Se é o tempo que permite vivências e experiências, é também ele que nos lembra da finitude e da brevidade da vida. É olhando para as duas metades da ampulheta da existência humana que a cantora Julieta Brandão lança a sua mais nova canção, “Tempo Movediço”. Intérprete da poética dos compositores Liv Lagerblad e Arthus Fochi, a artista se debruça sobre as contradições e paradoxos do viver. O single integrará seu novo EP, a ser lançado em breve pelo selo Cantores del Mundo.
Ouça “Tempo Movediço”: http://smarturl.it/TempoMovedico
A faixa se une a “Torso”, primeiro gostinho do compacto revelado em 2018. Sem pressa, a cantora costura sonoridades que darão forma ao trabalho. Se na canção anterior o tempo surgia numa referência ao passado – em uma alusão às manifestações políticas de 2013 -, nesta ele aparece na contemplação de um futuro incerto. Com um olhar de cronista, a letra de Lagerblad questiona a passagem da vida à nossa revelia e provoca: será que existe uma cura para o destino, o inevitável desatino? Em meio a essas dúvidas, o instrumental de Fochi se desdobra em diferentes andamentos, seguindo um compasso tão incerto quanto a própria vida.
“A compositora Liv é minha prima e sempre que ia na minha casa, cantava essa música. Eu achava curiosa, sarcástica, porque Liv brinca com o tempo e a divisão da música como se fosse uma engenhoca ou uma engrenagem frenética de relógio. É muito comum os poetas escreverem sobre o tempo de uma forma romântica, nostálgica ou com um olhar visionário, vidente sobre o futuro. Liv mais uma vez mostra sua potência poética bruta e inquieta, coloca o tempo como personagem principal e o questiona, ‘tempo amigo ou inimigo?’. Uma visão bem ampla de vida, apesar da pouca idade, colocando em questão o lado bom ou ruim de ver o tempo passar. Liv traz o tempo para um lugar singular, o pergunta como que apontando o dedo, ‘nunca sei qual é a tua’. A música questiona sobre a real necessidade futurística de uma sociedade que urge e ‘a projeção futura’ mas que se rasga aos meio pros anseios e desejos”, reflete Julieta.
A faixa somará a “Torso” no novo EP da artista. Além dessas duas, os singles “Meeiro” (de autoria de Iara Ferreira) e “Hueco de Paz” (de Marcelo Fedrá e Arthus Fochi) serão lançados futuramente. Eles apontam um ponto de virada na carreira de Julieta Brandão, que é cantora profissional há mais de 10 anos. Após se dedicar ao samba e à música regional, que geraram o álbum “Viramundo” (2016), ela busca um caminho estético diferente no novo trabalho.
“O ‘Viramundo’ era um disco regional, com arranjos elaborados e choro, samba e forró. Nesse EP a gente buscou uma linguagem mais minimalista, experimental. A ideia foi trazer novas estéticas a partir de compositores da cena carioca”, explica Brandão.
Fazer uma ponte e promover a proximidade entre novas vozes de toda a América Latina é a meta da Cantores Del Mundo: combater essa sensação de isolamento, de que o Brasil é uma enorme ilha no meio de países hispânicos. Fundado por Tita Parra, neta da lendária Violeta Parra, o selo está sendo consolidado com a direção de Arthus Fochi e do produtor musical Guilherme Marques.
Ficha técnica:
Composição: Liv Lagerblad/Arthus Fochi
Intérprete: Julieta Brandão
Direção e produção musical: Arthus Fochi
Guitarras: Glauber Seixas
Bateria: Gabriel Barbosa
Baixo synth e teclas: Guilherme Marques
Trombone: Jonas Hocherman
Mix e master: Guilherme Marques
Arte de capa: Liv Lagerblad
Selo: Cantores del Mundo
Letra
Tempo movediço (Arthus Fochi/Liv Lagerblad)
Tempo movediço, amigo ou inimigo
nunca sei qual é a tua
Se eu espero você passa
se eu não espero você passa também
Passa também por mim
Diga lá qual é a cura
pro destino, desalinho, desatino
Arde a projeção futura
pros desejos, pros anseios
Pra quando me rasgo ao meio
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