Filmes e séries que exploram temas relacionados à saúde mental desempenham um papel significativo, contribuindo para a conscientização sobre o assunto, desfazendo estigmas e promovendo uma compreensão mais profunda dessas condições. 

Ao apresentar personagens enfrentando desafios de saúde mental, essas obras podem estimular diálogos abertos sobre o tema, tanto entre amigos e familiares quanto em nível social. As narrativas dessas obras frequentemente proporcionam identificação aos espectadores, facilitando a expressão de suas próprias lutas e desafios.

“Estamos caminhando para uma realidade em que falar sobre saúde mental já não é mais um tabu, e o cinema tem um grande potencial de contribuição para este debate. As pessoas estão cheias de problemas para resolver e com cada vez mais dificuldade de lidar com tudo o que acontece em suas vidas. Ver esses mesmos desafios e dificuldades em um personagem de cinema pode criar identificação, colaborando inclusive para a busca de soluções, como o suporte psicológico profissional”, menciona a psicanalista, CEO do Ipefem (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas) e autora do livro “Carreira sem Sofrer”, Ana Tomazelli. 

Aproveitando a pausa de final de ano e o recesso, reunimos a seguir dez dicas de filmes e séries que abordam o tema, para você maratonar. Confira!

1) Nise – O coração da loucura 

O filme traz uma reflexão sobre a psiquiatria e as práticas manicomiais no Brasil, tendo como fio condutor a batalha da médica Nise da Silveira, uma das precursoras no combate a formas agressivas e desumanas de tratamentos contra transtornos mentais, além de ser uma das primeiras mulheres a atuarem na psiquiatria no país e aluna de Carl Jung, um dos pais da psicanálise.

Por ter se envolvido na luta contra tratamentos abusivos, como eletrochoques e lobotomias, Nise foi “punida” e passou a trabalhar na área de terapia ocupacional, que era menosprezada pelos médicos. A médica viu uma oportunidade de repensar este tipo de terapia, passando a usar a arte como forma de tratamento, o que foi um marco no tratamento psiquiátrico oferecido no Brasil até aquele momento. Classificação: 12 anos.

2) Uma Mente Brilhante 

O drama norte-americano conta a história verídica de um famoso matemático, John Nash. O enredo do longa-metragem percorre sua trajetória acadêmica, a vida ao lado da esposa e como teve que lidar com a esquizofrenia ao longo de sua vida.

John Forbes Nash Jr. é reconhecido como gênio da matemática com apenas 21 anos, e logo começa a dar sinais de esquizofrenia. Nash usa seu conhecimento na matemática para tentar compreender se o que ele vê é real ou fruto da esquizofrenia. Após anos de luta contra a doença, o matemático conquista o prêmio Nobel de Economia. Classificação: 12 anos.

3) Divertidamente 

A celebrada animação da Pixar conta a história da pequena Riley, uma garotinha de 11 anos que passa por um momento conturbado em sua vida: a mudança de cidade e escola, além das transformações presentes na transição da infância para a pré-adolescência. 

O enredo se passa principalmente dentro da cabeça da menina, com a “atuação” de cinco emoções: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojo. Ao longo da animação, a vida da jovem vai se transformando radicalmente, e suas emoções tentam retomar o controle da situação após uma grande confusão envolvendo a Tristeza e a Alegria. Classificação: Livre.

4) As Vantagens de Ser Invisível 

Baseado no romance escrito por Stephen Chbosky, Charlie, um jovem simpático e ingênuo, enfrenta o delicado momento de lidar com o primeiro amor (Emma Watson), o suicídio de seu melhor amigo, e sua própria doença mental. Enquanto enfrenta todos estes momentos, o jovem luta para encontrar um grupo de pessoas com o qual ele se sinta pertencente. Classificação: 14 anos. 

5) Preciosa – Uma História de Esperança 

Preciosa é baseado no romance Push, de Sapphire, e conta a história de Claireece “Precious” Jones, com apenas 16 anos. A adolescente sofre abuso psicológico da mãe e também é abusada sexualmente pelo pai. Além disso, a jovem sofre também com discriminação, agressão, opressão e gordofobia no seu dia a dia.

Sem saber ler e nem escrever, Preciosa pensa em desistir de tudo, mas vê que pode haver uma chance de mudar de vida estudando em uma escola alternativa. Sob a orientação de sua nova professora, a Sra. Rain, a jovem começa o caminho da autodeterminação e superação. Classificação: 16 anos. 

6) Atypical

Uma série que é uma comédia dramática, apresentando um protagonista singular. Sam Gardner (interpretado pelo ator Keir Gilchrist) é um jovem diagnosticado dentro do espectro do autismo. Ele enfrenta desafios para se integrar em um mundo projetado para pessoas neurotípicas, cujo desenvolvimento neurológico é considerado “normal” em comparação com indivíduos autistas.

