Já virou tradição em Pernambuco. Quando os clarins de Momo soam no início do ano, os amantes do blues e do jazz já aguardam o anúncio das atrações do Gravatá Jazz Festival (GJF), projeto que chega a sua quinta edição consolidado como um dos principais festivais do gênero no País, sendo também a principal opção de diversão fora do circuito carnavalesco.
Com quatro dias de shows gratuitos de atrações locais, nacionais e internacionais, este ano o festival acontece de 22 a 25 de fevereiro, em Gravatá, município localizado no Agreste do Estado, a 84 quilômetros da capital. Com realização da Prefeitura de Gravatá, produção executiva da Promundo, de Jackson Rocha Jr, e curadoria do músico Giovanni Papaleo, foram confirmados nesta edição vários nomes de peso. Sãoeles: a cantora norte americana JJ. Thames, o guitarrista Mark Lambert, a banda Serial Funkers, Tony Gordon, Arthur Philipe, Dom Angelo Mongiovi, Liv Moraes, Di Stéffano, Bruno Marques,Allycats, Victor Bertrami, Uptown Blues Band, Dudu Lima, Moda de Rock, Rodrigo Morcego e ainda convidados especiais como Breezy Rodio e Lorenzo Thompson. Nesta edição, a estimativa é que o festival receba um público de mais de 10 mil pessoas por noite.
O formato do GJF 2020 segue os mesmos moldes que o transformou em um sucesso já nas primeiras edições: atrações locais dividem o palco com músicos de destaque nacional e internacional, em shows separados, mas que, ao longo da noite, dão ao público a sensação de estar na plateia de uma grande “jam session”, como se diz no meio musical. “O GJF tem um espírito de curtição. Nossa ideia é realizar um intercâmbio entre os músicos. Essa mistura contagia a plateia e foi o que tornou o festival um dos mais prestigiados do Brasil”, diz Giovanni Papaleo que também é baterista da Uptown Band.
De acordo com ele, a ideia inusitada de desenvolver um festival de jazz em pleno Carnaval surgiu para dar ao público uma boa opção distante da folia de Momo. “Muitas pessoas procuravam uma opção ao Carnaval. E aqui em Pernambuco, que é a Terra do Frevo, não havia. Então queríamos desenvolver algo que fosse um grande projeto turístico e de lazer, mas que também servisse como opção para as pessoas que querem fugir da folia tradicional. Para isso, nada melhor que música de qualidade, como jazz, blues, bossa nova e nossos ritmos regionais”, explica.
Iniciado há cinco anos em Gravatá, com edições consecutivas, o festival tem sido um sucesso. “É um evento que traz cultura, valoriza a cena local e gera intercâmbio com artistas de fora, além de atrair turistas gerando renda para o nosso município”, diz o prefeito Joaquim Neto. O festival foi crescendo aos poucos. “Para se ter uma ideia, os artistas da primeira edição cobraram apenas cachês simbólicos para participar, por acreditar no GJF”, afirma Jackson Rocha Júnior, diretor da Promundo e produtor do festival. Ano após ano, o festival foi crescendo e ganhando melhorias consideráveis na estrutura. “Uma coisa que nos orgulha muito é o festival, em todos esses anos, não ter registrado nenhuma ocorrência policial grave durante seus dias de realização. O que é fantástico. Uma garantia de que as famílias podem curtir todo o evento com tranquilidade e conforto, já que o local é coberto, seguro, disponibiliza mesas e cadeiras e conta com uma praça de alimentação”, diz Jackson.
Pelos palcos do GJF já passaram grandes nomes do jazz, blues, rock e música popular brasileira. Entre os destaques, Airto Moreira e Flora Purim, Ivan Lins, Ed Motta, Bob Mintzer e Russell Ferrante, que são líderes da Yellow Jackets, Jennifer Batten, que atuou por dez anos como guitarrista de Michael Jackson, Kiko Loureiro e muitos outros. “Se formos citar todos os nomes, vamos levar um dia inteiro. Muita gente talentosa e famosa já passou pelo festival. Expoentes da cultura popular, como o maracatu, estão sempre presentes também. Uma das coisas mais bacanas do GJF é a possibilidade de misturar ritmos regionais ao jazz de maneira muito saudável. Outro ponto positivo nascido dessas misturas é colocar artistas locais, da terra, para interagir no palco com ídolos deles. A experiência para os músicos e para o público é inesquecível”, explica Giovanni.
Aliás, a interação com o público vai além da animação. O GJF promove mais uma vez esse ano o já tradicional concurso de frases sobre o evento onde as melhores são premiadas diariamente com instrumentos de alta qualidade.
Grandes estreias no GJF 2020
Na edição deste ano, o Gravatá Jazz traz um line-up variado e com a grande maioria das atrações se apresentando pela primeira vez no festival. É o caso do cantor e guitarrista norte-americano Mark Lambert, que sobe ao palco no dia 24 de fevereiro liderando um grupo formado por músicos recifenses. Para o show, ele, que já tocou com inúmeras estrelas da música e que já produziu Astrud Gilberto, promete uma mistura empolgante de jazz, blues, funk raiz e soul music.
Quem também faz seu debut e promete contagiar o público é J.J. Thames, cantora americana considerada diva do Blues de Mississipi (apesar de ter nascido em Detroit). Com uma voz poderosa e inconfundível, J.J. já ficou entre as 10 melhores da Billboard por 25 semanas no gênero de Blues e recebeu diversos elogios da imprensa nos lugares onde passou.
