Em seleção de textos e conferências, investidor e filantropo húngaro faz um alerta sobre os perigos que enfrentamos para a sobrevivência da democracia
 

Um dos maiores investidores do mundo, George Soros ficou internacionalmente conhecido por sua filantropia e pelo apoio incondicional aos movimentos pró-democracia, em favor das liberdades civis. Defensor dos valores da democracia liberal e da sociedade aberta, termo cunhado pelo filósofo austríaco Karl Popper, ele enxerga o cenário atual como uma grave ameaça, fomentada por governos autoritários e pela ascensão da extrema direita em países como Estados Unidos, Itália, Hungria e Brasil.

Em defesa da sociedade aberta, que chega às lojas brasileiras em julho pela Intrínseca, traz seis conferências e textos publicados por George Soros no período entre 2014 e 2019. Juntos, eles compõem um painel das principais expectativas econômicas para um futuro próximo. Embora produzidos antes da pandemia, eles mantiveram a relevância pela riqueza do pensamento do autor.      

O livro inclui dois discursos de Soros no Fórum Econômico Mundial em Davos sobre os perigos sem precedentes enfrentados pelas sociedades abertas atualmente. O primeiro trata das ameaças representadas pelas plataformas de mídias digitais, e o segundo faz um alerta para o risco ainda maior representado pelos instrumentos de controle que, graças à inteligência artificial, podem cair nas mãos de regimes repressivos, em especial da China e da Rússia. Soros argumenta que as megacorporações de tecnologia não pensarão duas vezes antes de se associar a governos ditatoriais para criar uma rede de controle totalitário com alcance inimaginável.

Há ainda ensaios sobre filantropia política e sobre a história das instituições fundadas pelo autor, entre elas a Open Society Foundations, que apoia indivíduos e organizações atuantes na defesa da liberdade de expressão em todo o mundo, e a Universidade Centro-Europeia (CEU). Em outros momentos, ele detalha sua teoria sobre a ascensão e a queda dos mercados financeiros e suas implicações políticas e fala também das ameaças que a União Europeia enfrenta hoje.

Soros passou a atuar como filantropo em 1979, quando começou a oferecer bolsas de estudo para sul-africanos negros durante o Apartheid. Nos anos 1980, ele ajudou a promover o debate público sem censura e a troca aberta de ideias na Hungria comunista. Depois da queda do muro de Berlim, ele buscou fortalecer a prática e as instituições democráticas na Europa Central e Oriental. Sua defesa enérgica da liberdade, dos direitos humanos e da responsabilidade social como uma ideia universal é um alerta para protegermos os preceitos fundamentais da sociedade aberta.

GEORGE SOROS nasceu em Budapeste, sobreviveu à ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial e fugiu da Hungria dominada pelos comunistas em 1947. Foi para a Inglaterra, onde se formou na London School of Economics. Mais tarde, acumulou grande fortuna nos Estados Unidos por meio do fundo de investimento internacional que criou e administrou. Seus artigos e ensaios sobre política, sociedade e economia aparecem regularmente nos principais jornais e revistas do mundo. (Foto: Myrna Suarez)

EM DEFESA DA SOCIEDADE ABERTA, de George Soros

Tradução: Cássio Arantes Leite
Editora: Intrínseca
Páginas: 192
Impresso: R$ 49,90
E-Book: R$ 34,90