A crueza das ruas cariocas surge de modo explosivo em “Lágrimas de Toscanini”, disco de estreia de Enio Berlota & A Nóia. Consolidando uma jornada de diversos nomes do underground do Rio de Janeiro, o álbum já chega com aura de um registro histórico pela Caravela Records.

Ouça “Lágrimas de Toscanini”: https://bfan.link/lagrimas-de-toscanini

Faixa-a-faixa por Enio Berlota abaixo

“Nossa inspiração foi de deixar registrado o calor de nossa apresentação, as canções que nascem uma nas outras através dos arranjos, a dinâmica dos instrumentos. O disco foi gravado ao vivo, em um dia. Então tem essa energia brutal, elétrica de pessoas tocando juntas”, reflete Enio Berlota.

Enio é poeta e uma figura icônica da contracultura carioca, conhecido pela acidez dos seus versos, cantados a plenos pulmões com urgência. Ele formou sua banda com grandes artistas. Após diversos experimentos, a formação atual consolida o que poderia ser um projeto solo com uma realização coletiva.

A banda Enio Berlota & A Nóia conta com o baixista Antônio Paoli, que é presença constante em todas as encarnações do projeto desde seu início e assina ainda como diretor musical do álbum. Ele e o guitarrista Christian Dias, tocaram juntos no power trio instrumental Astro Venga e trazem essa química para o novo projeto. Fecha o grupo o multi instrumentista Gabriel Loddo na bateria. Loddo, como baixista, já trabalhou com artistas como Elza Soares, Abayomi e Illy.

Assista ao clipe “O Peso do Mundo”: https://youtu.be/-vBG9f17Di0

Assista ao clipe “Bola de Neve”: https://youtu.be/Pnc1vnkpIQU

Lançado pelo selo Caravela e produzido por Dias e Loddo, o álbum foi gravado no Estúdio Carolina, em Santa Teresa, bairro boêmio carioca. O disco traz em seu nome e capa uma amostra do conceito do projeto.

“O título ‘Lágrimas de Toscanini’ também faz uma ironia com o maestro, que com certeza não aprovaria a sua estética, simples e bruta. Aprovaria talvez mais pela ousadia de eu ter conseguido fazer uma obra musical – um cara, que à primeira vista é só um gordinho careca, mas que consegue emoldurar em canções sua poesia naif. Agradeço profundamente aos amigos músicos que acreditam no meu potencial profissional, em minha poesia e melodias. A capa é a fusão de quatro caras num só: através do talento individual conseguimos dar uma coesão única ao som que fazemos”, resume Enio.

“Lágrimas de Toscanini” está disponível em todos os serviços de streaming.

Enio Berlota e a Noia por Arthur Waite.jpeg

Crédito: Arthur Waite

 

Faixa-a-faixa por Enio Berlota:

 

1 – Bola de Neve

“Bola de Neve” é feita após o rompimento com a namorada, reclamava que eu era paradão, do tipo que fumava um e ficava panguando… Enquanto ela era ativa, esportista. Nunca pensei que fosse virar um ska mas o Paoli tratou a composição com arrojada criatividade e ficou desse jeito.

2 – Caô

“Caô” foi feita há muito tempo, quando eu trabalhava como guardador de carros em Ipanema. Frequentemente estava na areia, um dia, e um dos malucos da roda duvidou que eu fazia música. Como eu faço, “de boca” aí fiz na hora a música e o resto é lenda… A inspiração é essa, na praia, a galera se reunia e ficava até mais tarde tocando violão e fumando vários, aí a inspiração veio do clima de reunião da galera. A confraternização da rapaziada fumando vários na praia. Embora a letra fale de uma floresta, se trata de uma floresta de mato bom para queimar. O cara não acreditava que eu sou compositor, então mandei na lata, que o caô  era mato, e o saci, a lenda que saí da floresta de ganja e manda o papo.

3 – Vulva

Essa música foi feita em duas partes, havia a primeira que eu cantava com meu antigo parceiro, Zé Roberto, então um dia, com minha namorada eu terminei a letra – ela ficou horrorizada com o uso da expressão vulva. Eu adorei.

4 – Homem Baile

“Homem Baile” foi feita em parceria com meu amigo já falecido, Zé Roberto, o cara que me ensinou a ouvir música, uma das maiores influências da minha vida… Eu fazia uma frase e ele rebatia, uma ode ao malandro agulha. Um clássico que fiz na minha juventude.

5 – Impulsos Elétricos

“Impulsos elétricos” foi feita após uma rebordose homérica. Estava querendo fazer algo tétrico, horrível para exorcizar um namoro recente. História de amor esquisito, um pouco de frustração. Ranço. Quem nunca? Teve uma relação confusa. Endeusar e odiar a mesma pessoa? O que te incomoda? O que você adora nela? A dor e a beleza do amar.

6 – Downtown

“Downtown foi feita há muito tempo também, mas foi incrementada com uma ode que fiz com o Paoli, ficou algo operístico. Outra crônica musical sobre o cotidiano suburbano.

7 – Não Vacile

“Não vacile” foi feita em parceria com o gênio das cordas Dony Escobar, certa vez, chega ele com parte da música já pronta. Não demorou um minuto, fiz a segunda parte. O Dony chegou cantarolando: ‘Não vacile, aperta minha minha mão, não tenha medo’ e aí vislumbrei na hora o restante da música, que é a pele dura, a noite escura, a carne crua. Acho que ficou bom o resultado. Fala do medo que temos no fundo da nossa alma, de encontrar perigo na noite escura, na comida que ingerimos, de não encontrar recepção no outro, na pele dura que nos repele.

8 – O Peso do Mundo

“O Peso do Mundo” é feita após a narrativa de um episódio por nosso ex-guitarrista, Luís Militão. Certa vez, ele viu um trabalhador levando o colchão com uma bicicleta contra o vento. Imagine a dificuldade que é ir contra o vento, levando um colchão. O peso do mundo recai no colchão. Isso virou uma metáfora pras agruras da vida e de questões sociais.

 

Ficha técnica

Vocal: Enio Berlota

Guitarra: Christian Dias

Baixo: Antônio Paoli

Bateria: Gabriel Loddo

Produção: Christian Dias e Gabriel Loddo

Gravado por: Angelo Wolf

Mixado por: Kayan Guter

Masterizado por: Tuta Macedo

Gravado no Estúdio Carolina, Santa Teresa – Rio de Janeiro

Videoclipe ‘O Peso do Mundo’ dirigido por: Diogo de La Vega

Imagens adicionais: Christian Dias e Mariana Brasil Hass Gonçalves

Videoclipe ‘Bola de Neve’ dirigido por: Christian Dias

Imagens adicionais: Christian Dias e Mariana Brasil Hass Gonçalves

Capa: Joab Rosalino Régis

Diagramação: Antonio Vilela

Selo: Caravela Records

Distribuição: Believe

 

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