O guitarrista, produtor, cantor, compositor e arranjador Lucas Vasconcellos faz um retorno às origens em “Teoria da Terra Plena”, seu quarto álbum solo. Conhecido por integrar projetos variados – da intimidade de Letuce à imponência da Legião Urbana -, o artista faz desse trabalho um reencontro com canções de foro íntimo, inspiradas por uma mudança de ares: de um Rio de Janeiro ruidoso e tão presente em seus últimos lançamentos, para as montanhas da serra fluminense. O resultado, como o título entrega, é um álbum que se encontra nas pequenas coisas, sem abrir mão de olhar o mundo (ainda ruidoso) lá fora.

Ouça “Teoria da Terra Plena”: https://tratore.ffm.to/teoria-da-terra-plena

“Teoria da Terra Plena” marca a reconexão de Lucas Vasconcellos com os instrumentos acústicos. Após uma fase marcada por muitas experimentações com elementos eletrônicos e longos períodos excursionando pelo país, o músico se volta para seu home studio, onde criou ao longo dos últimos quatro anos – não apenas suas próprias canções, mas também realizou a produção de discos de músicos independentes. A lírica do álbum exalta o bucólico como o seu verdadeiro lugar de criação e liberdade.

“Esse disco nasceu pra ser minha conexão com o presente. Sempre me senti, como compositor, de alguma maneira aprisionado pelas memórias ou muito ansioso por acontecimentos. Raras vezes na minha vida de criador eu consegui ter essa paz de olhar pra um trabalho meu e sentir que ele traduz o meu presente, sem urgências e sem nostalgias. Acho que esse é o traço matricial desse trabalho”, entrega Lucas. “Fazer um disco, no tempo de hoje, com o mundo desse jeito e sobretudo o Brasil do jeito que se encontra, culturalmente abandonado e marginalizado, me trouxe um desejo de ar, de respirar. Pude experimentar um pouco dessa sensação privilegiada de contato com a natureza, de fruição do silêncio, de poder olhar pra dentro e ressignificar os acontecimentos sociais de uma maneira menos afetada, mais íntima”, completa.

Assista ao vídeo acústico “Eu Vou Sequestrar Você”: https://youtu.be/2BKIBM5_WNg

Entre “Silenciosamente” (2016), seu terceiro disco solo, e 2021, o ecossistema da música tornou-se mais: mais dependente das redes sociais para divulgação de artistas independentes, mais focado nos lançamentos digitais. Com uma presença online mais serena, Lucas não se força ao ajuste “ao novo”, mas também não pretende levantar voz contra ele. Conformado e em paz, canta “As coisas são assim… As coisas são porque são/ E a gente aceita ou não/ E a vida vai passando mesmo sem a gente querer”.

Por outro lado, as tecnologias da comunicação não só lhe são bem-vindas como tornam possível a vida distante da cidade. Graças a elas, seu isolamento, que começou muito antes da atual pandemia, não foi tão isolado assim. Composições e gravações feitas com parceiros de forma remota pontuam todo o processo de criação do álbum.

Assista ao vídeo acústico “O Contorno das Nuvens”: https://youtu.be/94SLyrrAo3k

A composição do disco começou com a música “Forest And TV On Demand”. É sua música de despedida do mundo eletrônico como elemento predominante, característica que marcou seu trabalho em 2016 e 2017. Além disso, nela Lucas foi, sozinho, compositor, arranjador e finalizador. Já na serra, nas manhãs de improvisação ao piano em casa, nasceram as primeiras canções na nova residência: “Somos esse trem”, “Fumaça dos carros” e “Terra Plena”. Não por acaso, suas letras refletem o deslumbramento do artista com sua nova vida. A partir daí, as composições nasceram com arranjos cada vez mais orgânicos e menos eletrônicos.

