Jornalista e historiador que cobriu um dos conflitos mais sangrentos do século XX esmiúça a dinâmica e os bastidores dos campos de batalha
As recentes imagens de helicópteros retirando diplomatas e cidadãos norte-americanos de Cabul – diante do colapso do governo afegão e da tomada do poder pelo Talibã – renderam comparações com outro episódio que representou uma enorme humilhação para os Estados Unidos. Em 1975, as forças comunistas do Vietnã do Norte invadiram o Vietnã do Sul e tomaram a capital Saigon, aliada dos norte-americanos, encerrando um dos conflitos mais longevos e sangrentos do século XX, em plena Guerra Fria. Mas o fato de a maior potência do planeta ter experimentado o amargor da derrota na Guerra do Vietnã não significa que o lado vitorioso não tenha perdido: muito sangue vietnamita foi derramado pela causa. Esse é o mote que conduz a detalhada apuração do jornalista e historiador Max Hastings em seu ambicioso Vietnã, uma tragédia épica 1945-1975, que chega ao Brasil pela Intrínseca.
A Guerra do Vietnã resultou em 3 milhões de mortes estimadas, somados ambos os lados. Para cada baixa do exército ianque, porém, morriam quarenta vietnamitas. Muitas das táticas de combate usadas contra os guerrilheiros, e até mesmo contra a população civil, criaram cenas atrozes. Uma das mais marcantes é a da garotinha vietnamita correndo nua pelos campos, fugindo de um ataque com bombas de napalm, em 1972. Os militares norte-americanos também usaram milhões de litros do herbicida agente laranja sobre a selva onde se escondiam seus inimigos e as plantações de arroz que os alimentavam. Mas é claro que a brutalidade partia dos dois lados: Vietcongues frequentemente invadiam as aldeias e decapitavam camponeses que oferecessem qualquer resistência à revolução.
Dando voz a personagens que viveram o caos daquele período – guerrilheiros e paraquedistas do Norte e do Sul, garçonetes dos bares de Saigon, estudantes de Hanói, soldados de infantaria da Dakota do Sul, fuzileiros navais da Carolina do Norte e pilotos de helicóptero do Arkansas −, Hastings questiona se algum dos lados merecia mesmo ter saído vitorioso. Fruto de anos de pesquisa, baseado em memórias e num imenso volume de documentos, o livro narra com riqueza de detalhes a batalha de Dienbienphu, a ofensiva do Tet em 1968, a blitz aérea contra o Vietnã do Norte e eventos poucos familiares, mas não menos dramáticos, como a sangrenta batalha de Daido.
Combinando uma narrativa política e militar com relatos pessoais e emocionantes, Vietnã é um ponto de inflexão para quem deseja compreender verdadeiramente as dimensões daquela guerra. Pela profundidade de sua análise, é também um livro essencial ao descrever elementos que podem estar na gênese de muitos conflitos atuais e futuros.
“Meio século depois, Hastings nos permite enxergar além dos argumentos antiquados sobre certos e errados naquela batalha. Ao remover a venda de nossos olhos, nos faz ver um cenário nada agradável.”
The New York Times
MAX HASTINGS narra a Guerra do Vietnã com o poderoso benefício da própria memória. Primeiro a partir de lembranças do período entre 1967-68, quando, nos Estados Unidos, conversou com muitos personagens decisivos da guerra, entre eles o presidente Lyndon Johnson; depois, de suas coberturas no Vietnã para diversos jornais e o canal BBC. Hastings é autor de 26 livros, a maioria sobre guerras e conflitos armados, como Catástrofe e Inferno, publicados pela Intrínseca. Foi editor de jornais como o Daily Telegraph e o Evening Standard e venceu diversos prêmios jornalísticos. Pai de dois filhos adultos, vive em West Berkshire, na Inglaterra, com a esposa.
VIETNÃ: UMA TRAGÉDIA ÉPICA 1945-1975, de Max Hastings
Editora Intrínseca
Tradução: Berilo Vargas
Páginas: 848
Livro impresso: R$ 99,90
E-book: R$ 69,90