Taxa de inflação no último mês foi a menor desde novembro de 2020. Segmentos como saúde e alimentos foram os que mais subiram em abril.

A inflação da Região Metropolitana do Recife (RMR), medida através do IPCA pelo IBGE, apresenta desaceleração em abril, mas a pressão nos preços continua restringindo o orçamento familiar das famílias, em especial as mais pobres.  A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira (11) e foi analisada pelo economista e MBA em Gestão Empresarial, Rafael Ramos.

A variação alcançou 0,48%, ante 0,62% em março de 2021 e -0,19% no mesmo período do ano anterior. Esta é a menor taxa desde novembro, quando o resultado alcançou 0,36%. Porém, a baixa pressão nos preços em novembro é puxada pela comemoração da Black Friday brasileira, data que apresenta a característica de promover promoções agressivas, o que acaba puxando para baixo o movimento geral dos preços.

De acordo com o economista Rafael Ramos, a aceleração no indicador, iniciada no segundo semestre de 2020, vem ocorrendo por alguns pontos. Um deles é a continuidade do processo de alta do dólar frente ao real, o que acaba encarecendo os produtos finais importados, além das matérias-primas e das commodities negociadas em dólar. Este cenário, além de encarecer a produção, incentiva a exportação de produtos importantes e essenciais para o consumo das famílias, como a carne, o arroz, o combustível e os produtos ligados a soja, desabastecendo o mercado interno e criando uma pressão através de uma demanda alta por estes itens diante de uma oferta reduzida.

Outra questão importante é a inflação global dos preços dos alimentos. O movimento de elevação dos preços destes itens não é um problema apenas da RMR e/ou brasileiro, visto que o mundo todo vem sofrendo com a elevação dos preços de importantes produtos que compõe grande parte da dieta mundial. Vale destacar que segundo a FAO (Agência para alimentos e agricultura das Nações Unidas) a inflação dos alimentos em 2020 foi a maior dos últimos três anos. Já o índice Bloomberg Agriculture Spot, que rastreia os principais produtos agrícolas, aponta que os preços destes produtos são os maiores dos últimos 9 anos.

Destaques da pesquisa

O grupo que mais contribuiu para que a inflação na RMR desacelerasse em abril foi o de “Transportes”, variando 0,09% ante 2,99% do mês anterior. Em pontos percentuais, quando se leva em consideração o peso do grupo na formação geral da taxa, a contribuição saiu de 0.56 p.p. para 0.02 p.p. entre um mês e outro.

Os itens do subgrupo combustível que apresentaram desaceleração em seus preços, com redução dos preços do etanol, da gasolina e do óleo diesel em abril. Já os grupos de “Despesas pessoais”, “Educação” e “Comunicação” apresentaram variação nula, contribuindo também para que o valor geral caísse em relação a março.

Na outra ponta, o grupo que mais apresentou alta foi o de “Saúde e cuidados pessoais” que cresceu 1,67% e registrou contribuição de 0.25 p.p. na formação geral da taxa. Os itens que mais pressionaram o grupo foram os farmacêuticos e os serviços laboratoriais e hospitalares. Seguido do grupo de “Alimentação e bebidas”, que mostrou variação de 0,46%. 

A inflação da RMR acumula no ano, entre janeiro e abril, alta de 2,40%, valor bem acima do que foi verificado no mesmo período do ano anterior e que comprava um claro comportamento inflacionário. No ano o grupo que mais acelerou os preços foi o de “Transportes” acumulando alta de 6,55% e refletindo os sucessivos aumentos dos combustíveis que ocorreram este ano. Em 12 meses, entre março de 2020 e abril de 2021, a inflação acumula alta de 7,34%, valor superior à média nacional e bem acima da meta de inflação que atualmente é de 3,75% ao ano.

Menores variações

Os cinco produtos com as menores variações em abril de 2021 para a RMR foram a uva (-8,25%), a maçã (-7,85%), a passagem aérea (-7,46%), o produto para pele (-6,32%) e a banana-prata (-5,81%). Na outra ponta os produtos que tiveram os preços apresentando variação positiva acentuada foram o tomate (13,69%), a melancia (12,32%), o remédio anti-infeccioso e antibiótico (9,70%), o Chocolate em barra e bombom (6,89%) e o cheiro-verde (6,80%).

Para os próximos meses o mercado ainda espera uma continuidade da elevação da inflação. Principalmente porque os meses seguintes possuem datas importantes no calendário do consumo das famílias, como Dia das Mães, Dia dos Namorados, São João e o Dia dos Pais. A expectativa é que a inflação comece a desacelerar a partir de setembro de 2021.

Sobre o IPCA

O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.

Rafael Ramos, economista:

Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com MBA em Gestão Empresarial pelo Cedepe Business School;  Atua e tem experiência na área de Desenvolvimento Regional e Urbano, com ênfase em: Análises conjunturais e Economia de Pernambuco. É conselheiro efetivo do CORECON.