Ouvir professores alfabetizadores e avaliar os conhecimentos e habilidades das crianças em busca de subsídios para uma política nacional de alfabetização. É essa a intenção de uma pesquisa anunciada nesta quarta, 22/3, pelo ministro da Educação, Camilo Santana.
A apresentação da metodologia da pesquisa ocorreu durante o encontro “Alfabetiza Brasil: diretrizes para uma política nacional de alfabetização” que reuniu representantes do Conselho Nacional de Educação (CNE), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), entidades educacionais e professores alfabetizadores.
“O Brasil é um dos países mais desiguais do planeta. Nossa missão é reconstruir e implementar políticas que busquem a justiça social. Temos compromisso com a educação básica”, afirmou o ministro Camilo Santana.
A pesquisa será aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) entre 15 e 23 de abril 2023, em cinco capitais, com representantes de 291 municípios com bons resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A previsão é de que os resultados sejam entregues em maio.
Vão participar 341 professores alfabetizadores e representantes de secretarias municipais de educação de todos os estados e do Distrito Federal. A aplicação será em cinco capitais-sede, uma por região: Belém (PA); Recife (PE); Brasília (DF); São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).
“Mais do que fixar metas quantitativas e qualitativas, entenderemos como se encontram, hoje, as habilidades de escrita e a fluência em leitura das nossas crianças”, afirmou o presidente do Inep, Manuel Palácios.
Para o presidente do CNE, Luiz Roberto Liza Curi, a conclusão da pesquisa também será relevante para criar diretrizes na formação do corpo docente da educação básica. “É uma construção coletiva e integrada, em que os professores acompanham a trajetória completa do estudante”, destacou.
METODOLOGIA – O Inep vai apresentar aos professores tarefas elaboradas com referência no nível de conhecimento esperado de estudantes do 2º ano do ensino fundamental em língua portuguesa, considerando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os docentes deverão responder, a partir das suas experiências, se estudantes alfabetizados são capazes de realizar as tarefas apresentadas.
Serão avaliadas as seguintes habilidades: domínio das convenções gráficas, conhecimento do alfabeto, decodificação de palavras e textos, fluência e rapidez na leitura, produção textual com autonomia, apropriação da língua portuguesa.
A primeira etapa ocorrerá com os professores alfabetizadores que estão na sala de aula e trabalham diretamente com as crianças. Nesse momento, o estudo contará com o apoio da Universidade de Brasília (UnB) e usará o método Angoff, que consiste no julgamento do nível de dificuldade dos itens que compõem a avaliação, por um grupo de especialistas.
Na sequência, os resultados serão analisados com outras evidências derivadas dos testes de língua portuguesa do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) aplicados no 2º ano do ensino fundamental (parâmetros psicométricos dos itens, matriz e escala da avaliação), em painel de especialistas que indicarão a linha de corte para a alfabetização na idade certa.