A visita de Letícia Novaes (Letrux) ao novo lar não poderia deixar de resultar em música. Compositora que mais assina canções com Lucas, ainda dividiu com ele anos de convivência  e a banda Letuce (2008-2017). Em “Falem”, eles se divertem com as fofocas sobre os relacionamentos amorosos que inundam o mundo virtual.

“O Som do Futuro” e “Eu vou sequestrar você” encerram uma jornada de criação longa, profícua e cheia de curvas e espaçamentos temporais, acompanhados de perto pela empresária de Lucas, a produtora Eveline Maria, que assumiu a direção artística do disco desde o primeiro momento. Completando as parcerias não-musicais, a capa do álbum foi criada pelo designer e fotógrafo Pedro Garcia. Ela é uma homenagem, quase uma paródia, ao disco de reencontro com si mesmo de George Harrison, “All Things Must Pass”. Um encontro casual, um encaixe perfeito.

“Pude experimentar o lance de ter um estúdio, ter meus instrumentos todos à minha disposição, prontos pra gravar. Isso me motiva e me força a produzir. Sou um compositor mais afeito à ourivesaria do que à produção massiva, então posso demorar um pouco mais do que deveria pra terminar as coisas. Estar aqui me deu essa ‘obrigação’ de todo dia olhar um pouco pra esse trabalho, encontrar as arestas, moldar e construir como se fosse uma arte plástica, no detalhe, respeitando os tempos das ideias, mas sem perder o foco”, analisa.

“Teoria da Terra Plena” vem para somar a uma trajetória já de destaque no cenário independente nacional. Lucas Vasconcellos fundou, nos anos 2000, a banda Binario (2000-2008), que misturava rock, eletrônico e intervenções urbanas audiovisuais e com quem lançou quatro álbuns pelo selo britânico Far Out Recordings, além de outros dois pelo selo brasileiro Bolacha Discos. De 2008 a 2016, se dedicou ao Letuce com Letícia Novaes, resultando em três discos: “Plano de Fuga pra Cima dos Outros e de Mim” (2009), “Manja Perene” (2015) e “Estilhaça” (2016). 

Nessas duas décadas de música, trabalhou ao lado de artistas renomados como Dado Villa-Lobos, Rodrigo Amarante, Lucas Santtana, Marcelo Jeneci, Tiê, Alice Caymmi, entre outros, e compôs trilhas para cinema e TV, culminando no prêmio de Melhor Trilha Sonora Original no Festival de Gramado para o longa-metragem “Riscado” (2011). Mas foi ainda em 2014 que Lucas começou a lançar seus trabalhos solo. Vieram então os discos “Falo de Coração” (2014), “Adotar Cachorros” (2015) e “Silenciosamente” (2016). Dois anos depois, realizou a trilha sonora para uma performance de dança, “Utopyas to everyday life”. Por fim, em 2020, retomou seus lançamentos com o single “Abissal”

“Teoria da Terra Plena” revisita as experiências vividas ao longo dos últimos anos, mas sem deixar de oferecer um olhar para o futuro. Seja virtualmente ou presencialmente, antigos parceiros retornaram colaborando como instrumentistas, arranjadores ou compositores (Bruno Di Lullo, Emygdio Costa, Thomas Harres, etc.); e novos colabores surgiram (Gabriel Barbosa, Felipe Duriez, e Uyara Torrente e Vinicius Nisi, ambos d’A Banda Mais Bonita da Cidade, entre outros). Tudo para fazer de “Teoria da Terra Plena” um álbum plural e diverso – tanto quanto as experiências que o inspiraram. 

Ouça “Teoria da Terra Plena”: https://tratore.ffm.to/teoria-da-terra-plena

Crédito: Ana Alexandrino

Ficha técnica:

Produção: Lucas Vasconcellos

Direção Artística: Eveline Maria

Mixagem e Masterização: Emygdio Costa

Designer capa: Pedro Garcia

Foto capa: Pedro Garcia

Produção Executiva: Pomar e Eveline Maria

Assessoria de imprensa: Build Up Media