Em formato ampliado, evento gratuito une o jazz ao frevo e ao baião e conta com atividades de economia criativa e gastronomia pernambucana

A diversidade musical brasileira, a gastronomia, a economia criativa e a preservação do patrimônio dão o tom da edição 2019 do Festival Panela do Jazz. Com cinco apresentações musicais gratuitas e ações em parceria com a Feira Livre do Poço, o evento espera reunir 10 mil pessoas no dia 6 de julho, em frente à Igreja de Nossa Senhora da Saúde, no Poço da Panela, Zona Norte do Recife. Em formato ampliado, o festival tem como objetivo fortalecer o cenário da música instrumental e ocupar o espaço público com arte e cultura – contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico e cultural da região – com shows de Mongiovi Trio, Bia Villa-Chan com Bráulio Araújo, Di Stéffano Quarteto, Orquestra Quebramar e Luciano Magno com participação especial do sanfoneiro Cezzinha.

Evidenciando as relações de proximidade entre o experimentalismo do jazz e a diversidade da cultura popular pernambucana, a segunda edição do Panela faz homenagem a gêneros como o frevo, o baião e o choro. “Um dos focos é valorizar a riqueza da cultura pernambucana, através do improviso presente em sua musicalidade instrumental, que dialoga diretamente com a nossa assinatura artística”, afirma o idealizador e diretor geral, Antonio Pinheiro. Com direção artística do músico e doutor em jazz Angelo Mongiovi, o evento tem na programação expoentes do jazz nacional em um diálogo constante com a musicalidade latente do estado em intercâmbio de sonoridades.

Abrindo a programação musical, o guitarrista, compositor e pesquisador Angelo Mongiovi leva ao palco do festival o concerto do seu Mongiovi Trio. Apresentando temas autorais do seu último álbum, Porto (2015), e músicas inéditas, o show contará com participações de músicos de destaque na cena jazzística recifense para uma jam session. Segunda atração do dia, a multi-instrumentista recifense Bia Villa-Chan recebe o contrabaixista Bráulio Araújo para uma apresentação repleta de releituras instrumentais do cancioneiro popular brasileiro, além de temas autorais de seu novo álbum, GiraSons. Companheiro musical de nomes como Dominguinhos, Geraldo Azevedo e João Donato, o veterano Di Stéffano convida músicos pernambucanos para compartilhar com o público o samba-jazz e o afro-jazz (mistura multicultural do jazz brasileiro e africano), em temas autorais de seu repertório de quase 30 anos de estrada e releitura de clássicos.

Vencedora do Prêmio da Música de Pernambuco deste ano na categoria Melhor Álbum de Música Instrumental com seu disco de estreia (Quebramar), a Orquestra Quebramar é a quarta atração e interpretará interpretações de clássicos do frevo transformados através da influência do jazz e da africanidade presentes na obra do maestro pernambucano Moacir Santos. Para encerrar a segunda edição do festival, foi escalado outro veterano na experimentação e ressignificação de gêneros musicais: Luciano Magno. Conhecido por sua contribuição na criação de uma identidade da guitarra brasileira, através da união de ritmos como frevo, rock e jazz, o pernambucano convida para o show o sanfoneiro Cezzinha e promete colocar o público para dançar nesse intercâmbio de sonoridades brasileiras.

Tudo isso é enriquecido pelo cenário bucólico do bairro e sua arquitetura histórica, que, segundo Pinheiro, dialoga com o próprio berço do jazz: a cidade norte-americana de Nova Orleans. “Realizar este evento no Poço da Panela tem um significado histórico muito importante: além de ser um patrimônio histórico tombado, é dali, da mesma Igreja de Nossa Senhora da Saúde, que data o primeiro registro de uma audição de piano no estado de Pernambuco, em 1810”, comenta o idealizador. Segundo o produtor, o local possui uma relevância para a comunidade negra e para a abolição da escravatura no Brasil. No século XIX, o bairro se tornou um dos principais pontos de acolhimentos de escravos, através da atuação dos abolicionistas José Mariano e Dona Olegarina da Cunha. “É impossível não reforçar que o jazz possuiu seu nascimento e maior influência na identidade negra, que também é berço da cultura pernambucana”, traça o paralelo.

Gastronomia economia criativa

Outro ponto de destaque do projeto de ampliação do evento é a integração da Feira Livre do Poço como um ponto de valorização da economia criativa através da comercialização de produtos alimentícios diversos, artigos de moda e acessórios artesanais de produtores locais e regionais. “Neste ano, o festival não só pretende trazer a música como ampliar sua atuação com a exaltação da gastronomia, através da oferta de comidas e insumos diferenciados, para que o público possa se alimentar na rua com qualidade”, destaca a coordenadora da Feira Livre do Poço, Cecília Montenegro. Entre as 65 barracas montadas, o público vai encontrar desde os já conhecidos temperos, geleias e pães artesanais até frios, defumados e comidas veganas. Visando a prática da responsabilidade social e o fortalecimento da integração social, o festival realizou ainda mapeamento e cadastro de comerciantes das comunidades carentes do entorno que complementarão a programação com a oferta de alimentos e produtos artesanais.

O evento tem patrocínio da Eisenbahn e apoio da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer e Secretaria de Cultura da Prefeitura do Recife.

SERVIÇO

2ª Edição do Panela no Jazz

Shows de Mongiovi Trio, Bia Villa-Chan & Bráulio Araújo, Di Stéffano Quarteto, Orquestra Quebramar e Luciano Magno com participação especial de Cezzinha

Quando: 6 de julho, a partir das 14h

Onde: Em frente à Igreja de Nossa Senhora da Saúde (final da Estrada Real do Poço, Poço da Panela)

Quanto: Gratuito

Informações: facebook.com/paneladojazz