Fonte de muitos debates e elogiado pela crítica, o premiado romance, inédito no Brasil, foi traduzido para mais de 30 idiomas.
 

Descoberta tardiamente fora de seu país, a escritora húngara Magda Szabó é uma das mais importantes vozes da literatura europeia do século XX. A porta, sua obra-prima que chega às livrarias em julho pela Intrínseca, com tradução direta do original por Edith Elek, entrou na lista dos dez melhores livros do ano da The New York Times Book Review quando foi lançado, em 2015, nos Estados Unidos. Publicado originalmente em 1987, o impactante romance tem como foco a relação tensa e misteriosa entre duas mulheres no pós-Segunda Guerra Mundial.
 
A narrativa conduzida pela protagonista, que retoma a sua carreira de escritora após a repressão cultural imposta pelo regime comunista húngaro, revela importantes traços autobiográficos. Vencedor como melhor romance estrangeiro, em 2003, do Femina — prêmio francês criado em 1903 em protesto ao júri do prêmio Goncourt formado exclusivamente por homens —, A porta oferece uma visão generosa sobre táticas de sobrevivência, sobre tudo o que pode ser dito no silêncio e o papel da autenticidade na arte e na vida.
 
A trama tem início quando uma escritora culta contrata Emerenc — camponesa, analfabeta, impassível, bruta e de idade indefinida — como sua governanta. Emerenc mora sozinha em uma casa onde ninguém pode passar da porta de entrada, nem mesmo seus parentes mais próximos. Ao assumir o controle do lar da patroa, torna-se indispensável e experimenta um tipo de amor — pelo menos até o tão desejado sucesso da escritora trazer à tona uma revelação devastadora. Na relação de dependência desenvolvida entre as protagonistas se encerram dúvidas e mistérios sobre a personalidade daquela que personifica um país que já não existe mais. A cada nova informação sobre a excêntrica governanta, emerge o cenário de uma Hungria ocupada e dividida.
 
A força sobre-humana de Emerenc, sua disposição para ajudar os outros e fragmentos de sua biografia dolorosa constroem o mosaico do que parece uma existência repleta de segredos. Em certo ponto da trama, até a relação de Emerenc com seus pertences é questionada. Teria roubado dos judeus ou ganhado os bens de uma família judia que ela havia ajudado a fugir? Quem é essa mulher e por que ela está fechada a qualquer intimidade com seus patrões? Todas as possibilidades são plausíveis até que as portas, metafóricas e literais, sejam, por fim, abertas.
 

“Um romance húngaro com a força elementar de um mito — a história de uma escritora de classe média e a ajudante que assume o controle de sua casa e de sua vida. Dinâmica de classe, amizade feminina, o poder da vontade — Szabó escreve sobre tudo isso com um fascínio sombrio.” — The New York Times Book Review

MAGDA SZABÓ (1917 – 2007) nasceu em uma família protestante, na Hungria. Durante o período de ocupação alemã e soviética do país, estudou latim e húngaro na universidade da sua cidade natal, trabalhou como professora, publicou dois livros de poesia e foi agraciada com o prêmio Baumgarten, em 1949. Atingiu merecida projeção internacional com a publicação do romance A porta(1987). A sua obra está traduzida em mais de 30 idiomas e foi distinguida com inúmeros prêmios internacionais.

A PORTA, de Magda Szabó

Tradução: Edith Elek
Páginas: 256
Livro impresso: R$ 44,90
E-book: R$ 29,90