Sigla para token não-fungível, em português, surgiu em 2017 e tem se valorizado desde 2020 

Por meio da empresa Dapper Labs, que lá em 2017 comercializava CryptoKitties – nada mais que desenhos colecionáveis de gatos –, nasceu o NFT. Os CryptoKitties viraram febre na época e chegaram a movimentar centenas de milhares de dólares, até perderem a graça e despencarem de preço. Mas o modelo voltou à tona em 2020 com uma repentina valorização. 

“Podemos especular sobre os motivos da volta da popularidade das NFTs”, explica André Falcão, analista da Múltiplos Investimentos. “Um deles pode ser a alta liquidez global, ou seja, os estímulos monetários de governos, como o dos EUA, têm criado milhares de novos investidores e especuladores, que têm estimulado diversos tipos de investimentos. Outro fator, pode ser a força que os NFTs vêm ganhando entre artistas, que os utilizam para vender suas obras.” 

Estes artistas vêm percebendo uma oportunidade de vender as versões virtuais de suas obras através dos tokens. Coisas que antes não podiam ser precificadas – como uma foto no Instagram – agora podem ser vendidas como um NFT. Em um caso recente, o artista virtual Beeple leiloou um quadro de US$69 milhões. A foto desse quadro pode ser baixada por qualquer um, mas a propriedade agora é do comprador, que pode atestá-la através da transação via NFT. 

“É ótimo para o artista, porém, olhando de fora parece estranho que as pessoas paguem por algo como uma foto, que pode ser copiada e replicada diversas vezes. A explicação é que o NFT garante a propriedade única da versão “original” de uma obra, imagem ou vídeo. Em uma comparação muito simplificada, uma foto do quadro da Mona Lisa não vale nada, apesar de, teoricamente, transmitir a mesma informação visual (ou quase a mesma, para os amantes da arte). Entretanto, a propriedade da obra original pode ser vendida por milhões”, detalha André. 

Mas isso é considerado investimento? Além dos artistas e colecionadores, a febre dos NFTs vêm atraindo muitos especuladores que querem lucrar com as possíveis disparadas de preços e não necessariamente enxergam valor nesse tipo de ativo. 

“De certa forma, NFTs podem sim ser consideradas um investimento. Porém, de altíssimo risco, que não deveria ser considerado por quem não tem experiência e entendimento profundo sobre o tema. Apesar de não existir nenhuma barreira de entrada para o público em geral, acreditamos que se trata de um mercado muito incipiente onde é difícil entender os riscos presentes e o verdadeiro potencial. Especialmente para quem não está habituado a investimento em mercados mais equiparáveis, como o de arte”, conclui Falcão.