O cantor Filipe Catto retorna ao Recife no próximo domingo (20), para única apresentação no Estelita, a partir das 17horas.
Clássica pintura de Sandro Botticelli, “O Nascimento de Vênus” é um tratado sobre o amor, a beleza e a potência feminina. Não foi à toa, portanto, que o cantor gaúcho Filipe Catto escolheu o título da obra do italiano para nomear a turnê de seu quarto disco. É que o repertório de “CATTO” (2017) foi construído, justamente, a partir das redes de afeto e da busca pelo belo e o feminino. A turnê do álbum – que tem circulado por diversas cidades brasileiras e por países como Espanha e Itália – tem única passagem por Recife domingo, (20), num show que acontece no Estelita.
Entre as dez faixas de “CATTO” estão canções de importantes compositores da música brasileira contemporânea, como o mineiro César Lacerda, o pernambucano Juliano Holanda e os paulistanos Rômulo Fróes e Nuno Ramos. Sem contar as veteranas cariocas Marina Lima, que assina “Arco de Luz” junto a Antônio Cícero, e Zélia Duncan, parceira de Catto em “Só Por Ti”. “As parcerias se deram pelo próprio convívio. Foi um disco feito de forma afetuosa, com pessoas muito próximas”, explica Catto. “Busquei trazer canções que falassem da beleza, que estivessem nesse universo da poesia musical”, completa.
Para Catto, que assina sozinho “Lua Deserta”, não há distinção entre cantar músicas próprias e de outros autores. “A música, por si só, já me nutre como artista. Eu gosto muito de escrever e também de me surpreender com composições de outras pessoas que me arrebatam”, explica, pontuando diferenças entre o novo trabalho e seu antecessor, “Tomada” (2015). “Neste disco, as músicas são muito mais plásticas. Tivemos mais tempo para trabalhar a relação com os arranjos. É um trabalho de produção musical mais complexo. Traz timbres, possibilidades de som e viagens estéticas que levam as canções para uma paisagem nova”, diz.
Nos palcos
O gaúcho afirma que o show “O Nascimento de Vênus” (que também é um verso de “Lua Deserta”) foi tomando corpo nos palcos. “Quando percebi, era essa a energia que regia o trabalho. A do cuidado humano, do feminino poderosíssimo que existe em todos nós. O show é a celebração de um poder pessoal que passa pelo equilíbrio entre o masculino e o feminino. E que a gente precisa aprender a acessar juntos para sobreviver a estes tempos difíceis”, afirma. “É um show super diferente de tudo o que eu já fiz, porque é muito eletrônico. Sinto que ele tem um lugar ritualístico, apesar de trazer um repertório solar, com músicas mais pop dos meus outros discos”, completa Catto.
Para o cantor, em tempos sombrios de disseminação do ódio e da intolerância, nunca foi tão importante fazer arte e falar de amor. “A arte tem a função de manifestar os valores em que acreditamos. Neste momento, não podemos abrir mão, de forma alguma, das nossas convicções. Queremos continuar sendo um país democrático, estamos pedindo apenas o cumprimento da Constituição. Não é uma questão de opinião, mas de humanidade”, crava. “É fundamental expressar o amor através da nossa arte, dos nossos discursos, gestos e posturas. A gente vai continuar dando amor, porque é o que temos para dar. E a arte é o nosso super poder agora”.
Serviço: Filipe Catto apresenta “O Nascimento de Vênus”. Domingo, às 17h, no Estelita Autêntica (Av. Saturnino de Brito, 385, Cabanga).