Assinada pelo artista visual francês Serge Huot, mostra inédita segue em cartaz até setembro, questionando o esgotamento dos recursos naturais. O acesso é gratuito
A complexa relação entre a humanidade e o meio ambiente analisada de cima de uma prancha de surf. Esse será o tema da exposição Danger, do artista visual francês Serge Huot, que estreia neste sábado (21), às 15h, na Galeria Janete Costa, e segue em cartaz até 16 de setembro.
A exposição apresenta um conjunto de obras feitas a partir de restos de pranchas de surf, que relaciona a prática do esporte com questões ambientais, tema que toca o artista desde que ele chegou ao Brasil, no final dos anos 1980. A relação entre homem, natureza e sociedade, e a reflexão sobre o mundo urbano industrializado e o seu impacto no meio ambiente, sempre permearam a obra de Huot, que vive atualmente em Tambaba, litoral sul paraibano.
As obras e instalações expostas da galeria foram feitas com restos de pranchas doadas por surfistas conhecidos e coletadas por Huot desde 2013. “Meus trabalhos com as pranchas são metáforas da ausência do surf, mas também podem se referir a outras maneiras de contato das pessoas com essa parte oceânica da natureza, cada vez mais afetada pelas inúmeras formas de exploração comercial e industrialização desordenada”, diz o artista.
Huot trouxe ao Recife também gravuras em papel fotográfico, que retratam surfistas e pessoas próximas a ele, além de vídeo que trata do ritmo da água e da passagem do tempo e da destruição da natureza.
Para a curadora Valquiria Farias, há nas obras de Danger a referência ao surf como “relação ideal” entre o homem e a natureza. “O corpo está imerso nesse jogo ideal, eleva seu pensamento ao ritmo de uma onda preexistente. Por outro lado, há a fatura que liga essas obras a uma crítica real do consumo em que o próprio surf não está incólume”. Ainda segundo ela, Serge Huot procura mostrar esses dois momentos ao reunir restos de pranchas recortadas e retrabalhadas por ele em diversas situações. Além disso, as noções de acúmulo e efemeridade das coisas, recorrentes na produção do artista, fazem referência às noções apregoadas pelo novo realismo francês, principal influência do artista.