A Associação Brasileira de Bares e Restaurante de Pernambuco (Abrasel em PE) divulgou uma pesquisa sobre a situação econômica do setor de alimentação fora do lar no estado, realizada entre os dias 25 de março e 4 de abril de 2022, com empresários do segmento. Os números levantados comprovam que o setor ainda lida com as consequências financeiras geradas pela pandemia do novo coronavírus, porém, com expressiva melhora quando comparado ao mesmo período de 2021, época de mais riscos e restrições.

Segundo os dados, 45% dos estabelecimentos trabalharam com prejuízo de faturamento em fevereiro, um índice pior do que a média nacional, que registrou déficit de 38%. Apenas 21% dos bares e restaurantes pernambucanos obtiveram lucro e 34% apontaram estabilidade.

Além disso, das casas consultadas, 57% disseram que o faturamento de fevereiro foi menor que o do mês anterior, janeiro.

Mesmo ainda operando com um alto índice de prejuízo, a maior parte dos entrevistados, 52%, alegou que obteve um resultado melhor em fevereiro desde ano em comparação com fevereiro de 2021, um período mais crítico da pandemia. O que sinaliza uma recuperação gradual do setor, embora lenta.

“Nota-se um aumento real no faturamento das empresas e essa recuperação do setor é diretamente proporcional à redução das medidas restritivas pelo poder público. Nesta retomada do faturamento, lamentamos ter em torno de um terço das empresas operando no vermelho. Isso se dá por dois motivos, basicamente. O primeiro é o grande aumento do valor dos insumos, algo que muitos estabelecimentos não souberam como precificar ou tiveram receios de repassar aos consumidores; e o segundo é o delivery, uma realidade atual que representa um percentual alto do faturamento, e a precificação feita por muitas empresas para o serviço de entrega também é aquém da correta. Então o que estamos vendo é vários estabelecimentos com uma falsa impressão de estar trabalhando com o resultado positivo, porém quando vão conferir as contas, na verdade, estão no prejuízo”, explica Tony Sousa, presidente da Abrasel em PE.

O que explica outro dado relevante da pesquisa. Nela, 64% dos estabelecimentos consultados têm parcelas atrasadas do Simples Nacional, o sistema de tributação simplificada que facilita o recolhimento de contribuições das micro e médias empresas. Dos estabelecimentos em atraso, um dado preocupante: 12% afirmam não ter como resolver as pendências até 29 de abril, o prazo limite para aderir ao Relp – também conhecido como novo Refis –, o programa de renegociação de débitos.

O levantamento econômico da Abrasel em PE ainda revela a força que o delivery segue tendo com os bares e restaurantes de Pernambuco. No estado, a cada cinco estabelecimentos, quatro trabalham com entregas, o que corresponde a 84% do setor de alimentação fora do lar. 7% não fazem e outros 7% já fizeram, porém deixaram de ter o serviço.

Entre os que trabalham com serviço de delivery, 31% iniciou as entregas após o começo da pandemia. Ainda dentro do recorte, 85% utilizam plataformas especializadas, como os aplicativos de entrega, para a oferta do serviço. Destes, 94% está no Ifood, o que revela uma posição de extrema dominância do aplicativo. Antes da saída do Uber Eats do Brasil, um quarto das empresas, ou seja, 25%, vendiam pela plataforma.