Museu gerido pela Prefeitura do Recife foi um dos vencedores da premiação concedida pela Associação Brasileira de Críticos de Arte, pela potência de sua programação e por sua atividade no campo das artes visuais
O Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM) é um dos vencedores do Prêmio ABCA 2019/2020, concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte, que celebra anualmente os destaques do cenário das artes visuais que mais contribuíram para a cultura nacional. Único museu nordestino a participar por três anos consecutivos da SP-Arte e único representante da região a ter seu acervo disponibilizado na seção de Arte Moderna da plataforma virtual Google Arts and Culture, o equipamento mantido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife, confirma sua projeção no mercado nacional de artes visuais, inserindo o Recife no mapa dos mais importantes e atuantes equipamentos culturais do país.
O MAMAM foi contemplado na categoria Rodrigo Mello Franco de Andrade, pela potência de sua programação e por sua atividade no campo das artes visuais em 2019.
Em função da pandemia, esta edição do prêmio teve votação e apuração virtuais, congraçando pela internet os cerca de 150 associados, com a participação e supervisão da diretoria da ABCA. Também devido à doença, não há definições sobre a data da cerimônia para entrega dos troféus, criados pela artista Maria Bonomi, aos vencedores.
Primeira associação no campo das artes visuais no Brasil, a ABCA pratica e milita a resistência pela arte no Brasil desde 1950, tendo enfrentado anos férteis e anos difíceis, anos pandêmicos e até de chumbo pelo caminho, mantendo-se atuante, pertinente e relevante no cenário artístico nacional. A premiação anual foi instituída em 1978 para celebrar e projetar personalidades e instituições que se destacam na defesa e desenvolvimento das artes visuais no País.
Para a gestora do MAMAM, Mabel Medeiros, a premiação confirma a relevância e urgência do caminho fêmea escolhido para o equipamento nos últimos anos. “Desde novembro de 2018, quando assumi a direção do Museu, venho considerando como norte as políticas que possibilitem a condição de equidade de gênero. Toda a equipe do MAMAM, de maioria feminina, vem desenvolvendo e promovendo ações de pesquisa, debates e oficinas tendo esses públicos como alvo, além da própria pauta de exposições e projetos institucionais. Ao longo do ano passado, contemplado pela premiação, a programação expositiva assegurou foco à produção de artistas mulheres, garantindo exposições individuais e coletivas de grande porte. Realizamos nove exposições, sendo cinco individuais de artistas mulheres. Além disso, negociamos que ações coletivas de produções externas, para as quais cedemos espaço, contemplassem a produção feminina”, conta Mabel, que celebra a diversidade como outra tônica da política curatorial do museu. “Abrimos o MAMAM para ações de outras linguagens: performances em dança, espetáculos de teatro, batalha de MCs. Acreditamos que essa diversidade de ações não se encerra no espaço do Museu, mas tem potencial de reverberar. Ela acontece como estratégia social e simbólica, fazendo nossa atuação mais ampla e plural.”
Sobre o MAMAM – O Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM) data de 24 de julho de 1997, quando a antiga Galeria Metropolitana de Arte Aloisio Magalhães ganhou status de museu, homenageando o artista plástico, designer e ativista cultural pernambucano. Instalado em um antigo casarão do século XIX, o MAMAM possui sete salas de exposição, invariavelmente ocupadas por artistas de várias gerações e partes do país, que comungam da arte como discurso político para questionar, refletir e mudar o mundo. Subvertendo os limites dos espaços expositivos, o museu oferece uma programação regular de debates, saraus e ativações diversas para transcender os usos, estratégias e linguagens que a arte assume para conversar com os mais variados públicos, chegando a ser palco para espetáculos teatrais.
Em suas paredes e práticas, conjuga a arte em todos os tempos. Com mais de mil trabalhos em sua reversa técnica, que abrangem um período histórico compreendido entre 1920 e 2016, o MAMAM salvaguarda capítulos importantes da história das artes visuais no Nordeste e no país. Deste acervo, fazem parte obras fundamentais para a compreensão da arte moderna e contemporânea brasileira, de renomados artistas, dentre os quais se destacam-se: Tomie Ohtake, João Câmara (com a série “Cenas da Vida Brasileira”), Fédora do Rego Monteiro, Gil Vicente, Abelardo da Hora, Tarsila do Amaral, Juliana Notari, Marienne Peretti , Tereza Costa Rêgo, Gilvan Samico e Paulo Bruscky, além do patrono da casa, Aloisio Magalhães.