Os perigos da automedicação em crianças são muitos, entretanto, apesar dos riscos, muitas pessoas insistem em administrar medicamentos sem a devida recomendação médica. Principalmente durante as viagens em família, é comum os pais levarem medicamentos para utilizarem em caso de necessidade. A farmacêutica e docente do curso de Farmácia da Estácio, Patrícia Quirino, alerta que o uso de remédios sem prescrição pode trazer graves consequências para a criança e efeitos colaterais indesejáveis.

A farmacêutica explica que na infância, período que compreende a faixa etária de 0 a 12 anos, acontecem mudanças significativas. “A quantidade de água no corpo, pode variar até 75%, em recém-nascido à termo, ou seja, a criança que nasce no período normal de gestação. Já nos bebês prematuros, esse volume de água no corpo é de 90%. Esse líquido no corpo no primeiro ano de vida, começa a diminuir e vai interferir nas medicações que são hidrossolúveis, que só se solubilizam com água”, pontua.  

Patrícia faz um alerta para as intoxicações, pois os medicamentos, se não utilizados em doses adequadas, podem provocar sérios danos. Além disso, se a dose for muito baixa, pode não ser suficiente para tratar um problema. Outro ponto importante que merece destaque é a intoxicação acidental devido à presença de medicamentos nas residências. “Muitos medicamentos são coloridos e adocicados, o que pode atrair a atenção da criança, que pode fazer seu uso quando um responsável não estiver presente. Além disso, muitos adultos oferecem medicamentos para crianças dizendo que se trata de balas, o que pode fazê-las pensar que se trata de algo inofensivo e que pode ser consumido sem nenhum problema”, diz 

A especialista salienta ainda que para cada idade existe um cuidado necessário. Por exemplo, a partir dos sete anos de idade, algumas crianças já conseguem fazer o uso da medicação em comprimido. “É importante pedir orientação ao farmacêutico, para que esse profissional oriente a melhor forma de administração dessa medicação. A partir daí, poderá ser avaliado o melhor horário, se essa criança já está fazendo uso de outro medicamento. Quando existem outras dúvidas, o farmacêutico também pode entrar em contato com o médico, e juntos irão encontrar o tratamento adequado”, finaliza.