Em cartaz a partir do domingo (22), no Mia Café, no Bairro do Recife, exposição conta com obras em tela, couro e barro que representam cenários e figuras brasileiras.

Qual é a cara do Brasil? Quais expressões tecem o rosto do que representa a brasilidade? Quais situações, objetos e figuras constituem o ser brasileiro? Inclusive, há uma brasilidade que pode-se dizer representante do Brasil? Foi a partir desses questionamentos que o artista visual recifense Max Motta criou as obras que compõem a exposição “A cara do Brasil”, em cartaz a partir das 14h do domingo (22) no Mia Café, no Bairro do Recife.

Em suas pinturas, cores, personagens, objetos, ruas e casas, o artista de 32 anos tece a ocupação de um espaço que historicamente não foi relegado aos corpos que, de fato, podem se dizer representantes do país. “É como se fosse a ocupação de um espaço que não nos foi oferecido”, definiu. 

Sem a pretensão de abarcar uma verdade absoluta sobre o que significa ser brasileiro, Max se propõe a resgatar registros de sua infância e adolescência no bairro de Torrões, subúrbio do Recife, onde começou a pintar, grafitar e criar arte. 

Tia Leninha, pai de Gil, Dona Fifi, Tio Cadinho, Crystal, menino do coco, entre tantos outros personagens, em sua maioria negros, oferecem aos espectadores a história de uma representação cotidiana, da conversa na porta de casa, do café na mesa, da brincadeira na rua, que tanto dizem sobre a vida daqueles que pouco se veem nas artes.

Em um ano simbólico onde a disputa política definirá os rumos da democracia e o campo das artes visuais comemora o centenário da Semana de Arte Moderna de 22, “A cara do Brasil” nos convida a refletir sobre nós mesmos e os outros por meio das telas, do couro e do barro.

A exposição já passou por Belo Horizonte (MG) e agora chega ao Recife contando em sua estreia com a participação dos DJs Camarones e Tampinha, além do poeta e cantor Miguel Marinho. O som promete ser repleto de referências à cultura pernambucana e, enquanto a música rolar, o artista preparou vídeos do processo de criação das obras, que serão projetados na parede do café.

No local, também haverá uma lojinha com produtos licenciados pelo artista, tais como cadernos, cangas, canecas, adesivos e imãs de geladeira. Além disso, o chef de cozinha Dinho vai preparar um prato e um drink especial para a data, disponível para os espectadores que forem ao local no domingo (22).

Além da vernissage, o artista também promete fazer duas oficinas sociais para ensinar técnicas de pintura acrílica nas semanas seguintes. Uma delas deve ser realizada com crianças de abrigos, totalmente gratuita, já a outra é voltada para jovens que desejam ter o primeiro contato com as artes visuais. Nesse caso, será cobrado um valor de R$ 70 e R$ 40 para a participação social. A oficina deve ser realizada no dia 4 de junho às 10h. As inscrições têm início no domingo (22).

Foto: Divulgação

QUEM É MAX MOTTA?

Artista visual, Max Motta nasceu no bairro de Torrões, na Zona Oeste do Recife, e hoje vive em Belo Horizonte (MG). Começou a desenhar com apenas quatro anos por influência do irmão mais velho. Aos 13 anos, já atuava profissionalmente, quando iniciou sua trajetória no grafite. Além de artista visual, Max é ilustrador e tatuador, carregando um traço que facilmente pode ser reconhecido pela reverência às expressões humanas que abusam dos tons terrosos vibrantes. 

Ativista da luta antirracista, costuma retratar a beleza e diversidade das peles negra e indígena e também o cotidiano de trabalhadores brasileiros. Tem trabalhos espalhados em muros, telas e barros no Recife e em Olinda, Belo Horizonte e São Paulo. 

SERVIÇO

Exposição A cara do Brasil, de Max Motta;

Abertura no domingo (22), às 14h;

Com DJs Camarones e Tampinha e Miguel Marinho;

Mia Café, na Rua do Apolo, 182 – Bairro do Recife.

Gratuito.