Em impactante livro de memórias, autora relata o estupro que sofreu e revela uma cultura que protege agressores e expõe vulneráveis
 

kintsugi é uma técnica criada no Japão há cinco séculos, que consiste em reparar peças de cerâmica quebradas usando ouro em pó e laca. Embora o objeto nunca recupere seu estado original, é possível promover a restauração sem apagar as marcas — ou cicatrizes — adquiridas ao longo da sua existência. Assim, esse procedimento, conhecido como carpintaria de ouro, ajuda a compreender como a autora se recompôs para seguir adiante, e contar sua impressionante história no livro de memórias Eu tenho um nome, que chega às lojas, pela Intrínseca, em fevereiro.
 
Em uma noite de janeiro de 2015, quando tinha 22 anos, Chanel Miller foi vítima de um estupro no campus da Universidade Stanford, na Califórnia. O autor do ataque, então aluno da instituição, foi condenado a seis meses de prisão — mas só cumpriu metade da pena e foi colocado em liberdade condicional. O caso gerou forte comoção e viralizou nas redes depois que o depoimento de Chanel no tribunal foi postado em forma de carta no site BuzzFeed, sob o pseudônimo de Emily Doe, para preservar sua identidade. Lida no plenário do Congresso americano — e no BuzzFeed por mais de 11 milhões de pessoas em apenas quatro dias —, a declaração da vítima provocou mudanças na lei da Califórnia e a demissão do juiz encarregado do caso.
 
Agora Chanel Miller reivindica a própria identidade para contar sua história. Embora tudo apontasse para a condenação de Turner — havia testemunhas, ele fugiu, provas físicas foram imediatamente coletadas —, restou para Chanel apenas a luta contra o isolamento e a vergonha. Seu relato lança luz sobre uma cultura que protege os agressores e expõe um sistema de justiça criminal falho com os mais vulneráveis, mas mostra também a coragem necessária para lutar contra a opressão e atravessar o sofrimento.
 
Ao entrelaçar dor e resiliência, Chanel Miller revela seu tumultuado processo de cura e desafia uma sociedade que tantas vezes permite o inaceitável e ajuda a perpetuar uma cultura que desencoraja as vítimas a buscarem justiça. Além de apresentar uma escritora extraordinária, Eu tenho um nome é uma obra capaz de transformar para sempre a maneira como enxergamos os casos de agressão sexual.

 
Eu tenho um nome é, ao mesmo tempo, uma ferida aberta e um bálsamo, um choro silencioso e o grito mais alto. É mais do que uma acusação. É também uma mão estendida, convidando você a lutar ao lado dela.”
ELLE

“Em um mundo perfeito, Eu tenho um nome seria leitura obrigatória para todo policial, investigador, promotor, reitor e juiz que lida com vítimas de agressão sexual.”
LA TIMES

CHANEL MILLER é escritora e artista, formada em literatura pela Universidade da Califórnia. Eu tenho um nome, seu livro de memórias, é best-seller do The New York Times, vencedor do National Book Critics Circle Award e foi eleito um dos melhores livros de 2019 por veículos como The Washington Post, Fortune e People. No mesmo ano, Chanel foi escolhida como uma das cem personalidades em ascensão na lista da revista Time. (Foto: Mariah Tiffany)

EU TENHO UM NOME, de Chanel Miller

Tradução: Carolina Selvatici
Editora: Intrínseca
Páginas: 336
Impresso: R$ 59,90
E-book: R$ 39,90