Lia e representantes do meio cultural, acadêmico, político e da gestão pública participarão do encontro, aberto ao público, em nova data, nesta quarta (21), no Paço

Em seu último dia em cartaz no Paço do Frevo, a Ocupação Lia de Itamaracá — que exalta o universo simbólico e a trajetória de uma das mais importantes mestras da cultura popular brasileira — promoverá a roda de diálogo “O Racismo na Cultura Popular – Reflexões e Proposições”. Será nesta quarta-feira, 21 de junho, a partir das 15h, com a presença de Lia no museu, onde estarão reunidos em debate representantes do meio cultural, acadêmico, político e da gestão pública. Os interessados devem se inscrever por meio de formulário, neste link. O catálogo da exposição já está sendo distribuído de forma gratuita aos visitantes do Paço. 

O encontro estava agendado para a última quarta (14), mas precisou ser remarcado por conta das fortes chuvas no Recife e na região metropolitana.

Para a roda de diálogo, estão confirmadas as presenças de Lia de Itamaracá; do seu produtor e empresário, Beto Hees; de Fabiano Santos, presidente da União dos Afoxés de PE e do Afoxé Alafin Oyó, membro da comissão de Cultura da OAB; e Geisa Agrício, gerente de Comunicação do Paço do Frevo. A mediação será de Michelle de Assumpção, curadora da Ocupação Lia de Itamaracá e autora de sua biografia.

“O racismo que Lia enfrentou ao longo da vida também é um tema esmiuçado na Ocupação Lia de Itamaracá – Paço do Frevo. Práticas racistas explícitas, por exemplo, permeiam em um recorte de jornal de 1973, que descreve pela 1ª vez a existência de Lia de Itamaracá, até então conhecida em todo país como personagem de uma famosa ciranda, intitulada ‘Quem me deu foi Lia’, lançada na voz de Teca Calazans, em 1969. ‘Escurinha’, ‘boneca de piche’ e ‘empregadinha’ são alguns dos adjetivos utilizados pelo jornalista que escreve a matéria, revelando a naturalização do racismo que hoje configura crime. A roda de diálogo é um convite à troca de experiências, reflexões e proposições que precisam ser feitas para encararmos o problema do racismo estrutural brasileiro e deixarmos no legado da mostra uma contribuição para esse debate, sob o ponto de vista da cultura popular, que é feita por mãos, corpos e vozes negras”, diz Michelle de Assumpção.

“Eu sempre encarei de frente o racismo, ele sempre existiu, mas eu nunca baixei minha cabeça. E é o que digo a todas que enfrentam esse problema: seja mais você, se fortaleça e encare”, reflete Lia de Itamaracá, que chega a tratar do assunto em entrevistas que foram levadas à mostra, no Paço do Frevo.

O CATÁLOGO – O catálogo da exposição foi construído a partir dos eixos que nortearam a própria Ocupação, que compreendem o Território, a Casa, a Raça e a Trajetória da artista. Lia de Itamaracá, a ilha que a gestou, de onde sai para o mundo e para onde sempre retorna, é o fio condutor dessa história que deixa o registro de todo o processo da mostra. A publicação é composta por fotos do espaço expositivo e por retratos da artista feitos pelo fotógrafo Ytallo Barreto, que tem acompanhado de perto a trajetória de Lia. Traz ainda uma série de textos sobre a cirandeira, não apenas celebrando um importante momento da sua carreira, mas constituindo uma memória de sua longeva e fascinante história de vida e obra.

A EXPOSIÇÃO Já visitada por cerca de 30 mil pessoas desde o dia 21 de março, a ‘Ocupação Lia de Itamaracá – Paço do Frevo’ celebra a terra, o mar, os sons e todo o universo de uma das maiores artistas da música popular brasileira. A exposição é um tributo e um reconhecimento à trajetória de uma artista cuja vida e obra vêm seduzindo gerações e fortalecendo a identidade do povo pernambucano a partir da Ciranda e de outros gêneros da cultura popular. Traz documentos, figurinos, objetos pessoais, fotografias, mobiliários e diversos recursos audiovisuais, como videoclipes e imagens recentes de apresentações da artista pelo mundo. 

Com o patrocínio do Itaú, da Rede e o apoio cultural e financeiro do Itaú Cultural, a exposição tem a realização do Paço do Frevo e do Centro Cultural Estrela de Lia. A entrada se dá através do ingresso do museu, que custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), com gratuidade às terças-feiras.

PAÇO DO FREVO – Reconhecido pelo IPHAN como centro de referência em ações, projetos, transmissão, salvaguarda e valorização de uma das principais tradições culturais do Brasil, o Frevo. Patrimônio imaterial pela UNESCO e pelo IPHAN, o Frevo é um convite à celebração da vida, por meio da ativação de memórias, personalidades e linguagens artísticas, que no Paço do Frevo encontram seu lugar máximo de expressão, na manutenção de ações de difusão, pesquisa e formação nas áreas da dança e da música, dos adereços e das agremiações do Frevo.

O Paço do Frevo é uma iniciativa da Fundação Roberto Marinho, com realização da Prefeitura do Recife, por meio da Fundação de Cultura da Cidade do Recife e da Secretaria Municipal de Cultura e a gestão sob o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, tem o patrocínio master do Instituto Cultural Vale, o papel de mantenedor do Grupo Ultra, patrocínio do Banco Itaú e da White Martins. Conta com o apoio do Grupo Globo, Pernambucanas, Rede e Valgroup.

SERVIÇO

Roda de Diálogo “O Racismo na Cultura Popular, Reflexões e Proposições” Quarta-feira, 21 de junho, às 15h

Inscrições gratuitas através deste link

Paço do Frevo – Praça do Arsenal da Marinha, s/n, Bairro do Recife, Recife
Horários: Terça a sexta, 10h às 17h | Sábado e domingo, 11h às 18h
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia) – entrada gratuita às terças-feiras

*Confira aqui a política de gratuidade do museu