Foto: Bruno Silva
No linguajar pseudocientífico, é frequente o uso de termos como “energia”, “ressonância”, “quântica”, “frequência vibracional”, entre muitos outros
Autor de centenas de artigos e de obras de divulgação científica, Ulysses Paulino de Albuquerque, professor-doutor do Centro de Biociências da UFPE, resolveu transformar suas inquietações em mais uma obra de difusão do conhecimento. “Querem nos enganar! Uma introdução à pseudociência” faz parte de um lançamento de três livros, escritos por ele e disponibilizados on-line recentemente, que podem ser baixados de forma gratuita por meio da plataforma https://canal6.com.br/
“Vivemos em uma sociedade na qual o conhecimento científico nem sempre é acessível para todos, e é justamente nesses vazios de conhecimento que as pseudociências prosperam. Isso me incomoda profundamente como educador e cientista”, conta Albuquerque, sobre uma das motivações que o levaram a produzir o livro.
As pseudociências geralmente ancoram-se no prestígio que a ciência dispõe. Aos olhos e ouvidos de pessoas não treinadas, práticas e crenças que adotam jargões e conceitos vagamente inspirados na ciência podem confundir e enganar. No linguajar pseudocientífico, é frequente o uso de termos como “energia”, “ressonância”, “quântica”, “frequência vibracional”, entre muitos outros. “São palavras que podem soar convincentes. Mas que, sem definições precisas, perdem qualquer valor científico”, alerta Albuquerque.
Conforme expõe Ulysses, a disseminação de pseudociências pode provocar impactos bastante negativos tanto para a sociedade quanto para indivíduos. Um dos grandes riscos está na saúde pública. Movimentos antivacina ou tratamentos alternativos sem comprovação, por exemplo, são capazes de pôr vidas em risco.
“Quando uma pessoa abandona terapias científicas comprovadas em favor de soluções mágicas, ela não apenas compromete a própria saúde, mas também expõe outras pessoas, como no caso da disseminação de doenças infecciosas”, explica Albuquerque. Ainda a nível individual, a pseudociência pode levar ao autoengano e a perdas financeiras, afetando o bem-estar pessoal.
Por que as pseudociências são tão sedutoras?
De acordo com Albuquerque, as pseudociências costumam apelar à emoção e ao senso comum. “Diferente da ciência, que exige um esforço intelectual para compreender teorias e métodos, as pseudociências oferecem explicações simplistas e intuitivas, que muitas vezes ressoam com nossos vieses cognitivos. Elas prometem soluções rápidas, aliviam inseguranças e oferecem uma sensação de controle”, conclui.
As pseudociências também podem se tornar bastante sedutoras quando adotam narrativas conspiratórias. Nesses casos, seus propagadores se apresentam como “rebeldes” que se opõem contra uma suposta elite científica que “escondem a verdade” ou “que mentem para você”. Para Ulysses, tal discurso constrói uma narrativa de “nós contra eles”, o que é altamente atraente em um mundo polarizado.
“Por fim, fatores como viés de confirmação e negligência epistêmica desempenham um papel central. O viés de confirmação nos leva a valorizar informações que confirmam nossas crenças preexistentes, enquanto ignoramos evidências contrárias. Já a negligência epistêmica ocorre quando aceitamos informações sem submetê-las a um exame crítico, seja por falta de conhecimento ou por comodidade”, conclui.
SERVIÇO
“Querem nos enganar! Uma introdução à pseudociência” faz parte de uma série que começou com o livro Errados são os outros!: ceticismo, pseudoceticismo e ciêncialançados, gratuitamente, por Ulysses Paulino Albuquerque, e que são resultado de reflexões e desafios enfrentados por ele ao longo de 2024.
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“Cartas à Minha Orientadora” reflete sobre os desafios e o amadurecimento na relação orientador-orientando, revelando a dimensão humana da academia.
“Filosofias de um eu revisitado” explora as influências que moldam a essência humana, incentivando o autoconhecimento e a transformação pessoal.
Acesso gratuito: https://canal6.com.br/
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