Cinema também dá sequência ao Abril Indígena, com a exibição de filmes que exploram as vivências e questões dos povos originários com Martírio de Vincent Carelli
Dando sequência ao Abril Indígena, com a exibição de filmes que exploram as vivências e questões dos povos originários. Os fins de semana do São Luiz estão especiais com filmes que abordam a temática através de produções realizadas por cineastas indígenas ou em colaboração com eles, assim como por meio de obras dirigidas por não-indígenas que abordam eventos significativos para o debate estético e político.
“Martírio” de Vincent Carelli marca o retorno ao princípio da grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá através de filmagens do nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.
Vincent Carelli é um antropólogo, indigenista e documentarista franco-brasileiro, fundador do projeto Vídeo nas Aldeias (1987), que forma cineastas indígenas. Filho de pai brasileiro e mãe francesa, se mudou para São Paulo aos 5 anos e estudou Ciências Sociais na USP. Desde 1973, trabalha com projetos de apoio a grupos indígenas no Brasil, tendo sido indigenista da FUNAI e jornalista. Fundou o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) em 1979 e foi diretor do Programa de Índio da TV Universidade.
Além disso, essa semana também haverá um momento histórico com uma sessão de “Amor Maldito”, em homenagem a Adélia Sampaio, primeira mulher negra a dirigir um longa distribuído comercialmente no Brasil. Se atualmente não há equidade racial e de gênero nas produções cinematográficas e audiovisuais brasileiras, em 1984, quando Amor Maldito foi feito, essa realidade era ainda mais difícil.
“Esse fim de semana no São Luiz está muito especial por conta de diversos encontros. Eu acho que o primeiro é um momento histórico de exibição de “Amor Maldito” com a presença de Adélia Sampaio na sala, uma realizadora fundamental do cinema brasileiro que colocou na tela um debate sobre as questões de sexualidade, identidade, gênero e raça há 40 anos atrás”, disse o programador do Cinema São Luiz, Pedro Severien.
Sem recursos ou financiamentos, a diretora finalizou a obra inteiramente de modo cooperativo. O filme assim se tornou um marco político que ecoa até hoje por sua inventividade formal e enfrentamento de temas políticos relacionados à sexualidade, gênero e raça.
“Logo após essa sessão, nós vamos ter uma sessão de Martírio, um dos filmes mais contundentes e mais importantes do cinema brasileiro contemporâneo na abordagem da relação dos povos indígenas com o território. A forma como os Guarani Kaiowá defendem o território demonstra, através da busca histórica que o filme faz, a necessidade de valorização, proteção e transformação da sociedade brasileira com a ação dos povos indígenas”, completou Severien.
Confira a programação do Cinema São Luiz deste fim de semana:
Ingressos: R$ 5 (meia para todos)
Sábado (12/04/25)
15h Amor Maldito (Classificação indicativa: 16 anos)
Adélia Sampaio, 1984, RJ, 80’
Sinopse: Baseado numa história real, o filme mostra a relação amorosa entre a executiva Fernanda (Monique Lafond) e a ex-miss Sueli (Wilma Dias). Reprimida pela sua família evangélica e conservadora, Sueli comete suicídio. Fernanda é acusada de responsável pela morte da companheira e julgada por um tribunal preconceituoso.
17h Martírio
Vincent Carelli, 2017, SP, 161’
Sinopse: O retorno ao princípio da grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá através das filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.
Domingo (13/04/25)
11h Cinema para a Criança (Classificação Livre) Gratuita
Ciranda Feiticeira
Lula Gonzaga, 2023, PE, 8’
Direção: Lula Gonzaga e Tiago Delácio
Sinopse: Janaina compartilha com sua mãe o ritual da pesca na Ilha de Itamaracá. Elas enfrentam a dor e a beleza dos ciclos da vida com sonho, poesia e música.
Fazenda Rosa
Chico Beloto, 2017, PE, 9’
Sinopse: Erasto Vasconcelos, poeta da percepção da vida, faz eco da “pernambucaneidade” do que nos rodeia.
Meu nome é Maalum
Luísa Copetti, 2021, RJ, 8’
Sinopse: Maalum é uma menina negra brasileira que nasce e cresce em um lar rodeado de amor e de referências afrocentradas. Logo que sai do seio de sua casa, ela se depara com os desafios impostos pelos discursos e pelas práticas de uma sociedade racista. Assim que chega na escola, todos riem dela. Maalum não entende o porquê e, com ajuda da sua família, vai descobrir o significado do seu nome e transformar a tristeza em orgulho por sua ancestralidade.
A menina e o pote
Valentina Homem e Tati Bond, 2024, 12’
Sinopse: Em um mundo distópico, uma menina quebra o seu pote, objeto que guarda um segredo em seu interior. A quebra do pote abre portais para universos paralelos e a menina adentra um tempo de transformação em que a criação de um novo mundo é finalmente possível.
15h Martírio (Classificação 14 anos) Meia para Todos
17h Amor Maldito (Classificação 16 anos) Gratuita