Entre janeiro e junho de 2020, o número de transplantes de medula óssea realizados no país diminuiu 19,67% em relação ao mesmo período de 2019. É o que afirma a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Em 2019, foram realizados 1621 transplantes, entre eles, 1008 autólogos, quando as células-tronco do próprio paciente são removidas da medula óssea ou sangue periférico, e 613 alogênicos, quando as células-tronco vêm de um doador com composição genética semelhante. Já em 2020, houve um total de 1302 transplantes, 748 autólogos e 554 alogênicos. Ou seja, em relação a 2019 teve uma queda de 25% dos autólogos e 9% dos alogênicos.

Paciente assistida pelo Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer de Pernambuco (GAC-PE), Maria Eduarda Freire (15 anos) descobriu em agosto passado que está com Leucemia Linfoide Aguda (LLA), um tipo de câncer que acomete as células do sangue e a medula óssea. Ela precisa de um transplante de medula e deseja encontrar o seu doador. A mãe de Maria Eduarda, Wanessa Freire, acompanha a luta da sua filha contra o câncer. “Quando descobrimos, foi um choque para nós. Mudou a rotina dela e de toda a nossa família. Nosso desejo é que ela consiga um doador de medula óssea o mais rápido possível”, afirma.  

Segundo a médica oncologista pediátrica do Centro de Oncohematologia Pediátrica (CEONHPE) do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), Monique Martins, a medula óssea, encontrada no interior dos ossos, possui células tronco hematopoiéticas e é responsável por produzir os leucócitos (glóbulos brancos), as hemácias (glóbulos vermelhos) e as plaquetas. “Na infância, os transplantes de medula óssea são realizados normalmente nas crianças que fizeram o primeiro tratamento, mas que, por algum motivo, recaem à doença e, em seu segundo tratamento, precisam realizar o transplante”, explica Monique.  

Tanto em relação à doação de sangue, quanto no cadastro de doadores de medula óssea, a Fundação Hemope precisa abastecer o estoque. Em meio à pandemia da Covid-19, o estoque de sangue vem sofrendo com a ausência de doadores nos hemocentros. De acordo com a coordenadora do cadastramento de doadores do Hemope, Josiete Tavares, em 2020, Pernambuco teve uma queda no cadastramento de doadores de medula óssea de 36% em relação ao ano de 2019. Uma realidade que alcançou o Brasil em 35%.

Josiete afirma que todos os dias casos surgem com diagnóstico de paciente em busca de um doador para transplante na esperança de alimentar a sua continuidade de vida. “Convidamos a população para atender o nosso convite também à doação de sangue. Esse gesto leva esperança a quem precisa de uma transfusão”, finaliza.