A comercialização de cabras e ovelhas representa cerca de 13% da produção agropecuária de Pernambuco
Sertânia – Tradicional no semiárido nordestino, a criação de caprinos e ovinos para produção de leite e abate ganhou forças como atividade econômica organizada. Em segundo lugar no ranking de maior rebanho de caprinos do Brasil e em terceiro entre os maiores criadores de ovelhas no território nacional, a cultura da ovinocaprinocultura está entre as metas de políticas públicas do Governo de Pernambuco, que instituiu oficialmente, quinta-feira (16/01), a Câmara Setorial da Ovinocaprinocultura. A primeira reunião com membros de associações, empresários do segmento e órgãos estaduais foi realizada no auditório da Escola Técnica de Sertânia, distante 315 km do Recife.
Esta foi a primeira agenda estratégica da Missão Desenvolvimento em 2020, formada por um grupo de trabalho composto pelas equipes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), com a estratégia de disseminar a política estadual de fortalecimento das vocações econômicas regionais. Sertânia foi o primeiro município a receber o grupo comandado pelo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach, e pelo presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Roberto Abreu e Lima, e foi escolhida por sua tradição na produção de caprinos e ovinos e por deter o segundo maior rebanho de cabras no Estado e o quinto maior rebanho do Brasil com 156 mil cabeças, segundo dados do IBGE em 2018.
Esta será a sétima câmara criada e gerida pela Sdec e AD Diper. Em 2019, foram instalados os grupos representativos do setor de leite e derivados, turismo, logística, audiovisual, sucroalcooleiro e têxtil e confecções. Essas bases têm como foco identificar as ações prioritárias de interesse comum à cadeia produtiva; formular políticas estratégicas para o desenvolvimento setorial; e executar as ações deliberadas de acordo com as responsabilidades atribuídas no Plano Estratégico de cada área.
Em 2019, a Sdec e a AD Diper imprimiram nova metodologia na formação de cada colegiado. O grupo seguirá uma política de implantação, regimento interno e plano de trabalho, composto por uma diretoria, com presidente, vice-presidente e secretaria executiva, com funções específicas, mas convergentes. Caberá ao Presidente, entre outras atribuições, convocar e presidir as reuniões e os trabalhos da Câmara, bem como supervisionar os trabalhos dos Grupos Executivos de Desenvolvimento Setorial (GEDS), e promover articulações com entidades públicas, privadas e organizações da sociedade civil, para formalização de parceria na execução de ações de interesse da Câmara Setorial. Todo o trabalho é realizado com o apoio da Agência.
A ovinocaprinocultura é uma atividade de fundamental importância para Pernambuco. Em 2018, a comercialização de cabras e ovelhas e seus produtos representaram cerca de 13% da produção agropecuária de Pernambuco, sendo considerado o principal segmento econômico da agropecuária em terrenos secos, mais conhecida como de sequeiro. “O lançamento da Câmara Setorial da Ovinocaprinocultura veio em boa hora. Vamos precisar do Governo do Estado para ajudar no andamento rápido dos licenciamentos e autorizações de comercialização. Além disso, a oferta de água também é uma prioridade para o sucesso do projeto. Esse modelo queremos replicar para outras cooperativas para que haja um maior desenvolvimento econômico e social do Nordeste”, comemorou o presidente da Cooperativa dos Criadores de Caprinos e Ovinos, Edmir Souza.
De acordo com dados do IBGE, pelo menos desde 2006, Pernambuco possui o segundo maior rebanho de caprinos do Brasil. Em 2018, foram registradas cerca de 2,4 milhões de cabeças de cabras no Estado. Já no que diz respeito à criação de ovelhas, Pernambuco saltou de 5º maior produtor nacional em 2006, para a 3º posição em 2015, permanecendo entre os três maiores até 2018. Com quase 2,4 milhões de cabeças no último registro do IBGE, a produção de ovinos pernambucana está atrás apenas da Bahia e do Rio Grande do Sul, este último utilizado em sua maior parte para a produção de lã.
A AD Diper tem apoiado diversas ações e projetos para o desenvolvimento da ovinocaprinocultura. O programa Força Local, que executa ações estruturadoras para melhorar a qualidade dos negócios dos municípios, firmou sete convênios em 2019 bancando um total de R$ 978,2 mil em investimentos diretos para produtores e associações. Somado aos aportes de parceiros como o Sebrae Pernambuco, são quase R$ 1,8 milhão em investimentos para o setor.
Os projetos beneficiam diretamente 495 produtores e 150 famílias de agricultores e pecuaristas. São ações visando o melhoramento genético dos animais e o fortalecimento da cadeia produtiva, além da melhoria da infraestrutura dos locais de trabalho. “O nosso objetivo é ajudar o pequeno produtor que precisa de um bom suporte para ter fôlego e desenvolver seu negócio. Com o apoio e parceria do Sebrae já estamos conseguindo desenvolver boas ações e gerar emprego e renda na região”, comentou o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, AD Diper.
Já o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Bruno Schwambach, fez questão de frisar o trabalho realizado pelo Governo do Estado de percorrer pelo interior para identificar as potencialidades de cada região. “Com a Câmara Setorial, vamos criar um diálogo com os representantes do setor para que possamos trilhar o melhor caminho rumo ao desenvolvimento. Eu também sou empreendedor e, por isso, sei a importância desse tipo de estratégia. No ano passado, conseguimos atrair R$ 15 bilhões em investimentos privados. Mas o desenvolvimento não se restringe aos grandes empreendimentos. Temos que focar também nos pequenos negócios e nos arranjos produtivos locais. Uma prova foram os lançamentos dos programas Força Local e Crédito Popular. Pernambuco está no caminho certo”, afirma.