Inchaço na mão, dedos, braço ou peito, sensação de peso no braço, pele seca e limitação das articulações são alguns dos sintomas que podem aparecer após a cirurgia de retirada de um câncer na mama. Os sinais são indicativos de linfedema, uma doença crônica causada pelo acúmulo de líquido linfático no tecido adiposo. A doença, além de afetar a saúde física do paciente, traz impactos negativos sobre a imagem corporal, afetando a qualidade de vida de homens e mulheres após o câncer de mama. Os sinais de linfedema podem aparecer dias após a cirurgia ou até mesmo em anos do pós-operatório. O controle da doença é essencial para garantir o bem-estar do paciente.

“O linfedema está associado a alterações no sistema linfático que é responsável pela defesa do organismo. O corpo tem uma rede de vasos e linfonodos que coletam e transportam o líquido linfático, a linfa, por todo o organismo. Durante a mastectomia, pode acontecer o esvaziamento axilar, ou seja, a remoção de linfonodos da axila. Dessa forma, o fluxo da linfa é alterado e, ao longo do tempo, o volume de líquido linfático pode ultrapassar a capacidade de drenagem, o que produz um acúmulo nos tecidos, causando o linfedema. Além disso, o tratamento de radioterapia também pode lesionar vasos linfáticos e linfonodos contribuindo com o aparecimento do linfedema”, detalha a angiologista e cirurgiã vascular Beth Moreno.

O diagnóstico do linfedema é clínico, feito com base nos sinais de aumento do volume em certas regiões do braço, a consistência da pele e o histórico do paciente com relação a infecções anteriores nos vasos linfáticos e a quantidade de linfonodos que foram retirados durante a mastectomia. O tratamento é feito com uma associação de fisioterapia, medicações flebotônicas e linfocinéticas, dieta restringindo alimentos inflamatórios e contenção elástica e inelástica. Também é necessário tomar alguns cuidados como não carregar peso, não puncionar a veia ou aferir a pressão no braço que fica do lado da mama em que foi realizada a cirurgia de retirada do tumor.

“Não existe uma maneira comprovada de garantir o não aparecimento do linfedema pós mastectomia, mas, graças a técnicas cirúrgicas mais modernas, tem sido possível diminuir a incidência dos casos, como a utilização da técnica de mapeamento reverso axilar que investiga os linfonodos que drenam o braço para que, se possível, o cirurgião evite a retirada desses linfonodos. Para diminuir o risco de linfedema, é importante manter um peso saudável, já que pacientes com obesidade têm um maior risco de desenvolver a doença, fazer exercícios físicos com a indicação médica, proteger a pele contra queimaduras e infecções, além de fazer consultas regulares, incluindo o rastreamento para linfedema. Se aparecer alguma alteração no braço, como tamanho, cor ou temperatura é necessário comunicar imediatamente ao especialista. O controle do linfedema é essencial para garantir qualidade de vida ao paciente após a mastectomia”, enfatiza a cirurgiã vascular Beth Moreno.

Dra. Beth Moreno é angiologista e cirurgiã vascular, possui referência no tratamento das varizes com laser e espuma e no tratamento da veia safena com o endolaser. Título de especialista em cirurgia vascular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular. Integra a equipe de cirurgia vascular do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira  (IMIP). Instagram: @bethmorenovascular