O Instituto da Primeira Infância (IPREDE), que atua diretamente no combate à desnutrição e no assistencialismo de crianças e famílias em vulnerabilidade social, vem a público lançar uma nota de repúdio contra a situação crítica dos yanomami, assunto que chocou o país nos últimos dias. A instituição destaca que a violência contra os povos indígenas e a desnutrição que os atinge, como no caso dos yanomami, é uma situação que precisa de soluções urgentes, amparo e políticas de apoio efetivas.
Confira a nota de repúdio na íntegra:
A crise é de todos nós: os que estão à margem e conhecem a tontura da doença, os que comem e principalmente aqueles que inventaram a miséria. Nossos irmãos yanomami tiveram a liberdade, a vida e a integridade física devastadas, sobretudo a semente do nosso povo – a infância.
A desnutrição, a malária, a violência e suas sequelas vêm de uma relação adoecedora entre o homem e a terra, que reflete na construção de uma sociedade. Vimos isso em 1986, quando a mortalidade infantil, por diversas violências sociais, esfacelou a vida de muitas crianças no Ceará. E assim nascemos, para impedir este atrofiamento do futuro.
Acreditamos e defendemos a primeira infância, em suas múltiplas expressões, sabendo que esse é o período mais importante da vida de um indivíduo, em que os caminhos de seu futuro são moldados a partir de suas experiências e do ambiente onde cresce.
A violência, a desnutrição, a negligência intencional que a semente do povo yanomami padece é um cenário assustador e repulsivo. Esperamos que tudo que estamos vivendo hoje, que resulta em nossa ira e frustração, possa nos mover a ser rede de apoio para quem está em extrema vulnerabilidade e vive dores absurdas. Somos parte de uma grande teia da vida. Parte, não donos. Compartilhamos a mesma terra, o mesmo céu.
O Instituto da Primeira Infância vê a dor dos yanomami como sua. Eu sou porque nós somos. O IPREDE é yanomami.
IPREDE – Instituto da Primeira Infância