A inteligência artificial (IA) é uma área da ciência da computação que vem ganhando força. Segundo pesquisa feita em 2022 pela IBM, a adoção de IA vem crescendo no mundo todo de tal forma que no Brasil 41% das empresas implementaram ativamente essa tecnologia.

Essa ferramenta utiliza sistemas capazes de aprender, raciocinar e resolver problemas de forma autônoma, replicando ações geralmente feitas apenas pelos seres humanos. Na medicina, a IA pode ser uma aliada para atividades sistemáticas do dia a dia e para auxílio da aprendizagem dos estudantes e profissionais de saúde.

Segundo Brena Melo, médica tocoginecologista e coordenadora do Centro de Simulação (CSim) da FPS, a inteligência artificial já vem sendo utilizada no nosso dia a dia com as premissas mais básicas, como na transcrição de laudos, reconhecimento de prescrições com falhas, checagem de segurança, entre outros. “A grande questão é a evolução da IA generativa, que desenvolve modelos de aprendizado das máquinas. Tem um grande potencial para a medicina, mas também enfrenta grandes desafios”, comenta.

Um desses desafios citados pela médica é porque existe um paciente envolvido, o que exige ética e segurança. “As fronteiras devem ser exploradas, mas tudo precisa ser muito bem estudado antes de aplicar a tecnologia no paciente. Por isso a relevância de um Centro de Simulação como o CSim, pois é possível explorar esses potenciais, ver as possibilidades que a inteligência artificial generativa oferece, sem risco”, explica.

IA para treinamentos

A inteligência artificial vem sendo utilizada tanto por meio de realidade virtual ou realidade aumentada, no desenvolvimento de cenários. No Centro de Simulação (CSim), um exemplo de máquina que trabalha ao favor dos profissionais de saúde são os manequins de alta fidelidade. A equipe desenha um cenário com algumas premissas de evolução clínica no paciente simulado e os tutores pré-programam os manequins para responderem de acordo com a atuação dos treinandos.

“Digamos que, num cenário de uma criança com pneumonia, a gente já pré-programa para a saturação do manequim ir caindo. Podemos fazê-la melhorar ou piorar, a depender da primeira ação do treinando, que neste caso seria colocar um suporte de oxigênio para esse manequim. Com o indivíduo realizando as ações corretas e esperadas, nós podemos programar o manequim para reagir, mostrando sinais de vitalidade e resultando em uma aprendizagem imersiva, experiencial e bastante positiva. Para cada situação, montamos roteiros pré-estudados e as possibilidades de reação”, detalha Brena.

Brena esclarece que, caso o treinando não acerte, o manequim demonstra alguns sinais clínicos de que é preciso realizar uma segunda tentativa. “A grande vantagem de utilizar esses métodos é o fato de que não é um paciente que está em jogo, ou seja, profissional ou estudante pode caminhar na sua curva de aprendizagem, desde o seu estágio inicial, sem consequências reais de prejuízo ao paciente”, completa.

O que fazem os robôs

Os manequins do CSim podem ser programados para demonstrar sintomas e controlar frequência cardíaca, pressão, saturação, se comunicar, entre outras ações. Eles também contam com máquinas dentro deles que podem reproduzir ausculta pulmonar, cardíaca, padrão de resposta de pupila, edema de língua durante a intubação, entre outras reações fisiológicas ou alteradas. Os bonecos bebês também conseguem tossir, rir, chorar e realizar movimentações.

Além do uso de manequins de alta fidelidade, o CSim também conta com gravação de vídeo, onde os tutores podem consultar as ações de acordo com as gravações e debater com os treinandos em sessões de debriefing videoassistidos.