Conheça a trajetória de nordestinas de Pernambuco e da Paraíba que desenvolvem software e aplicativos para diversos países e suas opiniões para reverter o quadro mundial de baixa inserção feminina no setor

Nos últimos cinco anos o número de mulheres trabalhando com tecnologia aumentou 60%, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). No entanto, embora estudos apontem que 85% das mulheres a partir de 10 anos utilizam mais a internet que os homens (77%), segundo a plataforma Melhor Plano, o público feminino ainda marca pouca presença trabalhando no setor de tecnologia e na construção das ferramentas digitais. Com trajetórias diferentes, duas programadoras da Região Metropolitana do Recife (PE) e do interior do estado da Paraíba contam como elas lidam com as barreiras de gênero e as perspectivas de que mulheres ganhem cada vez mais espaço no mercado de tecnologia do Brasil.

Para a desenvolvedora de software Weslane Almeida, 35 anos, que reside no município de São Bento, interior da Paraíba, o incentivo das mulheres no setor deve começar na escola. “Temos uma carência de incentivos na educação básica para esse fator mais lógico. Observando nos dias de hoje, há iniciação eletrônica e a tecnologia desde muito cedo. Como o acesso a tecnologia está bem mais fácil, não há mais barreiras para homens ou mulheres. Hoje, meninos e meninas já nascem com o celular na mão. Às vezes sabem mexer mais que os pais. Essas barreiras vão diminuir cada vez mais”, opina.

Já a desenvolvedora de software Fernanda Santos, 23 anos, que antes de se dedicar a tecnologia se graduou em Direito na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), no Recife, lembra que desde criança ouvia sobre “profissões de homem e profissões de mulher”. 

“Eu cresci ouvindo da família e de pessoas em geral, que determinadas áreas eram mais difíceis para as mulheres. Acredito que existem muitos padrões definidos do que são profissões masculinas ou femininas. Essa mudança tem que ser feita pela sociedade. Mas também acredito que parte das mulheres quererem conseguir superar esses obstáculos”, comentou.

De acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 40% dos graduados em ciência da computação e informática são do sexo feminino em todo o mundo. Ou seja, poucas mulheres procuram se qualificar na área. Diante de uma cultura em que mulheres não são incentivadas a trabalhar no setor de tecnologia, inseri-las no setor é importante para a construção de uma sociedade plural e justa. 

“Eu considero que uma forma de incentivarmos que mais mulheres venham para tecnologia, é a realização de campanhas que possam agregar às nossas estudantes a conhecer a área. Há uma romantização das coisas, e, não é bem assim. Existem as dificuldades que todas as áreas têm. É preciso aumentar a inserção feminina na área apresentando as mulheres desde muito cedo ao que é a programação. É o que eu vejo como saída”, opina Almeida.

“É muito importante começar o básico nas escolas, para que possamos desenvolver melhor as alunas. A aplicação de disciplinas nas escolas nessa fase seria uma coisa interessante. Mesmo se a família não tiver noção de como funciona a área de tecnologia elas vão ter um suporte escolar para mostrar sobre o setor”, completa Santos. 

Ambas as programadoras são exemplos da presença feminina em cargos de tecnologia no cenário brasileiro. Ao total, 17 mulheres trabalham com tecnologia em algum nível na Locus Custom Software, de vários lugares do Brasil, desenvolvendo soluções para empresas da Europa, América do Norte e América Latina.

No cenário mundial, os dados sobre a presença digital apontam que a proporção de mulheres que utilizam a internet globalmente é de 57%, em comparação com 62% dos homens. De acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência especializada das Nações Unidas para tecnologias de informação e comunicação, em termos relativos, isto significa que a diferença de gênero no uso global da Internet se situa em 8%, dados que também refletem os bastidores do mercado de tecnologia. 

Além de trazer mais equidade, a busca pela diversidade traz excelentes resultados sociais na construção de plataformas digitais que respeitem e atendam as necessidades das mulheres brasileiras e do mundo. “As mulheres devem acreditar em seus potenciais. Não devem se sentir oprimidas”, diz Fernanda Santos. “É importante apresentar um pouco mais cedo a programação aos estudantes. Está na hora de colocarmos a programação na grade curricular do ensino fundamental”, finaliza Weslane Almeida.

SOBRE
A Locus Custom Software é uma software house brasileira, com sede no Recife (PE), e atuação global. A empresa existe desde 2014, e desenvolve aplicativos, softwares, designs e soluções estratégicas para iniciativas, produtos e companhias no ambiente digital.