Estudos com casos reais foram debatidos na 65ª Reunião Anual da Sociedade Americana de Hematologia

O tratamento para o Linfoma de Células do Manto (LCM) foi assunto na 65ª Reunião Anual da Sociedade Americana de Hematologia (ASH), que aconteceu na semana passada, na Califórnia (USA). A doença, além de ser incurável, é clinicamente agressiva e desafiadora, não respondendo de forma satisfatória à quimioterapia padrão, tendo uma alta taxa de recidiva (retorno).

De acordo com a hematologista da Multihemo Oncoclínicas, Carolina Militão, que acompanhou as discussões no Congresso, foram apresentados estudos de casos reais sobre esse tipo de linfoma, que irão ajudar, na prática, os especialistas. O primeiro deles, liderado pela Universidade de Colorado (USA), analisou se o tratamento que combina o uso do rituximabe associado à bendamustina, – considerado mais tradicional e usual -, é suficiente para pacientes que tenham LCM ou se seria preciso, ainda, a utilização de um inibidor de BTKi (ibrutinibe) para ter uma resposta mais efetiva. Ao todo, 434 pessoas participaram do estudo. “O resultado mostrou que não houve diferença em relação à sobrevida livre de progressão entre os dois braços do estudo, o que mantém o tratamento atual, com a combinação de rituximabe e bendamustina e, em caso de recaída, o uso do ibrutinibe ou outro inibidor de BTKi”, explica a especialista.

Outro estudo, liderado pelo Departamento de Hematologia do Instituto Curie (França), abordou o uso do marcador de prognóstico, POD24, que avalia as recidivas antes e depois de 24 meses da doença. “O POD 24 é muito utilizado no linfoma folicular, mas no LCM não era um fator prognóstico. Com essa pesquisa, concluiu-se que ele pode ser usado como marcador”. A análise, da qual participaram 1280 pessoas, também mostrou que se os pacientes de LCM recaírem da doença nos primeiros 24 meses, terão um desfecho pior do que aqueles que recaem após esse período.

Sobre Linfoma de Células de Manto (LCM) – O   Linfoma do Manto é um subtipo raro de linfoma não-Hodgkin de células B, que representa de 3% a 10% das malignidades de células B. Apresenta-se frequentemente em adultos idosos, com predominância nos homens e, na maioria das vezes, é do tipo indolente (de crescimento lento), embora apresente comportamento agressivo, em alguns casos.   

O LCM recebe esse título porque as células tumorais se originam na “zona do manto” do nódulo linfático.