O isolamento em casa e o descaso dos governos diante de tantas mortes – de pessoas, da Amazônia – viram combustível para a incensada nova faixa “Calma (leia na placa)”, um grito de resistência da cantora Maíra Garrido ao lado de Nathan Leitão. A parceria é um lançamento do selo Peneira Musical, já disponível nas principais plataformas de streaming.

Ouça “Calma (leia na placa)”: https://ps.onerpm.com/calmaleianaplaca 

Assinando juntos letra, música e interpretação, Maíra e Nathan concretizam uma colaboração desejada há anos – mesmo que à distância. Em meio à guitarra, que ora se intensifica e ora chora, “Calma” traz em seu título uma antítese. Diante da barbárie, não há silêncio possível. A canção usa exemplos reais e recentes – entre mortes, queimadas, mentiras e impunidade – para se posicionar contra o conformismo: “Não pode sonhar / Tem que se acostumar / Saber se adaptar”.

“Quando a razão cala, resta a arte, e essa música nasce da necessidade de denunciar a aflição do brasileiro e da inconformidade com essa onda de ‘bem-estar’ imposto mesmo num momento tão claramente desconfortável”, resume Garrido. O single conta também com arranjo de Guilherme Borges e guitarra, baixo, mixagem e masterização de Rodrigo Paschoal.

Maira é cantora, atriz, compositora, instrumentista, professora e preparadora vocal, bacharel em canto pela UNIRIO e técnica em artes cênicas pela CAL. Com experiência em diversos corais e musicais, a cantora vem investindo na sua carreira solo nos últimos anos. Atuou também como vocalista do grupo Reflexos, que ganhou o prêmio de melhor banda no festival do Zimba, onde Maíra recebeu também o troféu de melhor intérprete. Junto à coletiva  As Minas, teve a oportunidade de compor, atuar e cantar, além de realizar direção musical do espetáculo “Eu (quase) morri afogada várias vezes”. Também assinou direção musical e composição no espetáculo “Menines”, que ficou em cartaz em 2019 no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Seu primeiro show solo, ainda com músicas cover, estreou em dezembro de 2015. Em 2019, Maíra Garrido lançou em todas as plataformas digitais o seu primeiro single autoral “Cada Não Seu”, seguido de “Meu Próprio Deus”. Maíra Garrido faz do feminismo, da luta contra a gordofobia e da promoção dos direitos LGBTQIA+ suas bandeiras. Agora, a cantora solidifica essa musicalidade e personalidade em “Calma (leia na placa)”, já disponível em todas as plataformas de streaming.

Ouça “Calma (leia na placa)”: https://ps.onerpm.com/calmaleianaplaca 

Crédito: Júlia Assis

Ficha técnica

Composição: Maíra Garrido e Nathan Leitão

Intérpretes: Maíra Garrido e Nathan Leitão

Arranjo: Guilherme Borges

Programação eletrônica: Nathan Leitão

Guitarra/baixo: Rodrigo Paschoal 

Mixagem e Masterização: Rodrigo Paschoal

Técnico de som/gravação: Nathan Leitão

Produção Artística: Maíra Garrido

Capa: Yasmin Lima

Letra

Leia na placa 

Não pode sonhar 

Tem que se acostumar 

Saber se adaptar

Leia na placa 

Que eu acabei de inventar

Que pra perseverar

Vai ter que entubar

Eu to me sentindo cansada

Eu não aguento mais

Minha garganta engasgada

Só quer pedir paz

Há tantos meses trancada

Buscando sinais

De que as minhas preocupações 

São normais

Se morre gente, não importa

Porra, muito legais! 

E o pior é que os descasos

São governamentais

Os meus piores pesadelos

Se tornaram reais

Minha vontade é explodir 

Talvez eu seja capaz

Calma,

Calma na alma

Não me serve mais

O meu silêncio é conivente com os seu ideais

Calma,

Por que pede calma?

Não lê os jornais?

Por causa da tua calma, morre gente demais.

Pra lá

De 130 mil cairão à direita

Pra cá, discurso de imbecil que receita

Veneno que sobrou eles vendem

Culpando a serpente, enquanto mente pelos dentes

E o riso amarelo corre solto

Como os ditos boatos que declaram mais um morto

São fatos 

Que tentam vendar

Como fizeram com metade do país que agora ensaia acordar

Os sinais, já vimos

Nosso cais, poluímos

Esse drama assistimos

Esse caos que suprimimos (queima)

Como pantanais que extinguimos (queima)

Como ontem foi com a Amazônia (queima)

Como devia ser com a Babilônia (queima)

Então queima como o Palácio do Planalto poderia

Queima queima queima, estanca logo essa sangria

Porque o castelo construído pra gringo é de Jacarandá

Mas vamos protegendo essa terra tipo boitatá

Pra quem só vê lucro, a nossa alma mais valia

Então leia nessa placa que custou mais uma vida

Leia na placa

Não pode falar 

Vamos te doutrinar

Não precisa pensar 

Leia na placa

Vamos te censurar

Só queremos te usar

Depois te silenciar 

Calma,

Calma na alma

Não me serve mais

O meu silêncio é conivente com os seu ideais

Calma,

Por que pede calma?

Não lê os jornais?

Por causa da tua calma, morre gente demais