A edição de junho da Casa Voguerevela a natureza selvagem de uma residência de veraneio situada na remota Baía Frederick Henry, na Tasmânia. Há uma inquietação latente na região: enquanto o panorama rochoso, a relva e os arbustos baixos sugerem um cenário pacato, a imprevisibilidade do mar, conhecido ancestralmente como um dos mais penosos de navegar, provoca sempre certo tumulto. Não à toa, algumas praias de lá recebem surfistas desbravadores, incluindo os proprietários desta casa de 294 m², e o próprio arquiteto que a projetou, Stuart Tanner, titular do Tanner Architects.

“O cliente entrou em contato comigo pouco antes de encontrar o local, pois já estávamos discutindo opções na ilha. Essa região, ao sul de Hobart [capital do estado da Tasmânia], possui antigas terras agrícolas costeiras praticamente vazias, que pertenceram a um mesmo clã por gerações. Originalmente, fazia parte da província de Moomairemener, dos nossos povos nativos”, conta Tanner.

O ruído da arrebentação e o extenso gramado inspiraram a família, original de Sydney, a encomendar um refúgio de veraneio que não interferisse na topografia da encosta e fosse, de preferência, térreo – o que, por sorte, já constava dos planos do arquiteto. Ele desenhou, então, uma estrutura delicada, quase tímida diante da grandiosidade da natureza. “A residência se posiciona no contorno do pasto, sublinhando a paisagem”, explica o arquiteto.

O uso de materiais locais e reaproveitados, como as pedras diabásio que envolvem a lareira e as madeiras de velhos deques a revestir o quintal, também integrou o processo de implantação. “No sentido mais amplo, eu diria que arquitetura é altamente consciente de seu impacto por manter a discrição e fundir-se no contexto”, comenta Tanner.

O aspecto contemporâneo do mobiliário e das artes, por sua vez, ressalta o estilo elegante dos moradores, sem roubar o protagonismo da localidade – à qual a designer Indi Jones, do escritório SBA Architects, se refere com reverência. “A Tasmânia proporciona essa sensação selvagem e livre, pura e misteriosa”, interpreta. “Escolhemos peças e cores que enaltecem a vista e não competem com ela. Esses elementos precisavam se comportar de maneira secundária ao horizonte”, conclui, com a certeza de ter acertado nas proporções.

A matéria completa pode ser conferida na edição de junho de Casa Vogue, já disponível nas bancas de todo o país.

Desígnios, um podcast de Casa Vogue 

Para quem também se pauta pela sustentabilidade, Casa Vogue apresenta “Desejo por Design”, nova série de entrevistas do podcast Desígnios, que traz conversas inspiradoras com alguns dos vencedores do prêmio Casa Vogue Design sobre questões que pautam as produções contemporâneas brasileiras. 

Em seu último episódio, episódio veiculado em 16 de junho, a apresentadora e redatora-chefe de Casa Vogue Marianne Wenzel, recebe Patricia Anastassiadis, arquiteta e designer, e vencedora da categoria “Designer do Ano” do Prêmio Casa Vogue Design 2021, em um bate-papo sobre a relação entre o design e a indústria. Com duração média de 20 minutos por episódio, Desejo por Design está disponível nas plataformas Spotify e Deezer.