A médica geriatra Sandra Brotto, coordenadora da especialização médica em geriatria da Faculdade IDE, explica sobre quais os cuidados esse grupo após imunização
Os idosos são prioridade, junto com profissionais da saúde, na fila da vacinação. Os cuidados com eles desde o início dessa pandemia era pra que não contraíssem o vírus, mas agora as coisas estão mudando e muitos dos nossos idosos já estão recebendo o imunizante que vai trazer esperança de dias melhores. A cautela ainda existe. Mas, agora, muitos deles, dos familiares e dos cuidadores estão preocupados em como será o cuidado com eles depois da vacinação e se, de fato, não existe nenhum perigo em tomar a tão falada vacina.
Segundo a médica geriatra *Sandra Brotto, coordenadora da especialização médica em geriatria da Faculdade IDE, as reações adversas costumam ser raras e bem toleradas em ambas as vacinas disponíveis no Brasil. Mas, mesmo após a primeira dose, o idoso deve manter os mesmos cuidados, pois a imunidade só é alcançada cerca de 15 dias após a segunda dose. “É preciso enfatizar que a vacinação é uma medida, não apenas de cunho individual, mas coletivo, uma vez que, para reduzir de forma efetiva a transmissão teremos que atingir a vacinação de ¾ da população, o que não ocorrerá no primeiro momento”, conta.
Entretanto, a geriatra lembra que a vacina também se mostrou eficaz na redução de manifestações graves, internação e mortalidade, o que impacta de forma significativa na preservação da saúde e da qualidade de vida dos nossos idosos. “Uma vez imunizado, o idoso ainda pode, em teoria, contaminar-se e apresentar sintomas leves a moderados da doença, trazendo algum desconforto sintomático. Além disso, mesmo imune, ao entrar em contato com alguém infectado, é possível carrear o vírus na pele, nas mãos e nas roupas, tornando-se o transmissor para outro indivíduo ainda não vacinado”, ressalta a coordenadora da especialização médica em geriatria da Faculdade IDE.
Ou seja, mesmo após a vacinação, todas as medidas de segurança e higiene devem ser mantidas. E, depois que a imunização for realidade para a maioria das pessoas, o desafio será recomeçar. “Acredito que todo recomeço é um processo gradual. Afinal, estamos lidando, todos os dias, com o desconhecido, desde o início da pandemia. Porém, quando atingirmos cerca de75% da população vacinada e diminuirmos a transmissão, observaremos a redução das hospitalizações e das mortes pela covid-19. Assim, creio que a segurança em sair voltará, assim como toda agenda social dos idosos, que poderão retornar enfim, aos seus pilates, cursos, bailes, trabalho e viagens. A família e os amigos serão primordiais na recuperação dessa socialização”, diz a médica geriatra Sandra Brotto.
Saúde mental do idoso em tempos de pandemia
A caminhada até aqui não tem sido fácil e é bom estarmos atentos aos sinais de mudança de humor e comportamento para não descuidar da saúde mental dos idosos. De acordo com a geriatra Sandra Brotto, os danos psicológicos foram devastadores: aumento dos sintomas ansiosos e depressivos, perda de funcionalidade e prejuízo no funcionamento motor tem sido relatados no mundo inteiro. “Algumas pessoas mais próximas dos idosos inclusive já perceberam diferenças, mas ainda estão com medo de retirá-los de casa para irem a médicos e psicólogos, a fim de iniciar tratamento adequado”.
Dito isto, faz-se importante elencar o papel da telemedicina, modalidade nova que ganhou grande impulso no isolamento social, e que pode ajudar a consolidar o diagnóstico, não postergar mais o início do tratamento e evitar danos irreparáveis. Por outro lado, outras famílias, até por conta do distanciamento social, ainda não se deram conta dos reais prejuízos trazidos, a saúde mental de seus idosos, pela pandemia. “Gostaria de explicar que não apenas choro e apatia são sinais de depressão no idoso, mas que sintomas atípicos, como perda de peso, déficit cognitivo, transtornos de sono e irritabilidade, também são apresentações comuns nessa faixa etária”, completa a coordenadora da especialização médica em geriatria da Faculdade IDE.
Enquanto a vacina não chega para todos…
Ainda não chegou imunizante para todos os idosos, por isso é preciso continuar com todas as precauções. “As medidas de segurança contra a transmissão da covid-19 continuam sendo muito importantes. Uso de máscaras e álcool gel, evitar aglomerações e saídas desnecessárias, manter o isolamento de crianças e pessoas que estejam trabalhando, desinfetar com álcool elementos que venham da rua, continuam valendo como as principais ações a serem tomadas”, aconselha Sandra Brotto. Outro ponto importante é controle da ansiedade.
“Todo esse tempo de pandemia tem sido um gatilho para o aumento da ansiedade por vários aspectos: medo de adoecer ou de morrer, insatisfação por falta de vida social, tristeza pelo isolamento sem poder abraçar filhos e netos, luto por perda de parentes e amigos. A vacina vem como um alento no meio disso tudo e a ansiedade nesse caso por se proteger, faz parte da natureza humana, principalmente nos idosos, por ser o grupo de maior risco”, analisa geriatra.
Estratégias, enquanto aguardam a vacinação e a sonhada imunidade, como prática de meditação e atividade física, alimentação leve e balanceada, videochamada com familiares e amigos, além de atividades de lazer e de estimulação cognitiva podem ajudar a passar o tempo com qualidade. “Entre os exemplos: leitura, trabalhos manuais, dança, canto, quebra-cabeça, palavras cruzadas, caça palavras, bordado e pintura, dentre tantas outras”, finaliza a médica geriatra Sandra Brotto, coordenadora e também professora da especialização médica em geriatria da Faculdade IDE.
* Sandra Brotto, coordenadora e professora da especialização médica em geriatria da Faculdade IDE, é mestre em ciências da saúde pela UPE; preceptora da Residência de Geriatria do IMIP; geriatra titulada pela SBGG; residência em Geriatria pela UPE; geriatra do Instituto de medicina do idoso (IMEDI); Médica geriatra do SAD (serviço de atenção domiciliar) do IMIP; e sócia e geriatra do llar d’avis Casa geriátrica.
FACULDADE IDE – A Faculdade IDE, mantida pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional, desde 2006, promove pós-graduações na área de saúde, contando com mais de 120 cursos nas áreas de medicina, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição, educação física, psicologia e fonoaudiologia. Autorizada pelo MEC, na portaria nº 852, de 30/12/18, passou a oferecer também graduações, como de Estética e Recursos Humanos. Com matriz no Recife e atuação no interior de Pernambuco, como Caruaru, Garanhuns e Petrolina, tem unidades também espalhadas por vários estados do Norte e Nordeste, como Ceará, Bahia, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Belém. Mais informações (81) 3465.0002, 0800 081 3256 e www.faculdadeide.edu.br.