Outra grande atração é a Serial Funkers, formada por Herbert Medeiros (teclados),
Luciano Ribeiro (Baixo), Luguta (Bateria) e Regis Paulino (voz). Em treze anos de carreira a banda passou por várias das principais cidades e casas de show do Brasil levando sua música pulsante e interpretando grandes clássicos nacionais e internacionais com muito suingue.
Ainda no cenário nacional, o evento traz Bruno Marques, que além de músico é um dos grandes incentivadores do blues no Brasil. Ele, que já participou de grandes festivais internacionais do gênero, é responsável pela criação de projetos nacionais onde o blues é o protagonista, como o Rota do Blues, que percorre o Brasil com shows de artistas estrangeiros e nacionais.
Mas há mais brasileiros no time. Um deles é Tony Gordon, vencedor do The Voice Brasil 2019.. Com mais de 30 anos de carreira, o músico busca enfatizar a função do “crooner” na cultura da música popular, reavivando com isso a importância do seu pai, Dave Gordon, também “crooner”. Em suas apresentações, uma forte presença do afro-calypso-americano. Na grade também se apresenta o virtuoso instrumentista mineiro Dudu Lima, contrabaixista, compositor e arranjador, com uma sonoridade inovadora que tem encantado as plateias por onde passa de Norte a Sul do País, bem como em suas turnês internacionais. Sua biografia é composta por 11 CDs e sete DVDs, além de um álbum em vinil exclusivo para colecionadores.
Já o cantor de jazz Arthur Philipe e Dom Angelo, violonista , pesquisador e produtor, trazem ao palco um passeio pelos grandes clássicos do jazz norte-americano e da bossa nova. Com 15 anos de carreira, Liv Moraes também está confirmada entre as atrações do GJF 2020. A cantora, considerada um dos destaques da nova geração da MPB, é filha do grande instrumentista, cantor e compositor Dominguinhos com a cantora Guadalupe. A promessa para o festival é de um show cheio de diversidade de ritmos com pegada jazzística. programação traz também, Di Stéffano, baterista e bandleader, um dos maiores nomes do Jazz do Distrito Federal.
A primeira banda de Rockabilly do Recife é uma das que marcam presença no festival. A promessa da Allycats para o GJF é de um show feito em 2020, mas com carinha de 1950. Para que a volta no tempo seja possível, a proposta é de um visual cheio de botas, topetes, barbas e um som poderoso. Como não podia ser diferente, a banda traz influências dos gênios dos primórdios do rock and roll, como Chuck Berry. É uma receita infalível que mescla o novo com o velho, com ar de old school, mas também de música contemporânea.
Pioneira no Nordeste quando o assunto é jazz e blues, a Uptown Blues Band iniciou sua trajetória ainda em 1997. Já em 2018 foi eleita pelo júri do Prêmio Profissionais da Música, como a melhor banda de blues do País. A banda, capitaneada por Giovanni Papaleo, também ajudou a promover, durante dez anos, shows nacionais e internacionais de blues para sete capitais nordestinas, algo que antes só acontecia no Sul do País. Em suas apresentações, uma mescla da magnífica arte norte-americana com os ritmos regionais, como maracatu e baião. Uma forma de valorizar a cultura local e ainda assim difundir o blues no Nordeste.
Uma mistura ainda mais inusitada poderá ser conferida no show do Moda de Rock, um projeto da dupla de violeiros Ricardo Vignini e Zé Helder que nasceu quase como uma brincadeira, em 2007, quando os dois violeiros, também professores, resolveram mostrar o potencial do instrumento para os alunos e ao mesmo tempo reviver a trilha sonora da adolescência de ambos. Nas apresentações, versões instrumentais de clássicos do rock para a viola caipira.
Canjas Já firmado como um dos maiores festivais do País, o GJF atrai o interesse dos músicos da cena. Os norte-americanos Breezy Rodio e Lorenzo Thompson, por exemplo, fizeram questão de marcar presença e podem dar uma mostra de seus trabalhos durante o evento . São convidados especiais. Breezy é guitarrista e vocalista da nova geração de blues de Chicago, fazendo um som clássico, influenciado pelos mestres Albert King, Ray Charles, BB King, T-Bone Walker e outras lendas. Em seus shows, apresenta a musicalidade do passado com um pé no futuro, com influências tanto do blues da década de 40 como do blues urbano de hoje, além de um domínio profundo da guitarra. Já Lorenzo teve sua primeira experiência de canto em coral da igreja e é um artista dinâmico, com uma capacidade única de se conectar com o público e transformar o show numa grande festa.
No improviso – Para manter a tradição, a quinta edição do Gravatá Jazz Festival contará com jam sessions de jazz e blues logo após os shows do palco oficial. A casa oficial desses encontros musicais improvisados, diariamente, será o restaurante Barito Fondue, que tem tradição em receber as melhores jams do pós festival. Por lá devem passar os principais nomes nacionais e internacionais dos shows oficiais do GJF. A ideia surgiu como uma forma de presentear o público com explosões musicais improvisadas, mas não menos emocionantes e dar aos músicos presentes a oportunidade de trocar experiências. É nas Jam sessions que artistas estreantes e veteranos, locais ou nacionais, ou ainda internacionais, sobem ao palco e se entregam, juntos à música.
Movimento – A expectativa é que o Gravatá Jazz provoque uma ocupação de 100% na rede hoteleira do município durante a realização do festival. Um aumento do movimento também é esperado nos bares e restaurantes da cidade.