, o encantamento com a vida. Haverá, ainda, práticas de arteterapia. Algumas obras de poetas locais serão referências, como de Cida Pedrosa, Miró da Muribeca, Bell Puã, Fred Caju, Luna Vitrolira, além do próprio facilitador.

Foto: Divulgação

“A palavra atravessada como caminho de encontro com a poesia. A poesia não posta como algo sagrado, distante de homens e mulheres. A poesia terrena, do cotidiano, e a palavra como revelação e experiência da alma deste cotidiano. A poesia enquanto prática política, filosófica, e criativa, de construção de um olhar sobre a vida”, explica Hugo Dubeux.

Sobre o livro “Existe um Homem Selvagem” – Buscando a fuga ao homem moderno industrial, machista, a obra nasce em defesa de um “resgate” decolonial, enfrentando o significado colonial de “selvagem” enquanto ser violento, desrespeitoso, agressivo. Com isso, o livro navega por uma poética de denúncia, enfrentamento e proposição, dividida em quatro capítulos e um epílogo.

O primeiro, “O ar de pulmão meu”, trata da importância da encarnação em sua própria existência, para construção de uma força motora de autogestão da vida. Se propõe a uma poética decolonial em busca da essência do que cada ser tem em si, para além das regras e tabus sociais.

O segundo, “Exílios”, trata da reprodução do papel de homem tal qual o dominante no discurso hegemônico colonial, oprimindo diversidades e existências. Também sobre certas formas de masculinidades e opressões coloniais enquanto tóxicas para os relacionamentos e a sociedade.

Já o terceiro capítulo, “Um garotinho alado, de tocha acesa”, abarca a influência do patriarcado e da colonialidade nos corpos. Desenha uma discussão poética sobre a libertação das repressões como fluxo livre de energia no corpo.

O quarto capítulo, Amores e Utopias, apresenta como o patriarcado e a colonialidade propõem rótulos para consolidação de seres ainda mais individualistas, violentos, e como é importante o resgate do amor para fortalecer os laços humanos que são cada vez mais frágeis. Resgata o amor como forma de luta e enfrentamento decolonial, em direção a um novo amanhã.

O epílogo, Aceno, é um poema único do adulto assumidamente bissexual, emocionalmente mais maduro, conversando com sua criança que não compreendia e não sabia como deixar fluir toda sua sensibilidade masculina.

Foto: Divulgação

“A arte, jogando o olhar para nossas intenções sobre a poesia, é também construída enquanto resistência e afirmação de novos paradigmas. Vivemos em um sistema patriarcal e colonial, opressor sobre as existências que não sejam da normatividade cis, heterossexual e branca. A reprodução deste sistema se dá a partir de homens e mulheres, e é inegável o grande papel dos homens para o reproduzir. Assim sendo, é impossível se pensar uma transformação mais complexa da sociedade sem que estes homens também passem pelo processo de luta contra as opressões de um sistema patriarcal e colonial. É a partir destes entendimentos que eu escrevi o livro”, detalha Hugo Dubeux. Mais informações sobre o autor e o livro: www.hugodubeux.com.

Sobre Hugo Dubeux – É escritor e poeta, mas também arteterapeuta e produtor cultural. Compreende a arte em seu lugar fundamental de digestão sobre a vida. Tem facilitado oficinas sobre processo criativo, ainda sobre as interrelações corpo-escrita, grupos de homens para debaterem masculinidades e patriarcado a partir da expressão artística, entre outras. Recita e escreve seus poemas, também, em um sentido político e filosófico de reencantar o mundo em beleza, e justiça.

SERVIÇO:

OFICINA DE ESCRITA CRIATIVA
25/05 (sábado), às 15h, na ACESA ONG
03/06 (segunda-feira), às 19h, on-line
06/06 (quinta-feira), 10h30, na
escola EREM Amaury de Medeiros, em Afogados (parceria com a biblioteca comunitária Educ Guri)
A definir na Universidade Federal Rural de Pernambuco (através do Núcleo do Cuidado Humano)
Idade: acima de 16 anos
**Mais informações sobre inscrições no perfil do artista no Instagram: @hugodubeux

APRESENTAÇÃO DO LIVRO, DEBATE E RECITAL POÉTICO (com distribuição de alguns exemplares)
25/05 (sábado), às 9h na Praça da Várzea e às 14h na ACESA – Rua Alto da Conquista, 303, Alto José Bonifácio
06/06 (quinta-feira), 9h, na
escola EREM Amaury de Medeiros, em Afogados (parceria com a biblioteca comunitária Educ Guri)
A definir na Universidade Federal Rural de Pernambuco (através do Núcleo do Cuidado Humano)