A boxeadora camaronesa Cindy Ngamba e o atleta sírio de taekwondo Yahya Al-Ghotany carregarão a bandeira olímpica em nome da Equipe Olímpica de Refugiados durante a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

A boxeadora Ngamba, que vive e treina no Reino Unido, é uma das duas atletas refugiadas com bolsa de estudo que fizeram história ao se qualificarem para os Jogos Olímpicos. Ela nasceu em Camarões e mudou-se para o Reino Unido aos 11 anos de idade. Ngamba encontrou uma segunda família com a equipe de boxe da Grã-Bretanha e é tricampeã nacional inglesa. Ela pretende celebrar sua participação em Paris com sua mãe e outros familiares que vivem na capital francesa.

“É uma honra para mim representar esta equipe especial e carregar a bandeira por milhões de refugiados ao redor do mundo. Estou muito grata ao Comitê Olímpico Internacional por esta oportunidade. Minha maior esperança é que, nos Jogos Olímpicos deste ano, possamos fazer as pessoas se levantarem e prestarem atenção sobre nossas realidades. Mostrar-lhes do que os refugiados são capazes, porque temos grandes ambições”.

Al-Ghotany, o primogênito de uma família de sete filhos, não teve escolha a não ser deixar a Síria com sua família para encontrar um lugar mais seguro quando a guerra eclodiu. Quando chegou ao campo de refugiados de Azraq, na Jordânia, ele começou a praticar taekwondo. Agora, ele treina duas vezes por dia como parte da Academia Azraq da Fundação Humanitária de Taekwondo (THF). Após apenas cinco anos praticando o esporte, ele alcançou o nível de faixa preta 2º dan.

“Significa muito para mim carregar esta bandeira especial para esta equipe única. Na Cerimônia de Abertura, pensarei em todos que me ajudaram na minha jornada – meus amigos, minha família – mas também nas mais de 120 milhões de pessoas ao redor do mundo que, assim como eu, tiveram que fugir de suas casas. Eu represento todos eles”.

A Equipe Olímpica de Refugiados é composta por 37 atletas de diferentes origens, vivendo em 15 países e competindo em 12 esportes diferentes. Aparecendo pela terceira vez consecutiva nos Jogos Olímpicos, a Equipe Olímpica de Refugiados para Paris 2024 é a maior até agora, refletindo o crescente número de refugiados globalmente. Em Paris, a Equipe representará mais de 100 milhões de pessoas deslocadas em todo o mundo, que foram forçadas a fugir de suas casas devido ao aumento constante de conflitos, guerras e perseguições.

Ambos os atletas se beneficiam de Bolsas de Estudo para Atletas Refugiados financiadas pela Solidariedade Olímpica. A Equipe Olímpica de Refugiados e o Programa de Apoio aos Atletas Refugiados são geridos pela Fundação Olímpica para Refugiados, que também apoia centenas de milhares de jovens afetados pelo deslocamento em comunidades ao redor do mundo através do esporte.

 

Como a Equipe Olímpica de Refugiados é selecionada

A composição da Equipe Olímpica de Refugiados para Paris 2024 foi baseada em vários critérios – primeiramente o desempenho esportivo de cada atleta. Os atletas da equipe são selecionados do programa de bolsas para atletas refugiados do Comitê Olímpico Internacional (COI).

O COI trabalha com os Comitês Olímpicos Nacionais anfitriões para identificar atletas refugiados que vivem em seus países e que podem ser elegíveis para apoio de bolsas. As bolsas são projetadas para ajudar os atletas refugiados a treinar não apenas com o objetivo de participar das Olimpíadas, mas também para desenvolver suas carreiras esportivas e construir seus futuros.

A Equipe Olímpica de Refugiados é escolhida pelo COI, enquanto as bolsas e a equipe são gerenciadas pela Fundação Olímpica para Refugiados, que foi estabelecida pelo COI para esse fim. O status de refugiado dos membros da equipe é verificado pelo ACNUR, que checa esse status com o governo do país anfitrião.

Além disso, a equipe representa a população global de pessoas deslocadas e, como tal, foi considerada uma representação de esporte e gênero, bem como a distribuição geográfica dos países de origem.

Para Paris 2024, os membros da Equipe Olímpica de Refugiados são acolhidos por 15 confederações nacionais: Áustria, Canadá, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Israel, Itália, Jordânia, Quênia, México, Holanda, Espanha, Suécia, Suíça e EUA.

Eles competirão em 12 esportes: atletismo, badminton, boxe, breaking, canoagem, ciclismo, judô, levantamento de peso, luta livre, natação, taekwondo e tiro.