“Atypical” conquistou fãs em todo o mundo ao abordar de maneira sensível e envolvente as dificuldades enfrentadas por Sam, proporcionando uma compreensão e aceitação mais profundas de suas limitações. A série destaca a possibilidade de oferecer apoio e acolhimento às pessoas autistas, reconhecendo e atendendo às suas necessidades de maneira acolhedora.

7) You’re The Worst 

O que se inicia como uma simples comédia romântica voltada para millennials evolui gradualmente para um retrato impactante da depressão clínica, à medida que os desafios enfrentados pela protagonista Gretchen (Aya Cash) ganham destaque central a partir da segunda temporada. Suas ausências, momentos de choro e até considerações sobre o suicídio se tornam elementos marcantes na série, persistindo ao longo do tempo, o que mostra que a depressão clínica não é algo que se soluciona da noite para o dia. Classificação: 16 anos.

8) Ted Lasso

A trama dessa série gira em torno de Ted Lasso, interpretado por Jason Sudeikis, um treinador de futebol americano universitário que é contratado para treinar um time de futebol inglês, o AFC Richmond, apesar de ter pouca experiência no esporte e estar enfrentando um ambiente esportivo completamente diferente. O personagem principal é conhecido por sua positividade, otimismo e abordagem única para enfrentar os desafios, mas que também enfrenta uma ansiedade profunda e tem ataques de pânico, como retratado em um dos episódios. Porém, a história é leve, com humor afável e mensagens positivas, o que traz novas perspectivas para o tema. Classificação: 14 anos. 

9) Orange is The New Black

“Orange Is the New Black” é uma série de televisão americana que foi transmitida pela Netflix de 2013 a 2019. A série foi criada por Jenji Kohan e é baseada no livro de memórias homônimo de Piper Kerman. A narrativa gira em torno de Piper Chapman, interpretada por Taylor Schilling, que é condenada a cumprir pena em uma prisão federal por crimes relacionados ao tráfico de drogas ocorridos anos antes.

A série aborda diversas questões, incluindo as complexidades do sistema prisional, questões de raça, sexualidade, gênero e poder. Ao longo das temporadas, a série aborda temas como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), automutilação e vício. Ela destaca como as condições de vida na prisão, a solidão, as tensões sociais e os desafios diários têm um impacto significativo na saúde mental das detentas. Além disso, a série examina o tratamento inadequado, a estigmatização e a falta de recursos para o cuidado de saúde mental dentro do sistema prisional. Classificação: 18 anos. 

10) Coringa

“Coringa” é um filme de drama psicológico de 2019 dirigido por Todd Phillips e estrelado por Joaquin Phoenix no papel principal como Arthur Fleck, que mais tarde se torna o icônico vilão Coringa. 

A abordagem da saúde mental no filme é central para a narrativa. Arthur Fleck é retratado como alguém que sofre de várias condições mentais, incluindo riso patológico (uma condição médica conhecida como riso incontrolável e inapropriado) e transtorno do espectro da esquizofrenia. O personagem enfrenta uma série de desafios e é afetado por sua difícil relação com a realidade, experiências traumáticas e a falta de apoio adequado para sua saúde mental.

Ipefem
Fundado em 2019, o Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas – Ipefem atua em três pilares, que podem acontecer coordenadamente ou individualmente: pesquisa, educação e terapia. Em Pesquisas, considera-se todas as modalidades técnicas de pesquisa que considerem recortes por gênero, orientação sexual e saúde mental. Em Educação, o instituto tem a Comunidade Ipê, uma plataforma de educação à distância, baseada em Lifelong Learning, dedicada a aulas expositivas e micro conteúdos de impacto. Em Terapia, o instituto já atendeu milhares de pessoas, oferecendo apoio terapêutico individual ou em grupo, podendo ser atendimentos gratuitos ou com valores simbólicos acessíveis. Saiba mais:https://ipefem.org.br/

Ana Tomazelli, psicanalista e CEO do Ipefem (Instituto de Pesquisas & Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas), uma ONG de educação em saúde mental para mulheres no mercado de trabalho. Mentora de Carreiras, Executiva em Recursos Humanos, por mais de 20 anos, liderou reestruturações de RH dentro e fora do país. Com passagens pelas startups Scooto e B2Mamy, além de empresas tradicionais e consolidadas como UHG-Amil, Solera Holdings, KPMG e DASA (Diagnósticos da América S/A). Mestranda em Ciências da Religião pela PUC-SP e membro do grupo de pesquisa RELAPSO (Religião, Laço Social e Psicanálise) da Universidade de São Paulo, também é pós-graduada em Recursos Humanos pela FIA-USP e em Negócios pelo IBMEC-RJ. Formada em Jornalismo pela Laureate – Anhembi Morumbi.

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