Prevenção se dá com a vacinação, sexo seguro e o exame do papanicolau como teste de rastreio

Além do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, o terceiro mês do ano também se dedica à saúde feminina, através da campanha Março Lilás. O objetivo do movimento é conscientizar a população sobre a prevenção e combate do câncer do colo do útero. Este é o terceiro tipo de câncer mais incidente em mulheres no Brasil. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), no triênio 2023/2025 são estimados 17 mil novos casos da doença, o que representa uma taxa de incidência de 15 casos a cada 100 mil mulheres.

De acordo com a ginecologista e professora da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão, Helaine Rosenthal, o câncer do colo do útero está associado ao vírus HPV, que possui mais de 100 subtipos. “Alguns são potencialmente oncogênicos, aqueles que podem levar ao câncer, outros podem levar a, por exemplo, a formação de verrugas genitais, que é o chamado condiloma, mais conhecido como crista de galo, e outros menos ofensivos não levam a nenhum tipo de câncer. Os mais potencialmente oncogênicos geralmente são o subtipo 16 e 18”, explica.

Como a transmissão do HPV acontece somente via sexual, para o desenvolvimento do câncer do colo do útero a primeira questão a saber são os fatores de risco que podem levar a mulher ao contato com o vírus: vida sexual iniciada precocemente, múltiplos parceiros e sexo sem proteção. “A infecção pelo HPV não provoca sintomas. A doença leva alguns anos para se desenvolver e depende da imunidade de cada pessoa. Por exemplo, uma mulher pode ter tido contato com o vírus aos 14 anos, no início da vida sexual, e só apresentar alguma lesão no colo do útero 10 ou 15 anos depois. Já quando o câncer se instala, aparecem sintomas, como sangramento, dor na relação sexual e dificuldade no esvaziamento da bexiga”, informa ela.

A prevenção do HPV e consequentemente de um possível câncer do colo do útero se dá através da atividade sexual protegida, com o uso de preservativo masculino ou feminino. Além disso, também é de fundamental importância todas as mulheres com vida sexual ativa, a partir dos 25 anos, fazerem anualmente o exame Papanicolau, ofertado pelo SUS, para rastrear uma possível lesão no colo provocada pelo vírus. O protocolo do Ministério da Saúde é fazer duas coletas no intervalo de um ano e se der negativo, é preciso fazer a cada três anos. “Quando a mulher realiza o exame de rastreio, conforme o protocolo, ela estará se protegendo de uma doença invasiva. O câncer do colo do útero é 100% curável ainda no estágio inicial”, afirma a professora da Afya Jaboatão.

A médica fala ainda que outra forma de prevenção do câncer do colo do útero é a vacinação, que protege contra os principais subtipos, os que são potencialmente oncogênicos. “O que fez realmente o Brasil sair do primeiro lugar na mortalidade da mulher com câncer do colo do útero e passar para o terceiro lugar, sem dúvida nenhuma, é a vacina contra o HPV, que é ofertada tanto pelo SUS como pela rede privada de saúde”, ressalta. A vacina deve ser aplicada em meninos e meninas de 9 aos 14 anos de idade, independente se tenham tido ou não contato com o HPV, ou seja, não é obrigado serem virgens. Mulheres imunossuprimidas também podem se vacinar até os 45 anos de idade, pelo SUS.

“O contato com o vírus pode levar a uma imunidade, que não é permanente. O que faz desenvolver o câncer ou não, além da potencialidade do vírus, é a imunidade própria de cada mulher. No entanto, se ela tiver relação sexual desprotegida com outro parceiro e tenha contato com o mesmo subtipo do HPV, pode adquirir a doença. O que proporciona a imunidade permanente é só a vacinação”, frisa a ginecologista e professora da Afya Jaboatão, Helaine Rosenthal.